Prompts podem virar check-out no e-commerce do futuro

Monica Miglio Pedrosa
Que tal usar o ChatGPT e outros modelos de IA generativa para descrever exatamente o que você precisa — por exemplo, um smartphone com a melhor câmera para fotos, bastante espaço para armazenar mídias e que esteja dentro de um orçamento específico — e receber como resposta uma lista personalizada de sugestões, com link direto para a compra?
“Isso muda o jogo do e-commerce”, aposta Alexandre Bonati, Diretor de E-Commerce da Cadastra, empresa especializada em serviços tecnológicos para performance digital, criada há 25 anos. A tendência de uso de LLMs (Large Language Models) como buscadores é apontada por diversos estudos, entre os quais um do Gartner, que projeta que, até 2026, o volume de buscas em sites como o Google cairá 25%.
É nesse contexto que surge o conceito de GEO (Generative Engine Optimization), uma variação do SEO (Search Engine Optimization, um conjunto de técnicas que melhoram o posicionamento de sites nos resultados orgânicos dos buscadores) com foco nas IAs generativas.
Para as marcas, isso representa uma mudança importante na visibilidade digital. Se até agora o objetivo era estar entre os primeiros resultados orgânicos do Google, agora o desafio passa a ser entender como os modelos generativos leem, classificam e priorizam os conteúdos disponíveis online.
Bonati destaca, no entanto, que, independentemente do modelo — seja Google, ChatGPT, Gemini ou Anthropic — um princípio não muda: o conteúdo precisa estar disponível, bem estruturado e ser relevante. “Seja em um e-commerce, blog, site institucional ou outro repositório digital, a informação precisa estar lá”, afirma. O que muda, segundo ele, é a forma como essa informação será lida e interpretada pelas diversas ferramentas.
“Estudos mostram que o que deve mudar substancialmente no futuro é a interface do conteúdo online”, diz. Em vez de navegar por páginas ou sites, o consumidor poderá contar com agentes inteligentes que entendem seu comando, encontram o melhor produto, comparam preços e finalizam a compra. “O desafio passa a ser menos sobre como aparecer em uma vitrine e mais sobre como estar preparado para ser acionado por essas inteligências.”
IA para todos os ‘bolsos’
Bonati também reforça que o uso da inteligência artificial já é viável para diferentes perfis de negócio, desde pequenos empreendedores que vendem pelo WhatsApp até grandes varejistas. “Há ferramentas de personalização que organizam vitrines com base no comportamento do consumidor a preços acessíveis. Isso já aumenta a aderência da oferta e melhora a conversão”, diz.
Na própria Cadastra a IA tem sido usada para automatizar tarefas operacionais e liberar os times para trabalhos mais estratégicos. A empresa desenvolveu sua própria inteligência artificial, a Astra, para acelerar o desdobramento de peças criativas, personalizar processos e reduzir custos. Por enquanto, o foco está em amadurecer a aplicação internamente antes de transformar a solução em um produto para o mercado.
Antes de investir em inteligência artificial, alerta Bonati, o varejista precisa garantir que o básico esteja funcionando. “Muitas empresas querem falar de IA, mas o cliente nem consegue concluir a compra no site.”
“Maior disputa hoje é pela atenção do cliente”
Para o executivo, a principal disputa das marcas hoje é por atenção. O Brasil está entre os países com maior tempo médio de tela em redes sociais do mundo. Por isso, a entrada do TikTok Shop no Brasil, em maio, tem o potencial de acelerar o social commerce no país. “As pessoas entram em marketplaces como o Mercado Livre somente quando têm intenção de compra. Já no TikTok ela entra para se entreter e pode acabar comprando”, explica. Segmentos como beleza, moda, nutrição e acessórios, segundo ele, são naturalmente mais aderentes ao formato do social commerce.
A Cadastra implementou, em parceria com a VTEX, as lojas de cinco clientes, dos segmentos de moda e beleza, no TikTop Shop Brasil. Além da parte técnica, a empresa oferece o pacote completo de serviços para impulsionar as vendas no TikTok Shop, como live commerce, mídia paga e gestão de influenciadores.
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