A guerra dos marketplaces

Recentemente comentamos por aqui que o e-commerce brasileiro será mais competitivo e terá menor taxa de crescimento neste ano, quando comparado a 2021. Neste cenário, uma disputa acirrada se aproxima, entre empresas brasileiras e suas concorrentes asiáticas. 

Reportagem do Valor informa que companhias como Magazine Luiza, Casas Bahia, Americanas, Renner e Riachuelo estão montando uma ofensiva para combater marketplaces de sites como Wish, Shoppee, Ali Express e Mercado Livre. Na visão das varejistas, os marketplaces competem de forma desigual ao não combater de forma adequada a pirataria de produtos e a sonegação de impostos.

A ofensiva deve ser posta em prática por meio do Instituto para o Desenvolvimento do Varejo (IDV), entidade que reúne os varejistas nacionais já citados e outras cerca de 70 companhias. Um material robusto e ainda sigiloso elaborado pelo IDV com a parceria da consultoria McKinsey lista possíveis ações contra os estrangeiros, dentro de linhas criminais, fiscais e de relacionamento com o consumidor. O Valor afirma ainda que o IDV deve entrar com um processo no Cade em breve, alegando violação de leis econômicas brasileiras.

O documento do IDV calcula evasão fiscal de cerca de R$ 20 bilhões na venda de lojistas internacionais em 2020. Nas redes brasileiras, essa evasão variou entre R$ 4 bilhões e R$ 5 bilhões. 

Ao Valor, uma fonte ligada a um e-commerce chinês alega que a questão é basicamente comercial. “Elas [brasileiras] estão assim porque estão perdendo venda e não têm acesso aos vendedores competitivos que os outros têm. Nós estamos trazendo milhares de lojas que trabalham corretamente. Há produtos ilegais que passam pelos controles? Há, mas existe um trabalho para melhorar isso”, diz a fonte.

Pagamentos em alta

Como já comentado por aqui, 2021 foi um ano recorde para o investimento global em startups. E o segmento das startups de pagamentos foi um dos mais beneficiados. Um novo relatório do CB Insights mostra que no ano passado, os negócios na área levantaram o valor recorde de US$ 32,7 bilhões globalmente, mais do que o dobro na comparação com 2020. 

O relatório destaca ainda que as startups latinoamericanas de pagamentos atingiram o nível mais alto em todos os tempos em 2021, captando um total de US$ 2,3 bilhões, volume que representa um crescimento de 2,5x em relação ao ano anterior. Um número que reflete o aumento do interesse dos VCs por fintechs na América Latina, com destaque para os maiores mercados, como Brasil e México.

Entre os maiores aportes no período entre setembro e dezembro de 2021 aparece a brasileira Brex. A startup levantou uma Série E de US$ 300 milhões, sendo avaliada em US$ 12,3 bilhões. Nas maiores rodadas ‘early-stage’ no quarto trimestre outro nome brasileiro se destacou. A TruePay levantou uma Série A de US$ 32 milhões em novembro. Segundo o CB Insights, 11 novos unicórnios em pagamentos surgiram no quarto trimestre do ano passado.

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A globalização da mão de obra na área de software é um fenômeno bastante conhecido, particularmente a transferência para a Índia de funções por muitos anos realizadas em empresas dos EUA. Mais recentemente, a pandemia e a desvalorização do real em relação ao dólar vêm causando um movimento similar no Brasil, informa a Bloomberg.

Nos últimos meses, o número de empresas estrangeiras que contratam  funcionários remotos na América Latina aumentou 156%, mais do que em qualquer outra região. Engenheiros de software lideram o movimento, de acordo com estudo da empresa global de contratações Deel.

Entre as vantagens para a as empresas estão o fuso horário similar, valores culturais próximos e, claro, a disponibilidade dos brasileiros em trabalhar por valores inferiores aos que seriam pagos em solo americano. Esses fatores se tornaram mais importantes nos últimos meses, com o aumento da inflação nos EUA e a consequente valorização dos profissionais de TI de lá.

Já para os brasileiros, fatores como a diminuição da burocracia, a possibilidade de receber em contas bancárias do exterior e o dólar nas alturas são muito atrativos para uma mudança de carreira. 

Para Lucas Mendes, cofundador da empresa de recrutamento Revelo, empresas que buscam talentos no exterior estão se adiantando a uma tendência que logo vai virar necessidade. O boom do trabalho remoto levou a firma paulistana a multiplicar seu tamanho por cinco, atraindo como clientes não apenas startups promissoras, mas também grandes nomes como o Goldman Sachs Group. “A pandemia transformou um mercado local em global”, diz Mendes à Bloomberg. 

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Curadoria e edição: André Cardozo