Depois de recusar um emprego de US$ 1 bilhão de Zuckerberg, ela quer mudar o futuro da IA

Ela recusou US$ 1 bilhão para liderar o laboratório de “superinteligência” de Mark Zuckerberg na Meta e está por trás de uma das tecnologias mais disruptivas da atualidade, o ChatGPT. Aos 36 anos, Mira Murati, ex-Chief Technoloy Officer da Open AI, deixou a companhia em setembro do ano passado para seguir seu próprio caminho e fundar, no início deste ano, a Thinking Machines Lab, empresa de pesquisa e produtos em inteligência artificial dedicada a criar sistemas que trabalhem de forma colaborativa com as pessoas.
À frente de seu próprio negócio, Murati conseguiu reunir um time de pessoas que, além de terem trabalhado com ela no ChatGPT, estiveram por trás da criação do Character.ai e de modelos de código aberto como Mistral, além de projetos open source como PyTorch e OpenAI Gym, reforçando sua decisão de manter independência e seguir um modelo de inovação menos centralizado, com foco em propósito e autonomia.
Mira, que chegou a ser a CEO interina da OpenAI por um breve período, quando Sam Altman deixou a companhia em novembro de 2023 após embate com investidores, parece ter acertado ao decidir recusar a oferta da Meta. Mesmo sem lançar nenhum produto, a Thinking Machines Lab já atraiu US$ 2 bilhões em uma rodada seed liderada por Andreessen Horowitz. A poderosa NVIDIA está no grupo de investidores, além da Accel, Cisco e Conviction Partners. Segundo a Crunchbase, a empresa de Murati recebeu um investimento inicial de € 8,8 milhões do Ministério da Economia, Cultura e Inovação da Albânia.
O texto de apresentação da companhia em seu site oficial dá uma pista do porquê ela recusou a proposta bilionária de Zuckerberg:
IA que funciona para todos
Ênfase na colaboração entre humanos e IA. Em vez de focar exclusivamente na criação de sistemas de IA totalmente autônomos, estamos entusiasmados em desenvolver sistemas multimodais que trabalhem de forma colaborativa com as pessoas. Sistemas de IA mais flexíveis, adaptáveis e personalizados.”
Quem é Mira Murati?
Nascida e criada na Albânia, Murati se mudou para o Canadá aos 16 anos, após receber uma bolsa de estudos para cursar o ensino médio no Pearson United World College. Ela é bacharel em Matemática pelo Colby College e em Engenharia pelo Dartmouth College. Desde cedo, demonstrou interesse por resolver problemas complexos e aplicar tecnologia de forma prática, habilidade que a levou a um estágio na Zodiac Aerospace, especializada em sistemas e equipamentos aerospaciais.
A guinada profissional teve início ao assumir a gerência da produção do Model X, carro elétrico de luxo da Tesla, de Elon Musk. Essa posição exigiu o desenvolvimento de habilidades de coordenação entre equipes multidisciplinares como engenharia, manufatura, experiência do usuário e supply chain. Em 2018, entrou na Open AI como vice-presidente de IA aplicada e parcerias, atuando para aproximar pesquisa de ponta de aplicações práticas.
Nós não apenas codificamos inteligência, nós criamos responsabilidade.”
Quando se tornou CTO, liderou o desenvolvimento do ChatGPT, Dall-E e Codex. Ela foi fundamental na formação das equipes originais que criaram o ChatGPT, garantindo que considerações éticas fossem incorporadas ao design do produto desde os estágios iniciais.
A trajetória de Mira Murati é um exemplo raro de como excelência técnica, visão estratégica e princípios éticos podem caminhar juntos. No centro dessa visão está a crença de que a IA deve ampliar, e não substituir, a criatividade humana. Defensora de um desenvolvimento transparente, justo e seguro, Murati advoga pela democratização das ferramentas de IA, para que indivíduos e empresas de todos os portes possam aproveitar o potencial da tecnologia.
Ela acredita ainda que a inovação responsável nasce da colaboração entre diferentes disciplinas e da integração de múltiplos olhares sobre a tecnologia. Em um momento em que a IA redefine setores inteiros, vozes como a sua se destacam frente aos interesses concentrados de grandes grupos e big techs, defendendo um futuro em que a tecnologia seja guiada por valores coletivos e acesso amplo, e não moldada apenas pelas agendas de poucos.
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