Payssego oferece benefício que antecipa salário de dias já trabalhados

Monica Miglio Pedrosa
Cerca de 42% dos brasileiros consomem todo o salário em até 36 horas após o recebimento, e sete em cada dez gastam todo o dinheiro ou mais do que ganham. As análises, divulgadas pela klavi e pela Febraban, evidenciam uma realidade preocupante e foi justamente essa urgência que levou Antoine Fougeat a criar a Payssego em 2023, uma paytech que transforma dias já trabalhados em dinheiro disponível no mesmo instante, via WhatsApp.
Em pouco mais de dois anos, a startup já atende milhares de colaboradores de 60 empresas, entre elas Foundever, Buser e Educbank, além de contar com distribuidores parceiros como Sólides e iFood Benefícios. Até o primeiro semestre de 2026, Antoine projeta alcançar 100 mil vidas atendidas pela solução. Entre os colaboradores que são usuários da Payssego, em média 30 a 40% utilizam o serviço três vezes por mês, com saque médio de R$ 300. “Nas companhias com maior concentração de cargos operacionais, essa taxa chega a 70% dos colaboradores”, afirma o fundador.
Francês radicado no Brasil há seis anos, Antoine conheceu o país por intermédio de um amigo que trabalhava no mercado financeiro. Voltava todos os anos até pedir para ser expatriado pela Decathlon de Paris, assumindo como diretor de operações e liderando a expansão da marca no país. A vivência no varejo permitiu que acompanhasse de perto as dificuldades financeiras das equipes operacionais, que frequentemente se endividavam ou recorriam a “bicos” para complementar a renda antes do próximo pagamento.
Depois de 13 anos na Decathlon, Antoine decidiu empreender e rapidamente aprendeu que “isso não é para amadores”. Seu primeiro negócio, no setor imobiliário, durou apenas cinco meses e foi encerrado por questões políticas que afetaram diretamente as operações. “Voltei para a Europa em busca de uma tese e a questão do endividamento dos brasileiros me aproximou da fintech francesa Rosaly”, relembra.
Inspirado nesse modelo, que já é consolidado tanto na Europa como nos Estados Unidos, ele fundou a Payssego com uma proposta inovadora para o Brasil: antecipar o salário dos dias já trabalhados, sem cobrança de juros e sem gerar novas dívidas. O foco da solução são os trabalhadores que ganham até três salários mínimos, justamente o público mais impactado pela falta de liquidez e pelos altos custos de crédito no país.
Benefício sem custos para as empresas
O modelo de antecipação foi estruturado juridicamente com o escritório Pinheiro Neto e opera com base em “direitos performados”, termo que se refere aos dias já trabalhados. A integração direta da solução da Payssego ao sistema de folha de pagamento e ao relógio de ponto permite que o colaborador antecipe parte do salário de forma automática. “O RH passa a oferecer um benefício financeiro para o colaborador sem custos ou trabalho adicional para a equipe”, explica Antoine.
A comunicação com os colaboradores é feita via WhatsApp, presente em 99% dos celulares do país. Em poucos cliques, o trabalhador consulta o saldo disponível e solicita o saque via Pix, pagando uma tarifa fixa por operação. “É dinheiro disponível sem juros, sem parcelas e sem endividamento futuro”, destaca Antoine, reforçando ainda que os modelos de antecipação salarial existentes no mercado atualmente podem cobrar juros de até 80% ao ano, agravando o problema financeiro do colaborador.
Uma parceria com a ABEFIN (Associação Brasileira dos Profissionais de Educação Financeira) permite à Payssego oferecer a todos os colaboradores das empresas que contratam o benefício uma sessão gratuita de terapia financeira, na qual especialistas orientam sobre finanças pessoais. Além disso, a paytech disponibiliza conteúdos de educação financeira por meio de uma “payflix”, em alusão à Netflix.
Para Antoine, a solução da Payssego — cujo nome combina as palavras “pay” (pagamento) e “sossego” — reforça uma agenda que ajuda a resolver uma das principais causas que afetam a saúde mental no trabalho, a instabilidade financeira. “Nosso modelo ajuda as empresas a garantir presenteísmo, saúde financeira e bem-estar, fatores diretamente ligados à NR1”, afirma Antoine.
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