Mercado

Digitalizar para aproximar: como a Vivo se conecta às tendências do futuro

Christian Gebara, CEO da Vivo

Monica Miglio Pedrosa

O Brasil que se desenha para as próximas décadas está distante daquele “país jovem”, de crescimento demográfico acelerado do final do século passado, e de estrutura familiar mais tradicional, formada por pai, mãe e filhos. Em 2042, 25% da população brasileira terá mais de 65 anos de idade, e este é um mercado que as marcas precisam se preparar para atender. Outra mudança significativa são as novas configurações das estruturas familiares, com 48% dos lares chefiados por mulheres, casais homoafetivos, filhos de diferentes casamentos morando juntos e um milhão de adultos convivendo simultaneamente com idosos e crianças no mesmo lar.

As tendências foram destaque da apresentação de Christian Gebara, CEO da Vivo, durante o Fórum CEO Brasil, na sexta, 19 de setembro. Ele trouxe um panorama do cenário brasileiro atual e do futuro próximo para que a plateia de cerca de 250 CEOs e acompanhantes refletisse sobre as transformações que devem impactar a estratégia dos negócios.

Além do envelhecimento populacional e das novas configurações familiares, duas outras frentes também foram destacadas por Gebara: a inclusão de pessoas com deficiência (PcD) e o aumento da migração de pessoas para fora dos grandes centros. No primeiro caso, apenas 29% da população PcD está no mercado de trabalho, 91% encontram dificuldades em comprar em estabelecimentos físicos pela falta de acessibilidade, e 69% enfrentam barreiras nas compras online. Esses números mostram que inclusão, além de responsabilidade social, é também uma oportunidade de negócio.

Já no campo demográfico, o saldo migratório negativo de 255 mil pessoas que deixaram São Paulo e Rio de Janeiro contrasta com a entrada de pessoas em estados como Santa Catarina (que recebeu mais de 354 mil pessoas) e Goiás (187 mil), além do aumento do fluxo migratório para João Pessoa, no Nordeste. Esse fenômeno, chamado por ele de “centralidade do interior”, aponta para a relevância crescente de cidades médias no mapa econômico e social do País. Gebara ressaltou ainda que a digitalização também tem aproximado os brasileiros de sua ancestralidade. “O que os povos originários têm a nos dizer foi viabilizado pela conexão digital”, afirmou.

Outro dado que reforça essa transformação é que o Brasil é majoritariamente um país de casas: 87% dos domicílios estão nessa categoria. Nesse ambiente, o interesse pela digitalização cresce rapidamente. Segundo estudo da Vivo, 60% dos entrevistados afirmaram que os comandos de voz em dispositivos inteligentes são a forma de interação tecnológica preferida nos lares, o que reforça a tendência de automação doméstica.

Christian Gebara, CEO da Vivo
Christian Gebara, CEO da Vivo, na plenária durante o Fórum CEO Brasil 2025

“Tempo para Tudo” incentiva desconexão

Esse cenário de maior conectividade, no entanto, vem acompanhado de novos dilemas. O excesso de tempo diante das telas, especialmente entre os mais jovens, levanta preocupações com saúde mental e comportamentos como cyberbulling e a busca por padrões inalcançáveis de beleza. “Temos olhado muito para o que chamamos de ‘armadilha dos pais’. Não sabemos como dosar o uso do celular dos nossos filhos, o que tem causado questões de saúde mental”, disse Gebara.

Para enfrentar esse desafio, a Vivo criou a campanha “Tempo para Tudo”, incentivando escolhas mais equilibradas na interação com a tecnologia. “Parece contraintuitivo uma empresa que vende celular e tecnologia dizer que as pessoas deveriam usar menos esse dispositivo. Mas temos uma responsabilidade a cumprir como empresa, como cidadãos e como pais. Precisamos provocar essa reflexão.”

Para sustentar sua posição diante das grandes transformações, a Vivo vem desenvolvendo um ecossistema digital completo que vai além da liderança nos serviços tradicionais de telefonia pré-paga (na qual detém 40,7% de market share), pós-paga (34,5%) e fibra (18,4%). Hoje a companhia oferece soluções digitais em saúde, educação, finanças, entretenimento, eletrônicos, energia e casa inteligente, reforçando sua presença no cotidiano dos consumidores.

O meio físico como canal de relacionamento permanece estratégico. São mais de 1.700 lojas ativas que recebem 600 mil visitas mensais de clientes às lojas. Iniciativas como a Casa Vivo, em São Paulo, e a nova loja conceito na Oscar Freire, que incluirá café e livraria em parceria com a Livraria da Vila, ampliam a proposta de oferecer experiências que conectam consumidores.

No segmento corporativo, a companhia também vem ganhando relevância. Os serviços digitais para o segmento B2B já respondem por mais de 8% da receita total da Vivo, com faturamento anual de R$ 5 bilhões, devido à demanda crescente por serviços como cloud, cibersegurança e internet das coisas (IoT). Em 2024, a Vivo registrou receita total de R$ 56 bilhões, reforçando seu posicionamento como player de tecnologia.

Desde 2019, a estratégia que guia a companhia é “Digitalizar para aproximar”. E, como destacou Gebara, essa visão não significa apenas ampliar o alcance da tecnologia, mas usá-la para criar relações mais próximas e conexões mais humanas e inclusivas.

Logos patrocinadores Fórum CEO Brasil 2025

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