Tecnologia

Brasileiro que criou o Instagram agora está por trás da estratégia de produtos da rival da OpenAI

Mike Krieger, CPO da Anthropic

Monica Miglio Pedrosa

Na acirrada disputa por talentos no setor de tecnologia, especialmente em inteligência artificial, a Anthropic atraiu um nome de peso para sua equipe: o brasileiro Mike Krieger, cofundador do Instagram, que assumiu a posição de Chief Product Officer (CPO) da empresa criadora do Claude, LLM que rivaliza com o ChatGPT da OpenAI.

Paulistano nascido em 1986, Krieger se mudou para os Estados Unidos aos 18 anos para estudar Ciências da Computação na Universidade de Stanford, na Califórnia. Foi no campus que ele conheceu Kevin Systrom, seu parceiro na criação do Instagram, em 2010.

A visão centrada no usuário foi o diferencial da plataforma, que resolveu três grandes problemas das fotos no celular na época: a má qualidade das imagens, solucionadas com filtros; a lentidão no upload, resolvida com uma otimização que se tornou prioridade do time; e a dificuldade de compartilhamento, simplificada para ser feita com apenas um clique.

Em 2012, quando tinha cerca de 30 milhões de usuários, o Instagram foi comprado pela Meta (então Facebook) por US$ 1 bilhão. Krieger e Systrom permaneceram na empresa por mais seis anos, até deixarem seus cargos em 2018. Depois disso, se uniram em dois novos projetos. Em 2020, lançaram o Rt.live, site que monitorava a disseminação da Covid-19 nos EUA. Um ano depois criaram o Artifact, aplicativo de curadoria de notícias orientado por inteligência artificial, vendido ao Yahoo! em 2024 após o encerramento das operações.

O brasileiro, que em 2015 entrou para a lista Forbes Under 30, declarou em entrevista à The Verge que não queria fundar uma nova empresa. O convite da Anthropic, em 2024, surgiu no momento certo. Krieger topou o desafio pois “teria a chance de trabalhar com problemas desafiadores em larga escala, mas sem a pressão de começar um negócio do zero”. Um antigo colega com quem havia estudado na Stanford, Joel Lewenstein, Head de Design da Anthropic, fez a ponte com o time.

Em sua conta no Instagram, Krieger destacou: “A equipe da Anthropic é excepcional, me senti em casa desde as primeiras conversas. Daniela, Dario, Jared e a equipe personificam a combinação de talento profundo, alta empatia e pragmatismo que eu tanto admirava nas equipes do Instagram e da Artifact com as quais tive a sorte de trabalhar.”

O CEO da Anthropic, Dario Amodei, reforçou a importância da chegada do brasileiro. “A experiência de Mike no desenvolvimento de produtos intuitivos e interfaces de usuário será inestimável à medida que criarmos novas maneiras das pessoas interagirem com o Claude.”

Para Krieger, o avanço da inteligência artificial deve transformar profundamente o trabalho dos engenheiros de software nos próximos três anos. Esses profissionais irão se concentrar cada vez mais na revisão e no direcionamento estratégico do código. A profissão tende a se tornar mais multidisciplinar, combinando capacidade técnica com visão de produto. “Saber o que construir será tão importante quanto entender a implementação exata”, afirmou, em entrevista ao Business Insider.

Anthropic, a rival da OpenAI

Fundada em 2001 por Dario Amodei e por sua irmã Daniela Amodei, presidente da companhia, a Anthropic nasceu a partir de uma dissidência de executivos sêniores da OpenAI. Dario foi Vice-Presidente de Pesquisa, enquanto Daniela ocupava a posição de Vice-Presidente de Segurança e Políticas da OpenAI. Jared Kaplan, atual Chief Science Officer da Anthropic, era um consultor de pesquisas da criadora do ChatGPT. Outros quatro cofundadores — Tom Brown, Jack Clark, Sam McCandlish e Christopher Olah —os acompanharam na nova empreitada.

A missão da empresa é desenvolver ferramentas de IA de forma ética, segura e responsável. Na semana passada, ela endureceu as regras de segurança do Claude como resposta às preocupações crescentes sobre cibersegurança e uso indevido da IA.

A companhia já recebeu 15 rodadas de investimento, segundo o Crunchbase, totalizando US$ 20,7 bilhões. A mais recente, uma Série E em março, levantou US$ 3,5 bilhões liderada pela Lightspeed Venture Partners e outros dez investidores. Google, Amazon, General Catalyst e Bessemer Venture Partners também investiram na companhia. Com esse aporte, a Anthropic foi avaliada em US$ 61,5 bilhões.

De acordo com o Financial Times, porém, uma nova rodada de US$ 5 bilhões está em negociação com a Iconiq Capital. Se confirmada, poderá levar o valuation da Anthropic a US$ 170 bilhões. Atualmente, a OpenAI está avaliada em US$ 300 bilhões.

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