Mais influente economista do mundo, Prêmio Nobel Paul Krugman defende estímulo do Estado para a ativação da economia, combinado com a abertura ao comércio exterior.
Por Arnaldo Comin
Intelectual de formação liberal e representante de destaque no Partido Democrata dentro do meio acadêmico dos Estados Unidos, Paul Krugman é considerado o mais influente economista da atualidade, sobretudo por seu corpo a corpo intenso nos meios de comunicação. Desde do ano 2000 ele é o principal colunista fixo do jornal The New York Times e acumula 4,5 milhões de seguidores de seus diversos posts diários no Twitter.
Para comentar sobre a cena econômica internacional e os desafios do Brasil sob o governo que tem início em 2019, Paul Krugman foi convidado para se apresentar no Jantar do Ano que será realizado em 12 dezembro de 2018 pelo Experience Club em São Paulo, com a presença de 350 CEOs e lideranças das maiores empresas do país junto com acompanhantes.
Nascido em 1953 em Nova York, Krugman possui formação acadêmica exemplar. É licenciado em economia pela Universidade de Yale, com PhD pelo Massachusetts Institute of Technology (MIT). Foi professor das duas universidades, lecionando depois também na Universidade de Stanford, até ingressar no corpo docente da Universidade de Princeton no ano 2000 e desde então é professor de Economia e Estudos Internacionais da Universidade Princeton.
A capacidade de transitar entre a linguagem acadêmica e coloquial para o público leigo lhe valeu notoriedade a partir do seu ativismo na mídia. Krugman é reconhecido como colaborador intenso em publicações de colegas e produtor prolífico. Tem mais de 200 artigos e 20 livros assinados, alguns de referência acadêmica importante. “International Economics: Theory and Policy” é considerado um livro indispensável para quem quer entender os fundamentos do comércio internacional.
Prêmio Nobel
A produção de estudos relevantes de comércio, com uma ajuda do reconhecimento dos formadores de opinião fora da academia, rendeu a Paul Krugman o Prêmio Nobel de Economia de 2008. A premiação ocorreu não muito tempo depois da publicação do livro “The Conscience of a Liberal”, até hoje seu maior best-seller, que veio a dar nome também à coluna do economista no “NYT”.
A Real Academia Sueca justificou a premiação pela série de artigos publicados por Paul Krugman que traça uma correção entre o padrão entre a produção em escala de bens industrializados e o perfil de comércio exterior dos países. A teoria mais aceita sobre escala produtiva contempla que os mercados mais competitivos são aqueles que concentram mais volume, podendo ser estimulados por mais competidores no mesmo segmento. Krugman comprovou que o perfil de comércio também influência a produtividade. Por isso, um país que produz e exporta muitos automóveis, mas que também importa muitos veículos para seu mercado interno, tem capacidade de competição fortalecida pela corrente de comércio.
Neokeynesianismo
Quem acha que, por seus conhecimentos profundos em comércio exterior, Paul Krugman é um defensor inconteste da globalização, está enganado. O economista é conhecido por suas opiniões fortes, nem sempre a favor da corrente. No início do século, foi crítico da bolha provocada pela chamada “Nova Economia” e a destruição de valor descontrolada sobre as indústrias tradicionais.
No campo teórico, Krugman é um dos principais representantes do neokeynesianismo, uma corrente de pensamento que combina a visão macroeconômica intervencionista de Estado do inglês John Maynard Keynes, com preceitos da economia liberal clássica personificada pelo escocês Adam Smith.
Para o Nobel americano, a maior parte das crises mais recentes do capitalismo se formaram pela insuficiência de demanda em comparação ao aumento intensivo da oferta. Desde a quebra do banco Lehman Brothers 2008, Krugman vem apontando para o que define como “The Great Recession”, defendendo a importância dos investimentos do Estado para reaquecer a economia. Um contraponto ao corte inflexível dos déficits públicos para reequilíbrio das finanças que, segundo ele, teriam retardado a recuperação econômica em muitos países afetados pela crise.
Como democrata, Paul Krugman vem criticando as últimas gestões republicanas, sobretudo pela forte desregulamentação do mercado financeiro que permitiu o estouro da bolha de derivativos tóxicos e que se alastrou dos Estados Unidos para o resto do mundo. Atualmente ele é um opositor ferrenho de Donald Trump em relação ao corte de impostos para as grandes empresas e também pelas sucessivas tentativas do presidente em descontruir o legado do antecessor Barack Obama em projetos de alcance social, como o sistema universal de saúde criado por ele, o Obamacare.
Um dos pontos que se destacam na crítica a Trump são os efeitos da guerra comercial deflagrada pelo presidente americano junto à China. Embora tenha obtido alguns ganhos em negociações bilaterais, como aconteceu com a nova composição do mercado comum dos EUA, Canadá e México, Krugman defende – assim como muitos economistas alinhados com o tradicional pensamento pró-mercado republicano – que as distorções dessa política de retaliações tarifárias terão impacto na indústria e na agricultura americanas mais adiante. Além disso, o isolamento político de Trump abre caminho para o avanço chinês não só na Ásia e mercados emergentes, mas até na relação comercial com a Europa.
Cenário brasileiro
Em uma das raras entrevistas concedidas à imprensa brasileira, para a Revista Exame em setembro de 2015, quando a recessão do segundo mandato de Dilma Rousseff se caminhava para o seu pico, Krugman traçou um panorama com aspectos positivos sobre os fundamentos da economia do país.
Apesar do estouro do déficit público, ele destacava que o Brasil mantinha um nível de endividamento razoavelmente controlado. O problema, por outro lado, é que a insistência por um modelo econômico muito fechado não ajudava a ativar a economia do país, mesmo com o colchão de segurança provido pela imensa exportação de commodities. No geral, Krugman classificou a crise brasileira como “gerenciável”.
Será interessante ouvir em primeira mão no Jantar do Ano do Experience Club no dia 12 de dezembro a opinião do Nobel de Economia sobre a evolução da crise nos últimos três anos e os desafios que o presidente eleito terá que enfrentar para recolocar o país na rota do crescimento.
Para mais informações patrocínio e aquisição de mesa exclusiva no Jantar do Ano, entre em contato pelo email comercial@experienceclub.com.br.
Para saber mais sobre notícias, fóruns e seminários dos Experience Club, clique aqui.
Leave A Reply