Qual líder você é? Visionário, faz chover, orquestrador do caos ou wow?

Denize Bacoccina e Monica Miglio Pedrosa

Ele foi Diretor de Marketing da Netshoes, vice-presidente Global de Marketing e Publicidade do Terra, foi considerado um dos 10 profissionais mais inovadores do mundo digital brasileiro pelo Grupo Meio & Mensagem em 2021 e é autor do livro Mude ou Morra: Tudo o que você precisa saber para fazer crescer o seu negócio e sua carreira na nova economia. Roni Cunha Bueno foi um dos speakers do Tech Experience, evento exclusivo do Experience Club que recebeu no dia 18 de abril 80 lideranças de Tecnologia e Inovação na Experience House.

Fundador da aceleradora Organica, Roni começou a atuar também como consultor de altos executivos que viviam processos de transformação nas empresas, e percebeu que as que eram bem-sucedidas no movimento de mudança eram aquelas em que as lideranças também passavam por uma transformação.

Nessa mudança, diz ele, sai o líder super-herói e entra o líder corajoso. Em vez de saber todas as respostas, essa liderança trabalha de forma colaborativa, não teme parecer vulnerável porque vê nisso elementos de energia, resiliência e ousadia.

Roni identificou quatro tipos de líderes essenciais para o sucesso da empresa, e diz que a liderança precisa ter um grupo de pessoas que reúnem essas característas: o visionário, o faz chover, o orquestrador do caos e o líder wow.

Nessa entrevista exclusiva à [EXP] ele explica os detalhes de cada um e a importância da atuação dos quatro em conjunto para o sucesso do negócio.

[EXP] Roni, você disse que, para transformar a empresa, é preciso transformar a liderança. Quais são as principais características de uma liderança corajosa?

[Roni Cunha Bueno] Para transformar uma empresa, é preciso transformar a liderança, senão a transformação é em vão. Precisamos de uma liderança corajosa, que assume o protagonismo da transformação para que a empresa continue se adaptando aos mundos atuais, à inovação, às transformações necessárias que a sociedade pede. É aquela liderança que sobe no espaço de protagonismo e entende o medo da mudança, porque as pessoas têm medo de transformação, é natural. Ela consegue trabalhar esses medos e trazer mais gente para o espaço de protagonismo junto com ela, para fazer as transformações acontecerem.

Você falou que existem quatro perfis de liderança e é necessário os quatro para a empresa avançar. Quais são eles?

É importante que esse grupo que está disposto a fazer uma transformação da empresa – seja uma nova forma de se organizar por meio do método Ágil, ou um processo de diversidade –, tenha quatro tipos de perfis. O visionário é aquele que fomenta as ideias, consegue ver além do alcance e provoca muito o status quo, traz e oxigena os modelos. Ao lado dessa pessoa precisa ter o que a gente chama de “faz chover”. Faz chover é aquele líder que faz as coisas acontecerem, tem energia e é a primeira pessoa a chegar e a última a ir embora. Aquela pessoa que você sabe que vai fazer acontecer. Mas se deixar só esses dois, o que acontece em algumas startups, o visionário tem a ideia e o faz chover sai fazendo e quebra a empresa. Aí tem que vir o orquestrador do caos. É aquela pessoa que olha a longevidade da empresa, a estrutura, organiza e vê como aquele processo todo que está vindo e se encaixa nessa organização. E, por último, não menos importante, tem que ter o gestor wow.

Por que gestor wow?

Vivemos numa época em que as pessoas estão muito empoderadas em relação às empresas, não só economicamente, mas do ponto de vista do trabalho também. Qualquer processo de transformação e inovação tem que estar centrado nas pessoas e é preciso gerar esse wow, esse encantamento das pessoas. E o gestor wow é muito bom nisso, está sempre pensando em como encantar as pessoas, surpreendê-las positivamente.

O CEO pode ser qualquer um desses perfis ou ele tem que ser um específico?

Pode ser qualquer um desses perfis. O mais importante é ele entender que precisa compor o time com outros perfis para ter um maior equilíbrio e uma qualidade maior em todos os projetos novos.