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“Os próximos 50 dias serão decisivos para definir o futuro da economia no Brasil”

Mansueto Almeida

Em evento exclusivo do Experience Club, Mansueto Almeida, economista-chefe do BTG Pactual e ex-secretário do Tesouro, diz que votação do plano fiscal vai definir cenário econômico.

Por Monica Miglio Pedrosa

O ano começou turbulento na perspectiva do mercado financeiro, devido aos sinais poucos claros do governo em relação à condução da economia. A percepção é de Mansueto Almeida, economista-chefe do BTG Pactual e ex-secretário do Tesouro. Na visão dele, os próximos 50 dias serão decisivos para o crescimento econômico do país, período no qual o arcabouço fiscal será apreciado no Congresso. “Se o governo der o guidance correto para a economia e aprovar o plano fiscal, o cenário muda e o BC tende a baixar a taxa de juros”, acredita.

A análise foi feita em uma apresentação para 200 empresários e CEOs na Confraria de CEOs, evento exclusivo do Experience Club, no JW Marriot, em São Paulo, nesta terça-feira, 11 de abril. “Nesse prazo de 50 dias o governo colocará à prova o apoio político do Congresso. Em conversas com alguns políticos, todos me passaram uma mensagem muito positiva, de que vão querer negociar com o ministro da Fazenda para aprovar o plano”, contou.

Independente deste movimento, 2023 será um ano de crescimento baixo, por causa da taxa de juros elevada, com a Selic a 13,75%. Ele destacou que, em termos reais, a taxa básica brasileira é a maior do mundo, superior a 8%. Isso impacta no poder de consumo dos brasileiros e nas taxas de empréstimo das empresas. Caso o governo aprove o plano fiscal, diz ele, o Banco Central tende a baixar a taxa de juros, impulsionando o PIB dos próximos anos. Na visão de Mansueto, 2024 pode ter um crescimento de 2% ou mais.

Olhando de uma perspectiva mais ampla, Mansueto mostrou-se otimista com o cenário externo, que por sua vez impacta a cotação do dólar. “O preço das commodities não caiu e os investidores de mercados emergentes não se assustam com coisas que nós assustamos”, afirmou, lembrando que o Brasil deve receber US$ 90 bilhões de investimento estrangeiro direto este ano, o que o mantém na lista dos países que mais recebem capital estrangeiro.

Mansueto Almeida

Outra tendência positiva apontada pelo economista-chefe do BTG é a entrada de capital estrangeiros em energia renovável. “O Brasil é um dos países obrigatórios para receber investimentos nesta área”, afirmou.

Os grandes desafios do país estão nas reformas estruturais de médio e longo prazo. A partir de 2035 o país inicia um processo de envelhecimento populacional. Ao mesmo tempo, o uso da tecnologia tende a ser exponencial, o que exige maior qualificação dos trabalhadores e para isso é necessário melhorar a educação.

“Vamos ter de fazer uma revolução na educação, melhorar o sistema tributário, que é o maior da América Latina, incentivar a inovação da forma correta e nos abrirmos mais para o resto do mundo”, aponta como desafios para o médio prazo.

 

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