Gestão

Hidden Potential: The science of achieving greater things

Hidden Potential

Autor: Adam Grant

Ideias centrais:

1- Potencial é uma questão de quão longe se é capaz de chegar. É preciso se concentrar menos nos pontos de partida e mais na distância percorrida.

2 – No percurso, é preciso ter coragem para procurar os tipos certos de desconforto, capacidade para absorver as informações e vontade de aceitar as imperfeições.

3 – Enfrentar situações desconfortáveis é uma atitude capaz de desbloquear muitos potenciais ocultos e diferentes tipos de aprendizagem. É uma habilidade de caráter considerada uma importante forma de determinação, capaz de acelerar o crescimento.

4 – Atuar como uma esponja é uma habilidade proativa e pró-social. Funciona para absorver nutrientes que ajudam a crescer e para liberar nutrientes que ajudam outras pessoas a crescer.

5 – Aceitar as próprias falhas é necessário para novatos e também para especialistas na busca para ganhar domínio. Quanto mais se cresce, melhor se sabe quais falhas são aceitáveis.

6 – Andaimes são estruturas de suporte temporárias que permitem escalar alturas que não conseguiríamos alcançar sozinhos. Ajudam-nos a construir a resiliência para superar obstáculos que ameaçam nos sobrecarregar e limitar o nosso crescimento

7 – A ideia de que devemos nos esforçar por longas horas de prática monótona para desenvolver nossas habilidades é errada. A melhor maneira de desbloquear o potencial oculto é combinar elementos de prática deliberada com jogos ou brincadeiras livres

8 – Durante o processo de busca pelo aprimoramento de habilidades, deve-se reabastecer a motivação sempre que necessário. Pequenas vitórias podem ajudar a manter a sensação de progresso.

9 – A ideia de ser subestimado é difícil de ser superada, mas aqueles que conseguem costumam encontrar motivação em pessoas que são importantes para eles

10 – A criação de oportunidades em grande escala exige que se construa sistemas melhores nas escolas, equipes e organizações.

11 – A inteligência coletiva de uma equipe aumenta à medida que os membros reconhecem os pontos fortes uns dos outros, desenvolvem estratégias para aproveitá-los e motivam-se mutuamente, para alinhar seus esforços na busca de um propósito comum.

12 – O sucesso é mais do que alcançar objetivos. É viver os próprios valores. Não há valor maior do que aspirar ser melhor amanhã do que somos hoje. Não há realização maior do que liberar nosso potencial oculto.

Sobre o autor: 

Com apenas 42 anos, o psicólogo organizacional Adam Grant é um dos especialistas mais respeitados na área de Recursos Humanos. Fala sobre como encontrar motivação e significado, repensar suposições e viver uma vida mais generosa e criativa. É autor de bestsellers, como Pense de Novo, Dar e Receber, Originais, entre outros.

Prólogo – Cultivando Rosas no Concreto

Todo mundo tem um potencial oculto. O livro fala sobre como desbloqueá-lo e, assim, alcançar grandes feitos. Existe uma crença amplamente difundida de que a grandeza nasce – não é feita. Isso nos leva a celebrar os alunos superdotados na escola, os atletas naturais no esporte e as crianças prodígios na música. Mas você não precisa ser um prodígio para realizar grandes coisas.

Pesquisas mostram que as diferenças estão mais baseadas na oportunidade e na motivação e não na capacidade natural das pessoas. Potencial não é uma questão de onde você começa, mas de quão longe você viaja. Precisamos nos concentrar menos nos pontos de partida e mais na distância percorrida.

Parte I – Habilidades de Caráter

Melhorando em melhorar

Caráter e personalidade costumam ser entendidos como uma coisa só, mas não são. Enquanto a personalidade é baseada nos seus instintos, na sua predisposição sobre como pensar, sentir e agir, o caráter é a capacidade de priorizar os próprios valores em detrimento dos instintos.

Se nossas habilidades cognitivas são o que nos separa dos animais, nossas habilidades de caráter são o que nos eleva em relação às máquinas. Entre as habilidades de caráter que mais importam estão a proatividade, a determinação e a disciplina. Viajar grandes distâncias exige coragem para procurar os tipos certos de desconforto, a capacidade de absorver as informações certas e a vontade de aceitar as imperfeições corretas.

1 – Criaturas de Desconforto – Abraçando a insuportável estranheza da aprendizagem

Ter coragem de enfrentar situações desconfortáveis é uma atitude capaz de desbloquear muitos potenciais ocultos e diferentes tipos de aprendizagem. É uma habilidade de caráter considerada uma importante forma de determinação, capaz de acelerar o crescimento.

É o que fazem pessoas que querem aprender uma língua nova já adultas, por exemplo. São necessários três tipos de coragem: abandonar métodos testados e comprovados, colocar-se no ringue antes de se sentir pronto e cometer mais erros do que os outros tentam.

Muitas vezes o aprendizado não consiste em encontrar o método certo para uma pessoa, mas, sim, encontrar o método certo para cada tarefa. É preciso usar o conhecimento à medida que ele é adquirido. 

Exemplo disso são os treinamentos para pilotos de avião que usam o efeito surpresa durante as aulas em voo, após treinamentos virtuais. Em certo momento, o instrutor pede para que o aluno pratique o estol [velocidade abaixo da qual o avião perde a sustentação, por não haver sucção em cima das asas e pressão embaixo]. Os pilotos aprendem a lidar com o desconforto intensificando-o e desenvolvem suas habilidades à medida que as utilizam.

Isso mostra que quando somos encorajados a cometer erros, acabamos cometendo menos. Os primeiros erros ajudam a lembrar a resposta correta e motivam para continuar o aprendizado. Isso significa que o desconforto inicial se converte em conforto quanto mais se pratica uma habilidade.

Se esperarmos até nos sentirmos prontos para assumir um novo desafio, talvez nunca consigamos concretizar tudo. Pode não chegar um dia em que acordemos e nos sintamos preparados. Ficamos prontos quando damos o salto seja como for.

2 – Esponjas Humanas – Construindo a capacidade de absorver e adaptar-se

Esponjas do mar são reconhecidas como os animais mais antigos da Terra. Entre suas muitas características interessantes está a capacidade de se regenerar. Elas têm células que permitem o desenvolvimento de uma nova esponja de acordo com as condições. Esta capacidade de absorver, filtrar e de se adaptar permite que as esponjas cresçam e prosperem. Isso também é muito importante para os humanos.

A melhoria não depende da quantidade de informação que você busca, mas da qualidade da informação que você absorve. O crescimento tem menos a ver com o quão duro você trabalha do que com o quão bem você aprende.

As habilidades cognitivas, por exemplo, são necessárias, mas não suficientes para a aprendizagem. A alfabetização básica torna possível aproveitar as habilidades de caráter de forma mais eficaz – para ser proativo no aprendizado cada vez mais rápido. A prosperidade aumenta à medida que as pessoas se tornam mais capazes de absorver novas ideias e filtrar as antigas.

A capacidade de absorver é a capacidade de reconhecer, valorizar, assimilar e aplicar novas informações, segundo o autor. Isso depende de dois hábitos. O primeiro é como você adquire informações: você reage ao que entra em seu campo de visão ou é proativo na busca de novos conhecimentos, habilidades e perspectivas? O segundo é o objetivo que você busca ao filtrar informações: você se concentra em alimentar seu ego ou em estimular seu crescimento?

O ideal é quando se é proativo e orientado para o crescimento. É quando as pessoas se tornam esponjas. Elas consistentemente tomam a iniciativa de se expandir e se adaptar. Essa habilidade de caráter é especialmente valiosa quando as cartas estão contra você.

Nesse momento, é possível pedir conselhos, ao invés de pedir feedback. Isso ajuda a melhorar a partir de contribuições construtivas. Treinadores em que se pode confiar, por exemplo, são aqueles que apresentam três características: cuidado, credibilidade e familiaridade.

Ser uma esponja não é apenas uma habilidade proativa – é uma habilidade pró-social. Feito da maneira certa, não se trata só de absorver nutrientes que nos ajudam a crescer. Trata-se também de liberar nutrientes para ajudar outras pessoas a crescer.

3 – Os Imperfeccionistas – Encontrando o ponto ideal entre o imperfeito e o perfeito

Proezas estéticas ou técnicas costumam ser associadas à busca de resultados impecáveis, mas estudos sobre os hábitos de profissionais como designers, dançarinos e mergulhadores mostram que o trabalho deles nem sempre está associado à perfeição. Tolerar falhas não é apenas algo que os novatos precisam fazer – é parte de se tornar um especialista e continuar a ganhar domínio. Quanto mais você cresce, melhor sabe quais falhas são aceitáveis.

O perfeccionismo na escola e na universidade não está sempre relacionado a bons resultados na vida profissional. Essa atitude pode, inclusive, atrapalhar. Isso ocorre quando a pessoa fica obcecada por detalhes, evita situações que não sejam familiares e tarefas que podem levar a falhas e, por último, repreende-se quando comete erros, o que torna mais difícil aprender a partir deles.

Viajar grandes distâncias depende do reconhecimento de que a perfeição é uma miragem – e de aprender a tolerar as imperfeições certas. Esse é o exemplo do arquiteto japonês Tadao Ando, que tem o concreto aparente como visual característico de suas obras. Há imperfeições visíveis em todas as paredes. Você pode ver linhas nas junções e buracos que são parcialmente preenchidos com argamassa.

O crescimento vem de padrões pessoais elevados e não da busca pela perfeição, segundo pesquisas. Ao longo de centenas de experiências, pessoas que são encorajadas a dar o seu melhor têm um desempenho pior – e aprendem menos – do que aquelas que são aleatoriamente designadas para objetivos específicos e difíceis.

Além disso, é preciso agradar primeiro a si mesmo, depois aos outros. Lembrando que é impossível agradar a todos. A questão é se você está decepcionando as pessoas certas. É melhor decepcionar os outros do que a si mesmo.

Parte II – Estruturas para a Motivação

Andaimes para superar obstáculos

Obstáculos são inevitáveis no caminho para qualquer objetivo. Há o tédio e o esgotamento da rotina diária, o desânimo causado pela estagnação. Isso leva a questionamentos internos e à dificuldade para avançar. Andaimes funcionam como uma estrutura de suporte temporária que nos permite escalar alturas que não conseguiríamos alcançar sozinhos. Ajudam-nos a construir a resiliência para superar obstáculos que ameaçam nos sobrecarregar e limitar o nosso crescimento.

Há quatro ideias chave sobre a prática de criar andaimes:

  1. Eles geralmente vêm de outras pessoas;
  2. São feitos sob medida para o obstáculo no seu caminho;
  3. Chegam em um momento crucial;
  4. São temporários.

4 – Transformando a Rotina Diária – Infundindo paixão na prática

A ideia de que devemos nos esforçar por longas horas de prática monótona para desenvolver nossas habilidades é errada. A melhor maneira de desbloquear o potencial oculto é outra. É transformar a rotina diária em fonte de alegria diária. Não é por acaso que na música o termo para prática (em inglês) é brincar.

O excesso de prática deliberada pode levar ao burnout ou ao “boreout” (aborrecimento emocional), quando se é subestimulado. Ao contrário disso, o jogo ou brincadeira deliberada é uma atividade projetada para tornar o desenvolvimento de habilidades agradável. Combina elementos de prática deliberada e jogo livre.

A atividade é estruturada para o aprendizado e o domínio junto com a recreação, dividindo tarefas complexas em partes mais simples para aprimorar habilidades específicas. Envolve a introdução de novidade e variedade. Pode usar diferentes maneiras de aprender, novas ferramentas, metas e interações. Pode assumir a forma de um jogo, encenação ou exercício de improvisação.

Esse tipo de trabalho é muito usado nos esportes. O jogo deliberado é particularmente valioso para transformar a rotina dos treinos de verão. Quando há vários jogos por semana, muitos atletas têm pouca dificuldade em se manter motivados.

As pausas fazem parte do trabalho, trazendo três benefícios principais:

  1. O tempo longe da prática ajuda a sustentar uma paixão harmoniosa;
  2. Desbloqueiam novas ideias;
  3. Aprofundam o aprendizado.

Relaxar não é perda de tempo, é um investimento no bem-estar. Pausas não são uma distração, são uma oportunidade para redefinir a atenção e incubar ideias. Brincar não é uma atividade frívola, é uma fonte de alegria e um caminho para o domínio.

5 – Desbloqueio – O caminho indireto para avançar

A sensação de ficar preso quando se quer aprimorar habilidades é uma das mais frustrantes. É como se você tivesse atingido o limite superior de suas capacidades físicas e mentais. A impressão que se tem é que o crescimento estagnado é o início do declínio.

No entanto, esse pode ser um sinal de que você precisa buscar uma nova rota. Ganhar impulso muitas vezes envolve recuar e navegar por uma estrada diferente – mesmo que não seja aquela que você pretendia percorrer inicialmente. Pode ser desconhecido, sinuoso e acidentado.

Neste momento, é preciso aceitar o desconforto de se sentir perdido. Não existe um mapa, mostrando para onde ir. É necessário, apenas, ter uma bússola para saber se você está na direção correta. Quando se está aprendendo uma nova habilidade, por exemplo, isso pode ser encontrado em um livro, na internet ou em uma conversa.

Os guias podem ser importantes. Quanto mais incerto o caminho e mais alto o pico, maior será a variedade de guias necessários. O desafio é juntar as várias dicas em um caminho que funcione para você. Eles podem dar dicas sobre encruzilhadas que enfrentaram, habilidades que aprenderam, conselhos que seguiram e mudanças que fizeram.

Durante o processo, deve-se buscar reabastecer sua motivação sempre que necessário. Pequenas vitórias podem ajudar a manter a sensação de progresso. Quando você avança, mesmo que tenha saído da estrada principal, isso o lembra de que o movimento para frente é possível. Em vez de se sentir intimidado pelo longo caminho que tem pela frente, está pronto para fazer a próxima curva.

6 – Desafiando a Gravidade – A arte de voar

Tarefas difíceis exigem competência e confiança. Extensas evidências mostram que, quando encaramos os obstáculos como ameaças, tendemos a recuar e desistir. Quando tratamos as barreiras como desafios a vencer, estamos à altura da situação. Ver os obstáculos como desafios depende, em parte, de ter uma mentalidade construtiva – acreditar na sua capacidade de melhorar.

Para aumentar a chance de crescimento, é preciso se unir a outras pessoas. Evidências consideráveis mostram que estudar em grupo é bom para o aprendizado. Outro método comprovado para aprender mais é ensinar.

Ensinar outras pessoas pode aumentar nossa competência. Mas treinar outras pessoas eleva nossa confiança. Quando encorajamos outras pessoas a superarem obstáculos, isso pode nos ajudar a encontrar nossa própria motivação.

Unir-se com colegas para trabalhar em grupo – ajudando uns aos outros para superar barreiras e preconceitos – foi o que fizeram os primeiros oficiais negros da Marinha dos Estados Unidos, treinados durante a Segunda Guerra Mundial. Eles ficaram conhecidos como “The Golden Thirteen”.

Quando outras pessoas não acreditam nas suas habilidades, isso pode prender suas botas no chão ou fazer você correr para outra direção. Ser desrespeitado representa uma barreira específica ao crescimento e requer um tipo específico de andaime para ser superado.

A ideia de ser subestimado é difícil de ser superada, mas aqueles que conseguem costumam encontrar motivação naqueles que são importantes para eles.

É possível enfrentar obstáculos sozinho. No entanto, alcançamos as maiores alturas quando prendemos nossas botas às de outras pessoas. Se vários apoiadores confiáveis acreditam em nós, provavelmente é hora de confiar neles. Se os pessimistas ignorantes não acreditam em nós, talvez seja hora de provar que estão errados. E quando nossa fé vacila, vale a pena lembrar pelo que lutamos.

Parte III – Sistemas de Oportunidade

Abrindo Portas e Janelas

Até aqui, sabemos que as habilidades de caráter e a estrutura são capazes de nos ajudar a desbloquear nosso potencial oculto e o de outras pessoas. No entanto, é preciso algo maior para incluir mais gente neste grupo. Criar oportunidades em maior escala exige que construamos sistemas melhores em nossas escolas, equipes e organizações.

Para isso, é preciso que os sistemas organizacionais nas empresas reconheçam que boas ideias podem vir também de baixo para cima. Nas escolas, deve-se dar às crianças que começam com dificuldades a chance de progredir. Em vez de apenas procurarmos gênios onde esperamos encontrá-los, podemos alcançar o maior potencial da humanidade cultivando a genialidade em todos.

7 – Toda Criança Avança – Projetando escolas para trazer à tona o que há de melhor nos alunos

O progresso das gerações futuras depende da qualidade dos atuais sistemas educativos. Com isso, países que se destacam em avaliações internacionais tornam-se faróis para outros. É o caso da Finlândia. A cultura criada pelo país na área da educação é algo que pode ser exportado. Eles acreditam no potencial de todos os alunos. Em vez de destacar os melhores e mais brilhantes, as escolas finlandesas são concebidas para dar a cada aluno a oportunidade de crescer.

A cultura tem três elementos na psicologia organizacional: práticas, valores e pressupostos subjacentes. As práticas são as rotinas diárias que refletem e reforçam os valores. Os valores são os princípios partilhados em torno do que é importante e desejável – o que deve ser recompensado versus o que deve ser punido. Os pressupostos adjacentes são crenças profundamente arraigadas, muitas vezes tidas como certas, sobre como o mundo funciona. Nossas suposições moldam nossos valores, que por sua vez orientam nossas práticas.

Por isso, na Finlândia, as escolas focam no desenvolvimento dos interesses individuais de cada aluno, não apenas na promoção de seu sucesso. Os professores têm autonomia para usar os próprios julgamentos para ajudar os estudantes a crescerem. Além disso, passam mais de seis anos na mesma turma. As relações são individualizadas, assim como o apoio.  

A escola tem uma equipe de suporte que inclui psicólogo, assistente social, enfermeira, professor de educação especial, além do diretor, que acompanha o trabalho de todos de perto. Este sistema de apoio é como uma rede de segurança social para os estudantes. Na maioria dos casos, é uma alternativa para reter os alunos quando eles estão com dificuldades. O acesso a aulas gratuitas lhes dá a oportunidade de melhorar sem desviarem do caminho.

8 – Mineração de Ouro – Desvendando a inteligência coletiva em equipes

A equipe que trabalhou no resgate de 33 mineiros soterrados em 2010 no Chile é um ótimo exemplo de como grupos são capazes de viajar grandes distâncias juntos. Foram 69 dias de atuação intensa até o salvamento. Em vez de apenas depender de um grupo exclusivo de especialistas estabelecidos, os líderes do resgate construíram um sistema para trazer à tona um conjunto mais amplo e profundo de ideias e inteligência.

Eles apostaram em práticas de liderança, processos de equipe e sistemas que aproveitam as capacidades e contribuições de todos os seus membros. Foi desta forma que aceitaram colocar em prática a ideia de um engenheiro jovem que sugeriu a abertura de um poço alternativo para tentar o resgate dos mineiros.

Esse é o melhor tipo de equipe, aquele em que pessoas se destacam quando colaboram com outras. A inteligência coletiva aumenta à medida que os membros da equipe reconhecem os pontos fortes uns dos outros, desenvolvem estratégias para aproveitá-los e motivam-se mutuamente para alinhar seus esforços na busca de um propósito comum. Liberar o potencial oculto envolve mais do que ter as melhores peças – trata-se de ter a melhor cola.

Os líderes têm um importante papel nessas situações. Eles devem ser capazes de elevar as discussões para a evolução do trabalho, colocando a missão acima do ego e a coesão acima da glória pessoal. A ideia de que os líderes devem ser pessoas dominadoras e assertivas é errada. Com um time de esponjas, o melhor líder não é aquele que mais fala, mas aquele que melhor escuta.

9 – Diamantes Brutos – Descobrindo joias brutas em entrevistas de emprego e em admissões em faculdades

Há poucas coisas mais importantes na vida do que o julgamento que os outros fazem de nós. Entrevista de emprego e admissões em faculdades são uma espécie de previsão do sucesso futuro. Elas podem se tornar portas de entrada para oportunidades. Se a porta se abre ou se fecha, depende da balança de suas avaliações.

Julgar as pessoas apenas pela altura que já alcançaram é um erro. É preciso considerar também quão íngreme foi o caminho escalado. Quando confundimos desempenho passado com potencial futuro, perdemos pessoas cujas conquistas envolvem superação de grandes obstáculos. Isso destrói sonhos e leva à perda das contribuições que aqueles deixados de lado poderiam ter feito.

Muitos grupos de pessoas são limitados por amarras culturais e estruturais. Isso deve ser encarado de frente, com a busca por formas sistemáticas de abrir as portas para eles. O principal indicador do potencial não é a gravidade da adversidade que as pessoas enfrentam – mas a forma como reagem a elas. Isso é o que um bom sistema de seleção avaliaria.

José Hernandez é um bom exemplo de superação de dificuldades na busca por um objetivo. De família mexicana, trabalhou em campos de morangos enquanto estudava e se formava com o sonho de se tornar astronauta. Passou 15 anos tentando, até que foi aceito pela NASA. Aos 47 anos, passou duas semanas no espaço em 2009. Ele foi a exceção, mas deveria ser a regra.

Quando avaliamos as pessoas, não há nada mais gratificante do que encontrar um diamante bruto. Nosso trabalho não é aplicar a pressão que realça seu brilho. É garantir que não negligenciamos aqueles que já enfrentaram essa pressão – e reconhecermos seu potencial para brilhar.

Epílogo

O autor conta que foi aceito por Harvard mesmo sem acreditar que seria capaz. Ele questionou seu entrevistador sobre o motivo de tê-lo considerado bom o suficiente para conseguir uma vaga na universidade. Descobriu que foi sua iniciativa de aprender sozinho a fazer truques de mágica e a coragem que demonstrou ao fazer uma apresentação improvisada para ele.

Ao compartilhar o que se destacou na minha entrevista, John me deu um curso intensivo sobre a importância das habilidades de caráter. Meu sucesso não dependeria da minha habilidade inicial. Dependeria da minha capacidade e motivação para aprender.

Para Adam Grant, o sucesso é mais do que alcançar objetivos. É viver nossos valores. Não há valor maior do que aspirar ser melhor amanhã do que somos hoje. Não há realização maior do que liberar nosso potencial oculto.

Hidden Potential - Ficha Técnica

Ficha técnica:

Título original: Hidden Potential: The science of achieving greater things [ainda sem edição em português]

Autor: Adam Grant

Editora: Viking – Penguin Random House

Resumo: Fernanda Nogueira

Edição: Monica Miglio Pedrosa

  • Aumentar texto Aumentar
  • Diminuir texto Diminuir
  • Compartilhar Compartilhar