Cinco tendências de tecnologia e negócios para investir em 2026

Marcelo Braga*
Com 2025 chegando ao fim, algo começa a ficar mais claro para 2026: a volatilidade que estamos vivendo exige agilidade para mudar, transformar e acelerar. A velocidade e a dinâmica do mercado têm exigido cada vez mais um olhar apurado para termos mais resiliência e insights precisos. Está chegando o momento de darmos mais um salto de inovação, nos posicionarmos como game changers, seja nas atitudes ou no uso da tecnologia.
Em meio a tantas projeções, não é preciso fazer um exercício de futurologia para entender que a IA se tornou essencial nos negócios, ressignificando as decisões, ajustando estratégias e expectativas em um ritmo que poucos poderiam imaginar há um ano ou dois anos. O fato é que a IA já é um instrumento que está reescrevendo as narrativas dos negócios, da sociedade e abrindo novos futuros. Não por acaso, a IDC projeta para o ano que vem na América Latina um crescimento do mercado de TI corporativo de 12,5% à medida que as organizações se preparam para a IA: o horizonte define atingir US$ 104,6 bilhões, com o Brasil representando 12% deste montante.
Mas o que realmente vem pela frente? No relatório que acabamos de publicar, Cinco Tendências para 2026, o IBM Institute for Business Value identifica forças que irão redefinir a vantagem competitiva no próximo ano. Uma mensagem se destaca claramente em todas elas: o futuro pertence às organizações que conseguem se adaptar rapidamente. As tendências que mais se destacaram no estudo e vale a pena ficar de olho são:
1) Volatilidade como ativo estratégico
A diferença entre histórias de sucesso e fracasso está na capacidade de tomar decisões rápidas e fundamentadas, alimentadas por inteligência artificial autônoma que reorienta recursos e responde a mudanças de mercado em tempo real. Não se trata de reação, mas de antecipação e adaptação contínua.
Mais de 70% dos executivos entrevistados acreditam que a volatilidade apresenta novas oportunidades para suas organizações. As incertezas econômicas, geopolíticas e tecnológicas deixaram de ser riscos a temer para se tornarem ativos estratégicos, quando aproveitadas com inteligência.
2) A força de trabalho quer mais automação
Diferentemente do que muitos previam, os colaboradores não rejeitam a inteligência artificial; pelo contrário, querem mais. Independentemente da geração, o que surge é uma colaboração intensa entre humanos e agentes. As pessoas pedem mais automação para se livrar das tarefas repetitivas e focar no que traz valor estratégico e criativo.
As empresas precisam fazer mais que implementar inteligência artificial. Precisam investir em capacitação acelerada, desenvolvendo em suas equipes, as competências que a tecnologia não substitui, tais como julgamento crítico, pensamento inovador e capacidade de lidar com ambiguidade.
3) A transparência é o novo ativo de mercado
A terceira tendência apontada no estudo mostra que as empresas também enfrentarão o rigor dos consumidores na transparência do uso da inteligência artificial. Os clientes estabeleceram novas regras do jogo, não aceitando mais uma tecnologia que funcione como uma caixa-preta. Querem transparência, controle sobre seus dados e conversas honestas sobre como suas informações são usadas.
A confiança virou o principal ativo de mercado, e marcas que comunicarem seu propósito e operação com honestidade ganharão fãs e defensores, enquanto outras que não aderirem a essa prática, perderão terreno rapidamente. O consumidor do futuro quer construir soluções junto com as empresas, não ser tratado como objeto de experimentação.
4) Soberania tecnológica como vantagem competitiva
Em um mundo marcado por conflitos regulatórios e limitações no acesso a tecnologias críticas como semicondutores, para citar uma, organizações que garantirem controle e governança locais de seus sistemas, dados e infraestrutura terão vantagem decisiva.
Isso inclui desde data centers nacionais, até modelos treinados em idiomas regionais, minimizando riscos diante de crises e assegurando continuidade operacional. Essa estratégia de orquestração é o alicerce para que a inovação não trave diante das complexidades geopolíticas.
5) A vantagem quântica está mais perto do que parece
Por fim, a chamada “vantagem quântica” desponta como o próximo salto na capacidade computacional. Organizações prontas para a computação quântica são três vezes mais propensas a integrar múltiplos ecossistemas de inovação, potencializando velocidade e qualidade dos avanços.
É fundamental que o Brasil e suas empresas se preparem para participar desse universo colaborativo, compartilhando dados, competências e recursos para alcançar descobertas disruptivas. A vantagem quântica não será da empresa isolada, mas do ecossistema conectado e aberto à inovação conjunta.
Olhando para 2026, a evolução da transformação digital transcende tecnologia: é uma revolução cultural, organizacional e ética. A inteligência artificial não é opcional; ela cada vez mais redefine padrões de produtividade e inovação, ampliando resultados exponencialmente.
Para os líderes brasileiros, o desafio é abraçar essa mudança estruturante com agilidade e compromisso, promovendo o alinhamento entre tecnologia, pessoas e propósito. Só assim teremos novas histórias de sucesso para contar em um futuro em que a tecnologia é usada de forma transformadora, responsável e inclusiva.
*Marcelo Braga, CEO da IBM Brasil, é um dos principais executivos de tecnologia do país. Entusiasta por tecnologia e vanguardista em inteligência artificial e nuvem, o executivo tem atuado junto a clientes de diversos setores nas diferentes ondas de modernização do mercado brasileiro, tendo um papel relevante na transformação digital de organizações públicas e privadas. Por sua liderança e atuação na região, foi reconhecido pela Bloomberg Línea como um dos executivos mais influentes da América Latina e é membro do conselho administrativo da Brasscom (Associação das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação).
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