67% dos CEOs brasileiros já adotam agentes de IA

Monica Miglio Pedrosa
Depois da IA Generativa, os agentes de IA estão dominando as discussões na alta liderança das empresas. Um estudo global do Institute for Business Value, da IBM, aponta que 67% dos CEOs brasileiros estão adotando ativamente agentes de IA em suas organizações e se dizem preparados para implementá-los em larga escala. O índice de adoção no país é superior à média global, de 61%. O estudo anual da IBM entrevistou 2 mil CEOs de 33 países e 24 indústrias em todo o mundo, incluindo o Brasil.
A ascensão dos agentes de IA é uma das quatro mudanças estratégicas em curso no uso da tecnologia nas empresas. A migração dos modelos genéricos para modelos de IA especializados, a estratégia aberta e híbrida e o compromisso com a governança e a transparência como premissa para o uso em escala da tecnologia são as demais, de acordo com Marcelo Braga, presidente da IBM Brasil.
O executivo explicou, durante AI Forum Brasil 2025, evento realizado na manhã de hoje, em São Paulo, que a transição de modelos genéricos para modelos de IA especializados exige menos poder computacional, demanda menos tempo de treinamento, entrega resultados com maior precisão e apresenta menor risco de erros por alucinação. De acordo com o Gartner, até 2027, os modelos especializados representarão metade dos modelos de IA em produção nas empresas.
Agentes de IA facilitam o uso nas empresas
Os agentes de IA são sistemas que utilizam inteligência artificial para executar tarefas de maneira autônoma, por meio da coleta e uso de dados. Eles são capazes de interagir com o usuário por meio de interfaces conversacionais (LLM) e podem ser treinados para executar tarefas específicas. “Os agentes de IA integram diversos sistemas de forma mais simples do que a IA tradicional e demandam pouco ou nenhum conhecimento de código para isso”, explicou Braga.
Já a adoção de modelos abertos e híbridos oferece flexibilidade para que as empresas possam usar diferentes modelos de linguagem conforme as necessidades do negócio. Essa abordagem, chamada de “híbrida por design”, pode triplicar o retorno sobre investimento em cinco anos.
A quarta grande mudança está na urgência por governança e transparência, especialmente para adotar a tecnologia em escala na organização. Com múltiplos agentes de IA operando em diferentes áreas, as empresas precisam garantir controle, rastreabilidade e conformidade por meio de plataformas que assegurem estabilidade e escala. A governança torna-se, assim, além de uma demanda ética e regulatória, um imperativo do negócio.
Outra vantagem dos agentes de IA é a simplicidade de uso. “O front-end passa a ser o back-end. Ele executa funções de produtividade e eficiência operacional a partir de uma interface conversacional”, explicou Thiago Viola, Diretor de IA e Dados da IBM Brasil. Essa facilidade é o que permite o uso em escala em diversas áreas da organização. “O IBM watsonX Orchestrate tem mais de 150 agentes de IA pré-configurados para demandas específicas de RH, jurídico, vendas e de outras áreas”, afirmou. Viola destacou ainda que a plataforma permite a criação de novos agentes, além da orquestração e da governança do processo.
People first na adoção da IA
Para ampliar a utilização da IA nas empresas, no entanto, não basta investir apenas em tecnologia. É preciso capacitar as pessoas e, mais do que isso, reduzir o receio em relação à tecnologia. “45% dos colaboradores não se sentem preparados para trabalhar com AI. Mas, especialmente com os agentes de IA, a tecnologia será cada vez mais usada por todas as pessoas, não apenas por aquelas que atuam em TI”, afirmou Braga.
Esse, no entanto, é um caminho sem volta, já que 58% dos CEOs acreditam que a vantagem competitiva depende de quem tiver a IA generativa mais avançada. Isso ajuda a explicar porque 46% deles afirmam estar incentivando suas organizações a adotar a IA generativa em um ritmo mais acelerado do que algumas pessoas consideram confortável, o que aponta para a necessidade de desenvolver estratégias para aculturamento e engajamento das pessoas nesse processo.
5 mindshifts para ter clareza em tempos de mudança:
1) Faça da coragem o seu core
Implementar IA exige mais do que tecnologia, exige coragem para transformar processos, testar o novo e enfrentar a resistência à mudança.
2) Abrace a disrupção impulsionada pela IA
A próxima fronteira da transformação não está em melhorar o que já existe, mas em redesenhar operações com base na IA desde o início.
3) Cultive um ambiente de dados sólidos
Sem dados confiáveis e governança bem estruturada, a IA não se sustenta. Criar uma base robusta, com políticas claras sobre uso, viés e compliance, é vital, especialmente quando os agentes de IA ganham autonomia e operam em diferentes áreas da empresa.
4) Ignore o FOMO, concentre-se apenas no ROI
Os projetos mais bem-sucedidos são os que têm métricas definidas desde o início, com clareza sobre o impacto no negócio.
5) Pegue emprestado o talento que você não pode comprar
Capacitar equipes internas é essencial, mas pode não ser suficiente diante da velocidade da mudança. Em muitos casos, será preciso buscar conhecimento fora: contratar especialistas, formar parcerias e aproveitar talentos do ecossistema para acelerar a curva de aprendizado da organização.
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