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As lições de coragem, autenticidade e superação de Viola Davis

Viola Davis - VTEX Day

Monica Miglio Pedrosa

“Tive medo em muitos momentos da minha vida. Mas a época em que mais me lembro de ter sentido medo foi aos 28 anos, quando decidi começar a fazer terapia. Porque a coisa mais assustadora que você pode fazer é se aceitar completamente”. Foi com essas palavras, ditas logo no início de sua palestra, que Viola Davis conquistou a plateia no fim da tarde de terça-feira, no encerramento do VTEX Day.

Aplaudida de pé em um auditório lotado logo que pisou no palco, Viola é a primeira atriz negra a conquistar os principais prêmios da indústria do entretenimento nos EUA. Ela ganhou um Oscar, um Emmy, um Grammy e dois Tonny Awards. Atriz, produtora e autora do livro Em busca de mim, Viola participou de uma conversa conduzida por Rafaela Rezende, General Manager da VTEX no Brasil, que foi marcada por sinceridade e muita vulnerabilidade. Ela falou sobre autoamor, superação, maternidade e o verdadeiro objetivo da vida.

Confira, a seguir, os principais momentos e aprendizados desse encontro:

Autoaceitação

“Uma das coisas que precisei fazer é parar de me adaptar. Eu tive de me adaptar muito. Tentei me encaixar demais. Sendo uma mulher negra, perdi a conta das pessoas que chegaram na minha vida para dizer que eu não era bonita. Já tive pessoas me falando o quão errada eu era. Tive que caminhar em locais pensando como me encaixar para conseguir o que eu queria, para fazer minha vida mais fácil. Quando você coloca seu valor nas mãos dos outros, você não pertence mais a si mesmo. Quando você entra em qualquer sala, quando você começa uma amizade, ou uma nova relação, você tem que ser quem é. Apenas diga o que quer dizer. Faça o que quer fazer.”

Propósito não é o que você faz. É o que acontece com as pessoas quando você faz o que faz”

Felicidade não é a meta

“Eu não entendo a felicidade como uma meta. Parei de dizer à minha filha que quero que ela seja feliz. A vida é bem mais profunda do que isso. Sabe o que desejo para ela? Que seja curiosa. Porque se você for curiosa isso pode te levar a descobrir coisas novas sobre você. Estou prestes a completar 60 anos. A paz é minha meta. Estar no momento presente é minha meta. Sentir-se viva é minha meta.“

Lidar com erros

“Eu desmorono com erros. Eu meio que morro um pouco. Tive atuações péssimas, em peças que muitas pessoas não viram, pois foram feitas em um teatro escuro em algum lugar dos EUA. Tive erros épicos em relacionamentos. Quando erro, vou para o quarto chorar, me sentir mal, me fechar. É importante ter esse momento e se permitir sentir dor. É como a fênix que renasce depois. Então eu me pergunto, o que aprendi com isso? É assim que você se torna melhor.”

O primeiro agressor na vida de uma criança é um pai ou mãe não curado.”

Ideal de parentalidade

“Eu não entendo pais que moldam e formam outro ser humano para ser uma extensão dos seus próprios sonhos e objetivos. Para discipliná-los, ensinarem a ser o que você acha que é uma versão perfeita de você, para que você possa entrar em uma sala e dizer que foi uma boa mãe. O maior presente que estou dando para a Genesis, minha filha, é que estou me curando. O primeiro agressor na vida de uma criança é um pai ou mãe não curado.

Quando Genesis fez 13 anos eu sempre perguntava se ela tinha colocado perfume, usado óleo no cabelo. Porque ninguém se sentava perto de mim quando eu tinha a idade dela, por causa do meu cheiro. O maior presente que eu posso dar a ela é me curar. Minha visão para nossa relação no futuro é que ela me chame, daqui a 10 anos, e queira passar um fim de semana comigo, que queira compartilhar o seu dia, sua vida comigo.”

Viola Davis e Rafaela Rezende no VTEX Day
A atriz Viola Davis e Rafaela Rezende, General Manager da VTEX no Brasil no palco do VTEX Day

Infância abusiva e maternidade

“Eu vim de um lar abusivo e cresci em meio à pobreza. No meu livro, conto um episódio sobre quando meu pai estava batendo na minha mãe. Foi extremamente horrível e violento. Me lembro de estar segurando minha irmã pequena. E, mesmo traumatizada e muito assustada, eu me ouvi dizer: ‘Pare! Só pare!’. Aos 14 anos eu tive que ter a maturidade para dizer ao meu pai não curado para parar.

A maior lição que eu posso dar à Genesis é não ser prejudicada por algum efeito residual das coisas que eu ainda não curei. Não quero que ela passe anos da sua vida pensando que é problema dela. Não é responsabilidade dela. É claro que eu cometo erros. Mas uma das coisas que digo a ela é que isso é meu erro. Não tem nada a ver com ela.”

Futuro

“Acabamos de terminar nosso último filme G-20, na Amazon Prime, também fizemos Mulher-Rei. O próximo filme será com o diretor Philip Noyce. Mas eu quero tudo. E quando digo isso é porque não sei o que há no futuro pra mim. Posso contar sobre os projetos, mas não posso nem falar sobre os objetivos. Pode ser que eu queira aprender a tocar piano. Ou fazer uma viagem sozinha com a Genesis.

E o que estou fazendo para atingir esses objetivos? Estou respondendo ao meu chamado para a aventura. E esse chamado é: Viola, e se você decidisse apenas se amar? Ter um caso radical de amor com você mesma? Sentar com a sua versão de 6 anos, que está gritando de alegria, e com a sua versão de 80 anos, que está olhando para a sua versão de 60 anos e dizendo: ‘Você ainda é jovem, garota!’. Os maiores objetivos da vida são os mais simples. Eles são, de verdade.”

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