Tecnologia

Empresas brasileiras perdem, em média, R$ 7,19 milhões por violação de dados

Fernando Carbone, Sócio de Serviços de Segurança da IBM Consulting na América Latina

O impacto financeiro de uma violação de dados em empresas brasileiras atingiu, em 2025, a média de R$ 7,19 milhões por incidente. O valor representa um aumento de 6,5% em relação ao ano anterior e reforça os desafios enfrentados por empresas diante das ameaças cibernéticas cada vez mais sofisticadas globalmente.

É o que mostra o relatório “Cost of a Data Breach” (CODB), divulgado anualmente pela IBM, que neste ano também passou a analisar o papel da governança em inteligência artificial na redução dos custos de violação. Os setores de Saúde, Finanças e Serviços lideraram a lista dos mais impactados, com perdas médias de R$ 11,43 milhões, R$ 8,92 milhões e R$ 8,51 milhões, respectivamente.

O relatório também revelou que empresas que implementaram recursos de automação e IA registraram custos até 26% menores em comparação com aquelas que não utilizam essas tecnologias, com custos médios por violação de R$ 6,76 milhões. Já empresas que ainda não utilizam essas tecnologias tiveram custo médio de R$ 8,78 milhões, o que aponta para as vantagens da inteligência artificial no fortalecimento da segurança cibernética.

Nosso estudo mostra que já existe uma lacuna preocupante entre a rápida adoção da IA e a falta de governança e segurança adequadas, e agentes mal-intencionados estão explorando esse vácuo.”

Cost of a Data Breach” analisou, ainda, os fatores que podem reduzir os impactos financeiros de uma violação de dados. Entre as iniciativas mais eficazes, estão a implementação de inteligência de ameaças e o uso de tecnologia de governança de IA, capazes de reduzir os custos médios por incidente em mais de R$ 600 mil.

Ainda assim, a maioria das organizações ainda não explora essas soluções: 87% das empresas brasileiras ouvidas no estudo afirmaram não ter políticas de governança de IA em vigor, e 61% operam sem qualquer controle de acesso aos seus sistemas baseados em inteligência artificial.

“A ausência de controles de acesso em modelos de IA expôs dados sensíveis e aumentou a vulnerabilidade das organizações. Empresas que subestimam esses riscos não estão apenas colocando informações críticas em risco, mas também comprometendo a confiança em toda a operação”, explica Fernando Carbone, Sócio de Serviços de Segurança da IBM Consulting na América Latina.

O estudo também identificou as causas iniciais mais frequentes de violações de dados no país. O phishing se manteve como o método mais recorrente, responsável por 18% dos casos, com um custo médio de R$ 7,18 milhões por incidente. Em seguida, aparecem o comprometimento de terceiros e da cadeia de suprimentos (15%), com impacto médio de R$ 8,98 milhões, e a exploração de vulnerabilidades conhecidas (13%), com média de R$ 7,61 milhões. Outros fatores relevantes incluem credenciais comprometidas, erros humanos e ações de agentes internos mal-intencionados.

Cenário internacional

No panorama internacional, o relatório mostra que o custo médio global de uma violação de dados caiu pela primeira vez em cinco anos, alcançando US$ 4,44 milhões. Nos Estados Unidos, entretanto, o cenário é inverso: o valor chegou ao recorde de US$ 10,22 milhões por incidente, consolidando o país como o mais afetado financeiramente por ataques cibernéticos.

No setor de saúde, os prejuízos continuam sendo os mais elevados globalmente, com média de US$ 7,42 milhões, ainda que tenham recuado em relação a 2024. A área também registra o maior tempo de resposta, com uma média de 279 dias para identificar e conter uma violação, mais de cinco semanas acima da média global.

O relatório revela ainda que a inteligência artificial tem sido amplamente explorada por cibercriminosos: 16% das violações analisadas envolveram o uso de ferramentas de IA por hackers, principalmente em golpes de phishing e deepfake. Além disso, uma em cada cinco organizações foi alvo de violações relacionadas à shadow AI, com custos até US$ 670 mil mais altos que empresas com baixo ou nenhum uso não autorizado dessas tecnologias. Nessas ocorrências, a exposição de dados sensíveis também foi superior à média: 65% dos casos envolveram comprometimento de informações pessoais, e 40% incluíram propriedade intelectual.

O relatório completo “Cost of a Data Breach”, da IBM, pode ser acessado aqui.

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