Como as empresas sobreviverão à fadiga digital
Por Ricardo Natale*.
Pesquisas mostram que reuniões de no máximo 15 minutos são uma das formas que podem ajudar a combater esse tipo de problema.
A fadiga digital — a exaustão real que vem do uso excessivo da tela de dispositivos eletrônicos— está aumentando. Mais da metade (52%) dos trabalhadores americanos estava se sentindo esgotada em abril de 2021, com mais de dois terços (67%) sentindo que isso piorou para eles durante a pandemia, de acordo com um estudo do Indeed. Aqueles que trabalham virtualmente são mais propensos a dizer que o esgotamento piorou (38%).
A tentativa de combater a fadiga digital fez com que a redução do tempo das reuniões para apenas 15 minutos fosse muito popular entre os gerentes. Em julho de 2021, a plataforma de automação financeira Monite, com sede em Berlim, introduziu a abordagem de 15 minutos para pessoal de gerenciamento, sincronizações de equipe e reuniões de resolução de problemas. Cada convite define o papel do moderador ou líder, que se alterna regularmente, bem como uma agenda para marcar o fluxo da discussão.
Avaliar se cada reunião é necessária antes de planejá-la, e até mesmo antes de hospedá-la, é fundamental se quisermos nos livrar da fadiga digital. A sugestão é que os itens da agenda da reunião sejam perguntas a serem respondidas e não tópicos. Se você não consegue pensar em nenhuma pergunta, provavelmente ela não é necessária e, ao perguntar, você está determinando quem deve estar lá.
O aplicativo Healthtech Thriva organiza atualizações de vídeo curtas quando as equipes estão trabalhando de forma assíncrona e incentiva as reuniões a pé para sair, mesmo quando o trabalho é híbrido. O provedor de tecnologia de comércio eletrônico Alphagreen Group incentiva os funcionários a desativar o modo de autovisualização para reduzir a fadiga do Zoom, e o mecanismo de pesquisa sem fins lucrativos Ecosia não tem reuniões às terças e quintas-feiras.
Com base nesses pontos, deduz-se que não dá para ser digital first se esse lema acaba te levando ao people last. A pressão por se adequar a qualquer custo ao mundo digital fez com que muitas empresas perdessem o equilíbrio entre as inovações necessárias e o acolhimento dos times.
O resultado nós já podemos acompanhar: casos e mais casos de burnout, Great Resignation e, sobretudo nas empresas de tecnologia, dificuldade de contratação.
É claro que a gente sabe que a digitalização é mandatória nos dias de hoje, mas o ponto aqui é que não dá para pressupor que o seu time está totalmente preparado para isso, assim como a sua cultura. E já vi muita companhia se perder nesse game.
Toda nova necessidade do mercado deve ser respeitada e levada em consideração, sim. Mas não a qualquer custo. Nem sempre nosso time e nossa cultura estão tão prontos para um mundo digital first como a gente imagina.
A pergunta que não quer calar: você está preocupado e fazendo algo por isso na sua empresa?
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