A emergência climática e o papel do Brasil
Ricardo Natale
“O mundo precisa de três fontes para sobreviver: água, comida e energia. E o Brasil é o único que tem os três em abundância.” Essa frase, dita por Wilson Ferreira Jr. no Jantar do Ano, na sexta-feira passada, resume bem o papel do Brasil no atual cenário de emergência do clima que estamos vivendo. Um dos executivos mais brilhantes e respeitados do setor de energia do Brasil e do mundo, ele foi meu convidado para falar sobre um tema que eu considero o principal dos tempos atuais: “Brasil: o país da transição energética global”.
O assunto não foi escolhido à toa. Acho que ainda é pouco falado diante da emergência dessa questão para a nossa própria sobrevivência e as empresas têm um papel muito importante na construção de uma solução para evitar um desastre climático. O mercado tem que apoiar, contribuir e fiscalizar para que o país cumpra seus compromissos ambientais assumidos até 2030.
Mais que uma palestra, foi uma aula magna sobre a transição energética e como o Brasil tem tudo para ser o grande protagonista no cenário mundial.
O cenário atual é bastante preocupante e os sinais já são muito claros. 2022 já foi o ano mais quente da história em todo o mundo e o verão de 2023 do hemisfério norte já é o mais quente da série. Por aqui, estamos vivendo seca extrema na Amazônia e chuvas intensas e destruidoras no Sul.
Como chegamos até aqui e como saímos dessa situação? O Brasil já tem uma matriz de energia limpa. Nosso grande problema é o desmatamento ilegal, que já melhorou nos últimos meses, mas está longe de acabar. Ao mesmo tempo, existem oportunidades no desenvolvimento e expansão das novas tecnologias, como hidrogênio verde e biocombustíveis. É preciso mudar a maneira de gerar e consumir energia em todo o mundo e quem sair na frente tem a chance de liderar essa revolução.
No Brasil, a adoção dos veículos elétricos vem sendo mais rápida do que se previa, mas ainda existe muita estrada – e muitas oportunidades – pela frente, inclusive na criação de uma rede de infraestrutura de abastecimento pelo país.
Só para mencionar algumas vantagens brasileiras citadas por Wilson: o país tem a maior floresta tropical do mundo, assumiu o compromisso de eliminar o desmatamento ilegal até 2030, tem biocombustível, hidrogênio verde e uma matriz energética limpa. Além disso, investir em fontes limpas não é uma opção, mas um imperativo. Em alguns anos, quem não estiver com sua operação Net Zero não terá espaço no mercado.
Como disse Wilson, citando Fabio Barbosa, CEO of Natura &Co e ícone do tema sustentabilidade: “Se a minha geração não deixou um mundo melhor para os nossos filhos, ela deixou filhos melhores para o nosso mundo. Eles têm uma consciência ambiental e social que a nossa geração não tinha.”
É essa consciência que precisamos espalhar pelas nossas empresas. O protagonismo que todos nós temos para transformar, nos empenhar nessas mudanças, deixar um mundo viável para as próximas gerações. É uma emergência. Se não nos empenharmos vamos viver algo muito pior do que o que vivemos na pandemia.
Não podemos permitir que isso aconteça.
Você já pensou o que está fazendo para mudar o mundo para melhor?
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