Tecnologia

Quem é o jovem bilionário que lidera a estratégia de IA da Meta?

Alexandr Wang, Chief AI Officer da Meta

Um jovem prodígio da matemática, nascido no Novo México (EUA) e filho de imigrantes chineses, está à frente de um dos projetos mais ambiciosos da Meta, com a missão de liderar a corrida global pela AGI – Inteligência Artificial Geral. Para atrair Alexandr Wang, depois da recusa de Mira Murati, a mente por trás da criação do ChatGPT, o CEO da Meta, Mark Zuckerberg, investiu US$ 14,3 bilhões em sua startup, adquirindo 49% da Scale AI, e o nomeou Chief AI Officer, responsável pelo Meta Superintelligence Labs.

Com apenas 28 anos, Wang transita com naturalidade pelo Vale do Silício e integra a nova geração de líderes da era da inteligência artificial. Em 2016, quando tinha apenas 19 anos, cofundou a Scale AI com Lucy Guo. Desde sua criação, a empresa já recebeu dez rodadas de investimento de gigantes como NVIDIA, Accel e Tiger Global Management. Antes do aporte bilionário da Meta, em junho deste ano, a Scale AI havia captado US$ 1 bilhão em uma rodada liderada pela Accel, que reuniu 23 investidores em maio de 2024.

Filho de dois físicos que trabalharam em projetos do Departamento de Defesa dos Estados Unidos, Wang cresceu cercado por cálculos e algoritmos, ambiente que estimulou seu interesse por matemática e programação. Aos 12 anos, já participava de competições nacionais de matemática e codificação, e aos 17 tornou-se tech lead na plataforma de perguntas e respostas Quora, onde permaneceu por dois anos e conheceu Lucy Guo, sua futura sócia na Scale AI.

Deixou o MIT para ser bilionário com a Scale AI

Wang ingressou no prestigiado MIT (Massachussets Institute of Technology) com a intenção de concluir um bacharelado em Matemática e Ciência da Computação, com foco em machine learning, mas abandonou o curso para se dedicar integralmente à Scale AI. Sua visão era simples, mas ousada: ajudar empresas a transformar grandes volumes de dados em informações estruturadas capazes de gerar inteligência para os negócios. Essa proposta se tornaria a base do crescimento exponencial da Scale AI, abrindo caminho para o posto que ele ocupa hoje no comando da estratégia global de IA da Meta.

“A ambição molda a realidade”, um dos valores da Scale AI, foi criado por Wang. Segundo reportagem da Time Magazine, essa ambição implacável foi perseguida a qualquer custo, inclusive enfrentando atrasos nos pagamentos dos mais de 240 mil trabalhadores contratados pela empresa. Esse foco exclusivo em crescimento foi também um dos motivos da saída de Lucy Guo da companhia em 2018.

Na visão de Wang, a Scale AI foi a primeira empresa a tratar os dados como um “problema de primeira classe, que deve ser tratado com o respeito que merece”. Ele defende que dados, computação e algoritmos são os três pilares do progresso da IA e que o gargalo está justamente na qualidade e na curadoria dos dados.

O jovem executivo se define como um líder focado, atento aos detalhes e obcecado pelo trabalho. Ele descreve a liderança como uma “disciplina multifacetada”, que vai da capacidade de executar as tarefas certas até o desafio mais importante, o de construir uma cultura corporativa sólida. “É preciso incutir nas equipes uma sensação constante de urgência para resolver os problemas críticos”, acredita. Ao mesmo tempo, valoriza o desenvolvimento de um ambiente em que as pessoas possam fazer o “melhor trabalho de suas vidas, aprendendo e crescendo continuamente”.

Mundo agêntico

Sua visão sobre o futuro da tecnologia aponta para uma transformação profunda da sociedade. Wang acredita no surgimento de um “mundo agêntico”, em que empresas e governos realizarão grande parte de suas atividades com o apoio de agentes autônomos de inteligência artificial. “A transição será tudo, menos trivial”.

Para ele, a sociedade precisará encontrar formas de reduzir os impactos dessa automação crescente, embora veja espaço para a colaboração entre humanos e máquinas, especialmente em funções ligadas ao trabalho com dados, que, segundo ele, continuarão a ser essenciais e precisam ser executadas por humanos. “À medida que a IA é aplicada em cada vez mais áreas da economia, aparecerão novas deficiências nos modelos e portanto contínua necessidade de melhorá-los”, acredita.

Desde que assumiu o cargo de Chief AI Officer da Meta, no final de junho, Wang vem imprimindo seu estilo direto e orientado a resultados. Em um memorando interno ao qual a Bloomberg teve acesso, destacou que “a empresa precisava de um foco mais preciso para trabalhar em direção à visão de longo prazo da companhia”.

Como parte dessa reestruturação, dividiu a equipe em quatro grupos distintos, organizando-os em torno de áreas-chave para dominar a superinteligência: pesquisa, produto e infraestrutura. O movimento marca o início de uma nova fase para a Meta e torna Wang um dos principais líderes da corrida global pela Inteligência Artificial Geral.

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