Conheça Lucy Guo, a mais jovem bilionária self-made do universo de IA

Ela trabalha na escala 996, uma jornada de 12 horas diárias, das 9h da manhã às 9 horas da noite, 6 dias por semana, e começa seu dia às 5h30, para encaixar duas sessões seguidas de treino físico antes de iniciar o expediente. A diferença é que Lucy Guo não é uma empreendedora iniciante que segue o mantra do trabalho intenso exaltado no Vale do Silício. Ela é simplesmente a mais jovem bilionária que construiu sozinha sua fortuna do zero, ao cofundar a Scale AI, startup de inteligência artificial em parceria com Alexandr Wang, hoje Chief AI Officer da Meta Superintelligence Labs (leia reportagem sobre Wang aqui).
A façanha fez Lucy desbancar Taylor Swift do posto de mulher mais jovem a atingir o status de bilionária não-herdeira, título que a cantora mantinha desde 2023, quando seu patrimônio foi estimado em US$ 1,1 bilhão. Com o investimento de US$ 14,3 bilhões da Meta na Scale AI, em junho deste ano, e uma participação de cerca de 5% na empresa, o patrimônio de Guo tem valor estimado em US$ 1,2 bilhão.
Filha de imigrantes chineses engenheiros elétricos, a executiva foi criada na Califórnia e estudou Ciência da Computação na Universidade Carnegie Mellon. Seu interesse por tecnologia começou cedo: na adolescência, desenvolvia bots para jogos online e vendia ativos do jogo para lucrar. Ao conseguir uma bolsa da Thiel Fellowship, programa criado pelo bilionário Peter Thiel para incentivar jovens empreendedores a construírem seus próprios negócios, ela abandonou a universidade, não concluindo sua graduação.
Antes de fundar sua primeira startup, Lucy fez um breve estágio de quatro meses no Facebook (atual Meta) e trabalhou como designer de produto no Snapchat e na Quora, onde conheceu Wang. Em 2016, os dois cofundaram a Scale AI, que ajuda empresas com o rotulamento de dados, treinando algoritmos para trazer inteligência para os negócios.
Saída é marcada por divergências com Wang
Na Scale, Guo comandava as áreas de operações e design de produto, mas deixou a companhia dois anos depois, devido à divergências com o sócio sobre as prioridades do negócio, já que Wang focava exclusivamente em acelerar o crescimento do negócio, mesmo que isso significasse atrasos nos pagamentos dos milhares de trabalhadores terceirizados contratados pela empresa.
Após sua saída, fundou a Backend Capital, fundo de venture capital voltado a startups em estágio inicial. Entre as investidas de maior destaque está a Ramp, empresa de software financeiro avaliada em US$ 13 bilhões.
Em 2022, fundou e assumiu como CEO da Passes, plataforma similar à OnlyFans, que permite que criadores de conteúdo, influenciadores e personalidades monetizem produtos diretamente com seus seguidores. Segundo a Crunchbase, a Passes já levantou US$ 49 milhões em duas rodadas de investimento, sendo a mais recente no início de 2024, quando captou US$ 40 milhões em uma Série A liderada pela Bond Capital.
Em março de 2025 a Passes foi alvo de um processo judicial nos Estados Unidos, que acusa a plataforma de ter permitido a distribuição de conteúdo classificado como CSAM (Child Sexual Abuse Material – material que contém abuso sexual infantil). A ação, movida pela criadora Alice Rosenblum, alega que a empresa comercializou conteúdo explícito dela quando ainda era menor de idade. A companhia nega as acusações, afirmando que usa sistemas automatizados de moderação e ferramentas como o Microsoft PhotoDNA, capazes de identificar e reportar conteúdos impróprios, e que até o momento nenhuma ocorrência foi detectada na plataforma.
Convidada para um painel do SXSW London 2025, que fez um exercício futurista sobre como será viver em 2050, Lucy Guo defendeu a ideia de que a inteligência artificial será o copiloto das nossas vidas. Para ela, os empregos passarão por uma remodelação, mas sempre haverá espaço para a ação humana: “Precisaremos de pessoas para gerenciar a IA, seja fazendo a curadoria dos dados, seja se responsabilizando pela ética no uso da tecnologia”, acredita. Guo também acredita que cada vez mais as pessoas viverão afastadas dos grandes centros, que serão dominados por veículos autônomos e robôs. “Nos Estados Unidos, tememos a IA, mas na China a tecnologia é vista como motor de prosperidade”, provocou.
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