Da escassez à abundância
Como a tecnologia pode auxiliar no despertar e construção de uma nova consciência para a gestão
No artigo anterior, abordei a face excludente da exclusividade. O objetivo da narrativa foi chamar a atenção para o conceito representado pela palavra “exclusivo”, que moldou a sociedade e contribuiu para a formação de ambientes corporativos ancorados em uma releitura de segregação social. Mais do que lançar luz para tornar o problema visível, o racional que trago tem o propósito de convidar os leitores do Experience Club a desligar o seu piloto automático. Volto ao assunto da exclusividade – personificada, aqui, pela escassez – para defender esse ponto de vista sobre a urgência em mudarmos o mindset em prol da construção de uma sociedade mais inclusiva. Só que, dessa vez, acrescento um novo elemento: a tecnologia.
É notório que a tecnologia potencializa a nossa capacidade de trocar a lógica de escassez pela de abundância com uma rapidez e uma efetividade jamais vistas pela humanidade. Entretanto, esse câmbio requer uma atitude altamente disruptiva por parte de empresários e líderes. Esta prática, na verdade, só pode ser incorporada por aqueles que estejam dispostos a romper com as velhas formas de organizar a sociedade. Óbvio que há um componente de escolha muito forte, tendo em vista os séculos de estruturação social construída e liderada por uma elite que insiste em deixar as coisas como estão, mas há uma questão de sobrevivência dos negócios que impera e torna essa decisão urgente. Se adaptar aos novos tempos ou resistir a eles tem camadas para além do simples querer ou não. Arrisco dizer que essa é uma demanda determinante para a expansão e continuidade de grandes, pequenas ou médias empresas.
A tecnologia deve ser vista como uma ferramenta eficiente para destravar muitos dos desafios de inclusão enfrentados pelas empresas, sobretudo pela capacidade de promover o despertar de uma nova consciência de que é possível termos um futuro no qual as pessoas tenham acesso a água potável, alimentos, energia, saúde, educação, empregabilidade e o que for necessário a uma vida digna e confortável. A visão de que a tecnologia permite a conquista da abundância é a chave para mudarmos paradigmas e irmos em direção à construção de formas de viver mais alinhadas aos novos tempos.
Os mais resistentes podem dizer que é otimismo da minha parte, mas garanto que essa leitura está equivocada. Na história recente não nos faltam exemplos de que a tecnologia combate a escassez e muda o mindset. As informações se tornaram mais abundantes e gratuitas por meio do Google; o conhecimento seguiu o mesmo caminho por meio da Wikipédia; as comunicações por meio das redes móveis conectadas globalmente; e a energia passou de óleo de baleia para a abundância da energia solar, eólica e outras tantas renováveis. Em todos esses casos, a tecnologia foi o mecanismo de liberação de novos recursos.
A mudança do modelo mental dos gestores das empresas dialoga com a necessidade de uma aliança de toda a sociedade para vencer a desigualdade social por meio do combate ao desemprego e da geração de renda. É bastante racional pensar que incluir as pessoas em situação de vulnerabilidade está associado à real distribuição de renda na base da pirâmide via empregabilidade; que projetos que miram na formação voltada ao mercado de tecnologia – no qual há muitas vagas não preenchidas – é um caminho assertivo a seguir.
Na Carambola – negócio de impacto social que desenvolve tecnologia para a inclusão de diversidade no mercado de trabalho por meio um modelo invertido de educação, que gera retorno aos participantes e aos clientes –, usamos os recursos tecnológicos proprietários para apoiar as empresas a tornar a diversidade uma realidade possível. Nada resiste ao trabalho e a determinação de transformar a escassez em abundância.
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