Cozzi comemora 15 anos e inicia expansão nacional

Monica Miglio Pedrosa
Uma empresa de soluções para restaurantes industriais de Recife que completa 15 anos de mercado em 2025 e se destaca pela capacidade de adaptar cardápios às realidades regionais e pelo investimento contínuo na formação de suas equipes. Assim é a Cozzi, fundada por Edivalda Carvalho, conhecida como Val, atual Diretora Comercial e Operacional da companhia.
Com faturamento anual de R$ 70 milhões, mais de 500 colaboradores diretos e mil indiretos e clientes como Masterboi, Jornal do Commercio de Pernambuco, Stellantis (Jeep) e Shineray, a Cozzi entrega mais de 15 mil refeições por dia. Em 2024, inaugurou sua primeira operação no Rio de Janeiro, na fábrica da SEB (Arno) e prepara expansão na região.
Esse sucesso parecia improvável na infância de Val, que nasceu em Mirandiba, município de 15 mil habitantes no sertão pernambucano. Filha de pai agricultor e mãe professora, ainda criança acompanhava a mãe em aulas de culinária para mulheres de baixa renda, experiência que instigou o interesse pela gastronomia.
Aos 13 anos, ela e o irmão mais velho deixaram a cidade natal em direção a Recife, em busca do sonho dos pais de ver os filhos estudando na capital. “Nos dois primeiros dias, minha mãe e minha tia nos levaram na escola, depois começamos a ir sozinhos. Passamos muitas dificuldades financeiras nesse período”, recorda.
Os atrasos no pagamento da mensalidade escolar deixaram os irmãos muitas vezes fora da escola. Naquela época, era permitido bloquear a entrada nestes casos. “Em uma ocasião, fui à Assembleia para pedir ajuda. Encontrei um deputado federal de Petrolina e contei sobre nossa dificuldade em pagar a escola. Consegui uma bolsa de um ano de estudos para mim e para meu irmão, lembra.
A primeira lição que tirei desse episódio é que a gente tem que se comunicar para conseguir as coisas.”
Enquanto o irmão se formou em Farmácia, Val fez Nutrição e passou a atuar em sua profissão em hospitais do Recife. Foi nesse período que, diante da morte do pai, teve que assumir a farmácia da família, que passava por uma crise. Negociou com fornecedores e organizou financeiramente o negócio até conseguir voltar ao mercado de trabalho, agora na Sapore. Foram 14 anos no segmento de restaurantes corporativos, até chegar a gerente regional. A demissão repentina marcou o ponto de virada. “Ali eu decidi que nunca mais trabalharia para ninguém.”
Inicialmente, pensou em abrir um negócio de quentinhas até que, por intermédio de um amigo em comum, foi conversar com Jane Suassuna, dona do Buffet Porto Fino, tradicional da cidade. Convidada para prestar consultoria para Jane, Val mergulhou nas receitas, sistematizou fichas técnicas e se aprofundou no negócio. Em 2010, Jane propôs a abertura de uma empresa de restaurantes industriais em parceria com Val.
O primeiro contrato foi com a Masterboi, de Recife, que estava insatisfeita com o antigo fornecedor. A partir de então, o filho de Jane, Pedro Suassuna, passou a atuar como Diretor Administrativo e Financeiro da Cozzi, enquanto Jane ficou apenas à frente do Porto Fino.
Em um setor ainda marcado por soluções padronizadas e pouca atenção à variedade da alimentação, o olhar experiente de Val adaptou o refinamento da gastronomia de eventos à realidade da alimentação corporativa. “O risoto de limão com abadejo do Porto Fino virou um risoto de limão com arroz parbolizado, feito com merluza. A água do buffet, que vem em uma taça com bandejinha, é servida em copo plástico no mundo corporativo. Decidimos entregar um kit de coffee break para todos nossos clientes”, conta.
Essa combinação de mais sofisticação na cozinha com rigor operacional tornou-se uma das marcas registradas da empresa, que também aposta na valorização das equipes. Outro diferencial está na adaptação dos cardápios à cultura alimentar de cada região, respeitando ingredientes, hábitos e gostos dos colaboradores atendidos.
Curadoria regional
Na expansão para atender a SEB, em Itatiaia (RJ), a Cozzi repetiu a fórmula de imersão local: Val visitou a cidade três vezes antes da abertura para observar clima, hábitos e preferências alimentares, chegando a almoçar em self‑services da região para entender o que fazia mais sucesso. “Fazemos uma pesquisa no cliente para entender o perfil do público e uma curadoria da região antes de começar a operar”, explicou.
Na implantação, levou uma equipe robusta: manutenção, tecnologia, operações, chef pernambucano e outros, para garantir que o serviço começasse alinhado ao padrão da empresa desde o primeiro dia. “Com minha experiência de mercado, procuro trabalhar trazendo soluções para combater os pontos que costumam gerar reclamações dos clientes e que conhecia da época da Sapore”, diz.
O maior desafio do negócio, na visão de Val, é o desenvolvimento das pessoas, especialmente com o aumento da capilaridade da Cozzi. O RH da companhia trabalha em parceria com consultorias das regiões para selecionar os colaboradores locais. Há quatro anos a Cozzi criou o programa 10envolver (‘DEZenvolver’, em trocadilho com o número 10), que exige do RH dez melhorias todos os anos para o quadro de colaboradores. Entre as medidas implementadas estão PLR para 100% dos times, Gympass e outras iniciativas de bem-estar.
A política de reconhecimento segue com o Estrela Cozzi, votação interna que premia as equipes com melhor índice de cordialidade e serviço, e com o SuperChef Cozzi: uma vez por ano um chef convidado treina as equipes. Depois do encontro, cada chef da Cozzi cria uma receita inédita que concorre a um prêmio em dinheiro e os vencedores entram no cardápio corporativo da empresa.
Com a meta de dobrar o faturamento até 2026 e consolidar a marca Cozzi Gastronomia Hospitalar, marcando a entrada em novo segmento, Val e Pedro Suassuna preparam a festa de 15 anos da empresa. A comemoração contará com o Buffet Porto Fino, uma aula-show da Chef Bel Coelho, palestra do psicólogo Rossandro Klinjey e show do cantor e compositor pernambucano Almério, com direito a sombrinha de frevo.
Se pudesse aconselhar a versão mais jovem de si mesma, Val diria: “Sempre fui ansiosa e perfeccionista. Falaria para ela ter calma, que vai chegar lá!”
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