A queda do líder super-herói e a ascensão do coletivo
Ricardo Natale
São vários, inúmeros, os sinais de que o mundo está mudando. Bem diante de nós. E não nos resta outra alternativa a não ser acompanhar e se adaptar às mudanças. Claro que com senso crítico. Observar, analisar, descartar as “modinhas” e incorporar o que faz sentido. Enfim, mudar evoluindo.
Isso vale para a nossa vida pessoal e vale também para a liderança. No Tech Experience, evento que realizamos semana passada na Experience House, reunindo 80 lideranças de Tecnologia de grandes empresas, além dos assuntos mais técnicos de TI e Inovação, alguns speakers abordaram as novas maneiras de liderar e como lidar com os jovens profissionais que estão chegando ao mercado – e que são diferentes de nós.
A primeira coisa a se lembrar: nós também éramos diferentes dos nossos pais, dos nossos chefes, e queríamos mudar muita coisa estabelecida quando começamos nossa trajetória. É mais do que natural um certo choque geracional. Um choque que pode resultar num conflito ou numa colaboração criativa. Depende da nossa postura diante das mudanças.
Somos nós, a geração que hoje tem em torno de 50 anos, que agora precisa abrir espaço para o novo.
Roni Cunha Bueno, fundador da Orgânica, mentor de executivos em liderança e autor de um best-seller sobre o assunto, falou sobre a queda do líder super-herói, a ascensão da liderança corajosa e a importância de que tenham um conjunto de características e habilidades. Ele menciona quatro perfis, que precisam ser combinados para o sucesso da liderança: o visionário (a pessoa que tem ideias originais e é muito criativa, cria novos negócios), o que “faz chover” (aquela pessoa realizadora, que coloca as ideias de pé), o orquestrador do caos (que vai dar estrutura e pensar sistemicamente) e o gestor do WOW (o encantador de pessoas, com foco no cliente, na experiência).
O CEO não precisa ter todas essas características, claro, mas precisa reconhecer qual é o seu ponto forte e montar sua equipe de alta liderança juntando outras pessoas com perfis complementares.
É a queda do super-herói e a ascensão do coletivo.
E aí entra também a importância da diversidade. Quando mais próxima da composição da sociedade for uma equipe, mais chance de desenhar produtos, serviços, estratégias de desenvolvimento e de vendas com mais aderência aos desejos dos consumidores e mais chances de sucesso.
E relembro outra coisa que me marcou neste evento: a importância da Geração Z para o futuro dos negócios, tanto no mercado de trabalho quanto como consumidores. Temos que mudar a maneira preconceituosa e ultrapassada como nos referimos a eles – geração mimizenta, sem vontade de trabalhar, sem garra. Como disse Aspen Andersen, VP de Gente e Tecnologia da Vibra: as gerações que são chamadas de mimizentas talvez nos chamem de rabugentos. Será que é assim que queremos ser vistos?
É claro que os mais jovens ainda precisam aprender muita coisa e pela falta de experiência talvez não tenham os pés tão no chão quanto a realidade exige. Mas é possível fazer uma boa combinação: a experiência dos mais velhos e a motivação dos mais jovens. Os mais experientes terão que mostrar que, antes de colher os resultados, é preciso trabalhar, se dedicar, perseverar.
Mas sempre lembrando que toda empresa que quer se perpetuar no tempo tem que olhar para o futuro e não pode ficar presa ao passado.
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