Stay moderniza previdência privada corporativa e aposta em retenção de talentos

Monica Miglio Pedrosa
Depois do surgimento dos benefícios flexíveis para alimentação e refeição e da chegada de soluções digitais voltadas para a saúde física e emocional dos colaboradores, chegou a vez da previdência privada. Benefício corporativo que menos evoluiu nos últimos anos, se tornou uma oportunidade nas mãos de quatro empreendedores: Tsai Chi-Yu, Caio Elias, Nicolas Frajhof e Pedro Iglesias, que lançaram em 2023 a Stay, em parceria com a Zurich Seguros.
A startup nasceu para enfrentar um desafio que afastava empresas da previdência corporativa: a burocracia. Planos engessados, dificuldade de customização e atendimento pouco acessível restringiam o benefício a grandes corporações com estrutura própria para lidar com a complexidade. A Stay aposta em tecnologia para romper esse padrão, digitalizando processos, oferecendo planos sob medida e simplificando a experiência de empresas e colaboradores.
Na prática, a Stay assume toda a intermediação entre seguradora e RH, viabilizando inovações como a customização do plano e o onboarding dos colaboradores com uma solução 100% digital. “Se o funcionário quiser mudar o percentual de contribuição do plano de previdência, não precisa mais esperar uma ou duas vezes por ano para fazer isso, nem escrever uma carta redigida à mão e enviar pelos Correios. Pode resolver tudo em três segundos pelo WhatsApp”, explica Tsai Chi-Yu, CEO da Stay, ressaltando que não há nenhum entrave regulatório para a mudança a qualquer momento.
Além de simplificar processos, a Stay investe em educação financeira como ferramenta para aumentar o engajamento dos colaboradores. “Existe uma parcela muito relevante da população que não conhece previdência corporativa. Por isso, criamos um produto de saúde financeira para explicar conceitos básicos sobre investimento e ajudar o colaborador a ter um futuro mais digno”, afirma.
Para as empresas, há ainda duas outras vantagens em oferecer o benefício: retenção de talentos e eficiência tributária, já que as contribuições podem ser deduzidas do Imposto de Renda e da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido. Em setores de alta rotatividade, como o jurídico, o impacto é ainda mais direto. “Nos grandes escritórios de advocacia, por exemplo, a previdência ajuda a reduzir o turnover e a reter profissionais altamente qualificados”, observa Tsai.
Da Morgan Stanley ao empreendedorismo
Nascido em Taiwan, Tsai passou parte da infância e adolescência no Brasil. Bacharel em Contabilidade e Finanças pela USP, iniciou a carreira como trader de derivativos na Morgan Stanley. Em 2014, foi morar na França, onde fez um mestrado em Política Econômica Internacional na Sciences Po. Três anos depois, voltou ao Brasil e integrou o time da Uber em seus primeiros anos de operação no país. Na sequência foi para 99, onde comandou as áreas de produto e marketplace, responsável pelos algoritmos de precificação dinâmica. Sua última experiência antes de fundar a Stay foi como Chief Product Officer e Chief Technology Officer da fintech Hash.
O primeiro cliente da Stay veio do setor de turismo, no Rio de Janeiro. Desde então, a base cresceu principalmente no Rio e em São Paulo, mas já se expande para cidades como Belo Horizonte, Porto Alegre e Goiânia. Vitória e Curitiba estão nos planos de abertura de mercado ainda em 2025. Entre os clientes, destacam-se a Mölnlycke, multinacional sueca de suprimentos hospitalares; a Camlin Fine Sciences, gigante indiana de insumos químicos; e o escritório de advocacia Cescon Barrieu.
A startup recebeu uma rodada seed de US$ 3 milhões em outubro de 2024, liderada por Maya Capital, Better Tomorrow Ventures, 17Sigma, RaliCap e Grão e tem atualmente 50 clientes. A meta é dobrar o número de clientes até o final de 2025.
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