“Não podemos, como líderes, nos conformar em conviver com a insegurança alimentar”, diz CEO da Bayer Crop Science
Monica Miglio Pedrosa
“O agro brasileiro é sustentável”. A afirmação é de Maurício Rodrigues, presidente da Bayer CropScience América Latina, palestrante do segundo dia do Fórum CEO Brasil 2024, que recebe 270 CEOs e acompanhantes no Tivoli Ecoresort Praia do Forte, na Bahia, até domingo. Maurício, que atua há 25 anos no agronegócio – tem uma carreira de 19 anos na Monsanto que o levou à posição de CFO e assumiu a presidência da Bayer Crop Science AL em 2021 –, falou sobre a evolução da agricultura brasileira nos últimos 50 anos e como a tecnologia e a inovação transformaram completamente o setor no país.
O executivo destacou que alcançar a posição de CEO sendo negro no Brasil só foi possível porque “seus pais romperam o ciclo” e foram os primeiros da família a concluir o ensino superior – sua mãe se formou em Direito e o pai em Engenharia Mecânica. Isso permitiu que Maurício estudasse em um colégio particular e recebesse um ensino de boa qualidade que o levou à Poli (USP), onde se formou como engenheiro civil. Como a maioria dos negros, cresceu com a pressão de entregar sempre muito mais do que todos para se sobressair. “É algo bom do ponto de vista de construir minha carreira, mas complexo do ponto de vista emocional. Por isso hoje quero dar oportunidade para outras pessoas negras e apoiar a diversidade”, disse.
Falando sobre o setor do agro, Maurício mostrou que, se há 50 anos existia escassez alimentar no país que tinha então 90 milhões de habitantes (2/3 vivendo no campo), hoje, com 200 milhões de brasileiros (e apenas 15% vivendo no campo), o país tem capacidade de produzir alimentos para mais de 800 milhões de pessoas. O que possibilitou isso foi a produtividade agrícola, não o aumento da área cultivada. “Em 1960 era preciso uma área de 1.907 m2 para produzir 250 kg de milho. Hoje, a mesma quantidade é produzida em uma área de 430 m2”, exemplificou. Esse crescimento exponencial da produção foi possível graças ao uso de máquinas agrícolas, drones, sensores e outras tecnologias no campo além e inovações como o desenvolvimento genético das sementes e a biotecnologia.
Para Maurício, não há como o agro não buscar a sustentabilidade na produção, pois é um dos setores mais atingidos pela crise climática, como visto na tragédia climática do Rio Grande do Sul. “Diferente de outros setores, nossa produção é feita a céu aberto.”
Em uma parceria com a Embrapa, a Bayer está desenvolvendo o programa ProCarbono, um método científico para aferir o quanto a produtividade agrícola está reduzindo o impacto no ambiente e gerando créditos de carbono para contribuir no combate às mudanças climáticas. Ele apresentou as Bayer Forward Farmings (BFF), uma parceria da empresa com produtores rurais, agrônomos e acadêmicos que levam a melhor tecnologia aliada a práticas modernas e sustentáveis para produzir de forma ainda mais eficiente. São 30 BFFs no mundo, cinco delas na América Latina, sendo duas no Brasil, em Goiás e São Paulo.
“Conseguimos mostrar um aumento de 20% de produtividade nas Bayer Forward Farmings e um sequestro de carbono de 3 a 4 vezes maior”, contou. Para Maurício, a disponibilidade de alimentos não é mais o motivo da insegurança alimentar hoje. “Como um país que produz tanto alimento tem tanta gente passando fome? Não fizemos nosso papel como sociedade. Os líderes que quiserem se diferenciar precisam investir no social”, convocou ele, se dirigindo à plateia de CEOs.
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