Tecnologia

Queridinho do Wikileaks, Signal quer ser o próximo WhatsApp

Entre os aplicativos mais populares do mundo, o WhatsApp tem conseguido manter sua hegemonia entre os serviços de mensagens instantâneas mesmo com a concorrência de rivais de peso como Telegram, WeChat e Viber, sem contar dos “coirmãos” Messenger e Instagram. Mas o player mais azarão desse mercado, o Signal Private Messenger, é apontado por especialistas como a maior ameaça ao WhatsApp por conta de um diferencial que deveria ser base para os apps de comunicação: a segurança nos dados de seus usuários.

Lançado há cinco anos pelo programador cyberpunk Moxie Marlinspike, o Signal está disponível gratuitamente nos sistemas Android e iOS e funciona como todos os outros apps do segmento com envio de mensagens instantâneas escritas, por áudio ou vídeo, além de permitir a criação de grupos e o uso de emojis e animações. Entretanto, toda a sua extensão é criptografada transformando as mensagens em códigos impedindo que qualquer pessoa, e até mesmo o próprio Signal, consiga decifrar o conteúdo enviado. O app oferece ainda funções para destruir uma mensagem após um intervalo de tempo, e também impedir que outros usuários tirem um print do bate-papo.

A proteção aos dados do Signal é tanta que entre seus usuários está o ex-analista da CIA Edward Snowden, que se tornou persona non grata nos EUA após divulgar informações confidenciais de segurança do governo americano. Snowden já citou o app por várias vezes nas redes sociais ressaltando a segurança da ferramenta. Em uma delas, inclusive, ironizou o serviço de inteligência americano ao tuitar que “usa o Signal todos os dias… e o FBI sabe disso”. 

Nível de segurança é tão elevado que o Signal permite a destruição programada das mensagens e impede o print da tela das conversas entre usuários

No começo do ano passado, o app ganhou um importante reforço na briga pelo mercado de mensagens instantâneas com a contratação do cofundador do WhatsApp, Brian Acton, para ser presidente executivo do Signal Foundation, organização sem fins lucrativos voltada a projetos digitais tendo como foco a segurança. “Nosso plano é lançar um novo modelo de tecnologia focado em privacidade e proteção de dados para todos, e em qualquer lugar”, escreveu Acton no post publicado para anunciar sua entrada no projeto no qual investiu US$ 50 milhões do próprio bolso.

Governo americano

Além desse investimento de Acton, o Signal também recebeu um aporte total de US$ 3 milhões, nos últimos anos, por meio do Open Technology Fund, programa financiado pelo governo dos EUA. Com esses investimentos, um dos desafios do app para tentar fazer frente ao WhatsApp será reforçar sua estrutura operacional e melhorar a sua qualidade colocando fim às ligações instáveis que ainda perturbam seus usuários.

Por outro lado, o Signal tem a seu favor a política adotada por Mark Zuckerberg em usar os dados dos usuários para oferecer publicidade direcionada por meio de seus aplicativos. Os que são contra essa iniciativa terão em breve mais um motivo para se irritar pois Zuckerberg pretende criar ainda neste ano um sistema de mensagens unificados entre WhatsApp, Messenger e Instagram. Para muitos, o projeto irá aumentar ainda o rastreamento dos conteúdos e dados compartilhados por meios dos apps.

Mas as críticas e dúvidas em relação ao uso de dados dos usuários estão longe de abalar o predomínio dos apps de Zuckerberg. Segundo levantamento realizado pelo instituto Similar Web, o WhatsApp lidera o uso entre os apps de mensagens instantâneas em 109 países, bem à frente do Messenger que é o preferido de usuários em 49 nações – incluindo EUA e Canadá. No Top 5 ainda aparecem Viber (15 países), Line (4 países) e WeChat (3 países). O Signal tem ganhado usuários ao redor do mundo, mas ainda tem um longo caminho para começar a fazer frente aos principais rivais.

Texto: Fábio Vieira

Foto: Divulgação

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