Por um Brasil mais realista
Por Ricardo Natale, CEO do Experience Club.
Em minhas conversas recentes com o empresariado tenho encontrado muitos amigos sofrendo de um pessimismo generalizado. E isso me preocupa. Prefiro acreditar que podemos virar esse jogo. Insistir em enxergar só a metade vazia do copo não irá nos ajudar a colocar o País na rota do crescimento econômico. Ao contrário, só trará mais paralisia e não sairemos da inércia da crise.
É fato que o cenário econômico ainda não sopra ventos muito favoráveis. O Banco Mundial revisou as previsões para o crescimento mundial e também para o desempenho do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro em 2019. A expectativa é de um crescimento tímido abaixo de 1% este ano, um balde de gelo na previsão de 2,5%, divulgada em janeiro.
Entendo que olhar os números é tarefa de qualquer gestor, mas tomar decisões de investimento exclusivamente a partir dos indicadores em nada contribuirá para construirmos o Brasil que queremos.
Estes muitos empresários que cruzo pelo mercado parecem ter sempre o mesmo velho discurso pronto em colocar tudo na conta do Governo e do mau desempenho da economia.
Em quase todos as reuniões que tenho participado, os primeiros 15 minutos são reservados para lamentações e para apontar o dedo contra a falta de atitude da Administração Pública para colocar o País nos trilhos. Não quero aqui fazer qualquer julgamento do novo Governo, mas criar e insistir em um pensamento coletivo negativo tem sido péssimo para os negócios.
Não quero encobrir os problemas, mas enxergar o atual momento sob uma outra ótica que nos leve adiante e não retarde ainda mais a tão sonhada retomada. O que mais tenho escutado dos executivos é que as matrizes, sejam americanas ou europeias, estão esperando a Reforma da Previdência e a melhora da confiança no País para começar a investir.
A retração não começou este ano. A economia brasileira está estagnada há um bom tempo. Nos últimos oito anos, nossa média de crescimento foi de 0,6%, ou seja, o país está praticamente no mesmo lugar há uma década. É chegada a hora de engavetar as velhas desculpas e começar a colocar nossos projetos em prática. Não é questão simplesmente de torcer para que dê certo, mas de cultivar um otimismo que resultará em efeitos benéficos.
O pessimista precisa visualizar um potencial problema para buscar uma solução oportuna. O otimista, por sua vez, se programa para observar oportunidades em todos os cenários. O resultado, claro, é que o otimista estará sempre à frente. Basta observar a economia: quando o pessimismo contamina o mercado, a circulação de dinheiro diminui e tudo caminha para trás.
O melhor conselho é sonhar com os pés no chão. Os executivos precisam se unir em um só propósito, uma só bandeira, muito mais em prol do Brasil. Claro que temos que cobrar dos nossos governantes, mas precisamos resgatar a força e consciência que depende do próprio mercado para girar a economia. Temos que pensar de que forma podemos criar um movimento ascendente, reverter essa crítica compulsiva e enxergar a metade cheia do copo.
Ser empreendedor e ser otimista são praticamente sinônimos. Quando tudo parece jogar contra, quando o copo começa a ficar meio vazio, é hora de acender o sinal amarelo e redobrar o cuidado para não perder o bom senso.
O otimismo começa pela liderança e se propaga por toda equipe quando quem está no comando prefere acreditar a simplesmente lamentar.
O profissional otimista não abre mão de avaliações profundas e cheias de critérios. A diferença está, basicamente, em como ambos enxergam o copo. O pessimista, ao avaliar seu empreendimento, está sempre se perguntando: “o que mais pode dar errado?”. O otimista, por sua vez, pode chegar às mesmas conclusões se perguntando: “o que podemos fazer para dar mais certo?”.
Nestes tempos de crise, meus amigos, o melhor caminho é mesmo cultivar o otimismo. E jamais esquecer a lição do administrador William Arthur Ward: “O pessimista queixa-se do vento. O otimista espera que mude. O realista ajusta as velas”.
Ricardo Natale é cofundador e CEO do Experience Club, a plataforma de conhecimento, experiências e relacionamento mais completa do mercado corporativo brasileiro.
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