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Ideias centrais:
1 –Segundo Malcolm Gladwell, para chegar ao topo de qualquer área, são necessárias, no mínimo, 10 mil horas de alta dedicação a determinado tipo de trabalho.
2 – Para atrair os melhores, muitas das empresas de maior sucesso no mundo transformam os melhores empregados, os tubarões, em sócios, a exemplo do Banco Garantia, de Lemann.
3 – Ser aluno das universidades de renome não significa, necessariamente, que você receberá a melhor formação. Mais importante do que ter diploma é ter conhecimento.
4 –Promessa de Doação (Giving Pledge) é um compromisso de bilionários, para que doem mais de 50% de suas fortunas a ações filantrópicas, antes da morte ou depois da morte (mediante testamento). A iniciativa coube a Bill Gates e Warren Buffett.
5 – Desde os gregos, o pré-requisito básico para o sucesso já era o autoconhecimento. Atribui-se a Tales de Mileto, o primeiro filósofo da história, o conselho: Conhece-te a ti mesmo. Conhecendo e seguindo a tua paixão, as 10 mil horas para o sucesso serão mais leves.
Sobre o autor:
Ricardo Geromel nasceu em São Paulo, formando-se pelo Colégio Sion. Fez a formação superior na Universidade Farleigh Dickinson (FDU) em Nova Jersey (EUA). Para alcançar bolsa nesta faculdade, comprometeu-se a jogar pelo time de soccer (nome do futebol nos EUA). Posteriormente, fez graduação em Masters in Management, da ESCP, a mais velha escola de economia do mundo, sediada em Paris.
Fez parte da consultoria da Ernst and Young, auxiliando empreendedores estrangeiros com interesse na China. Essa etapa de trabalho tornou Geromel um especialista nos negócios chineses, experiência que ele transformou no livro O Poder da China. Em 2011, entrou para a Equipe da Riqueza, time de jornalistas da revista Forbes encarregados de descobrir bilionários que venham a compor a famosa lista das maiores fortunas, editada pela revista.
Ricardo não seguiu a carreira de futebol, mas seu irmão Pedro Geromel, sim, tornando-se zagueiro do Grêmio de Porto Alegre. Mesmo não seguindo a carreira de astro do futebol, Ricardo tem fortes ligações com o universo do esporte, pois é sócio-gestor do time Fort Lauderdale Strickers, na Flórida.
Introdução
Para revelar o andamento e o escopo deste livro, é preciso nos atermos a duas referências importantes: a) O autor, Ricardo Geromel, trabalhou na revista Forbes para descobrir e analisar novos bilionários pelo mundo, fazendo parte de um grupo de jornalistas chamado “Wealth Team “; b) com base nessas reportagens e descobertas, Geromel procurou focalizar as qualidades comuns entre os bilionários atuais: “Desde o primeiro dia na ‘equipe da riqueza’, tentei encontrar semelhanças entre os diversos bilionários. Meu propósito com este livro é mostrar que os 1.645 bilionários presentes na lista da Forbes [2014] possuem mais características em comum do que a quantidade de zeros antes da vírgula em suas contas bancárias. Eu acredito que existe um mindset bilionário, o que faz com que a maioria desses ricaços pense e aja de maneira similar”.
Os três primeiros brasileiros da lista. Apesar de a Forbes ter sido fundada em 1917, a revista é notória no mundo todo por conta de sua lista de bilionários, que só foi criada em 1987, quando havia 140 bilionários, sendo que apenas três eram brasileiros: Sebastião Camargo, fundador do conglomerado industrial Camargo Corrêa, e também proprietário da conhecida marca de chinelos Havaianas; Antônio Ermírio de Moraes, um dos acionistas controladores do grupo Votorantim, que figura entre os maiores e mais diversificados grupos da América Latina com negócios nas áreas de alumínio, papel e celulose, energia, cimento e outros; e Roberto Marinho, que transformou um pequeno jornal herdado de seu pai em 1925 no maior império de mídia da América Latina, as Organizações Globo.
As características em comum entre os bilionários da Forbes e, por extensão, de outros já próximos, encabeçam os oito capítulos deste livro.
Capítulo 1 – Bilionário gosta mais de ganhar do que gastar
Não há atalhos para o sucesso. Malcolm Gladwell, autor de diversos best-sellers, entre eles Fora de Série- Outliers, explica por que para ter sucesso é preciso se dedicar de corpo e alma durante anos ao mesmo projeto. A tese central do delicioso livro de Gladwell é de que, para chegar ao topo de qualquer área, são necessárias no mínimo 10 mil horas de alta dedicação em um determinado tipo de trabalho. Para chegar a essa conclusão, Gladwell estudou a vida de diversas pessoas que chegaram ao topo de suas profissões. O autor afirma que os bilionários Bill Gates e Paul Allen, cofundadores da Microsoft, estudavam num colégio elitista que já providenciava acesso a computadores numa época em que pouquíssimas universidades no mundo tinham tais máquinas. Ainda adolescente, Bill Gates costumava pular a janela da casa de seus pais e correr para o colégio para passar tempo no computador.
O homem mais rico do mundo só chegou ao topo por ter passado mais de 10 mil horas desenvolvendo softwares, num período em que poucos tinham acesso a computadores. Após a agradável leitura dessa obra, será difícil não condenar à morte os conceitos de que o que leva as pessoas ao topo é algum tipo de dom ou talento natural.
Cortar unha x cortar gastos. Não apenas a plena dedicação ao trabalho, mas também a aversão a gastos frívolos são pontos em comum entre a maioria dos bilionários. O bilionário brasileiro Marcel Telles, sócio do homem mais rico do Brasil e um dos donos do Burger King, Heinz Ketchup, cerveja Brahma, Budweiser e muitas outras marcas, é conhecido pela seguinte máxima: “Custos são como unhas, temos de cortar sempre e, se não cortarmos, não vão parar de crescer”.
Filho de um operador do mercado financeiro de Nebraska, Warren Buffett é fiel às suas raízes e ainda mora na mesma casa que comprou em 1958 por 31.500 dólares, dirige o próprio carro – que não é nenhum Rolls Royce – e costuma comer em restaurantes baratos de Omaha, como o Gorat’s, onde o prato preferido é o filé acompanhado de batatas fritas e Coca-Cola de cereja.
Modelo de trabalho. Edson Bueno personifica nosso primeiro mandamento. O que você faria se colocasse no bolso 1 bilhão de dólares? Viveria de sombra e água fresca em alguma praia paradisíaca? No fim de 2012, ele embolsou muito mais do que 1 bilhão de dólares com a venda da Amil, maior operadora de planos de saúde do Brasil, e ainda manteve a participação e o cargo de presidente na empresa que ele fundou.
Apesar de ser um dos homens mais ricos do mundo, Edson conta que continua “sendo a pessoa que mais trabalha na empresa” e que sempre foi workaholic. Com alguém que repetiu a 4ª série quatro vezes torna-se médico? Como um jovem recém-formado e imerso em dívidas torna-se bilionário? A fórmula de sucesso do Edson Bueno é baseada em clara visão de longo prazo com metas bem estabelecidas e mensuráveis, criatividade para se diferenciar, incessante busca pelo conhecimento, investimento pesado na formação de um time e muito, mas muito trabalho.
Antes mesmo de se formar na UFRJ, Edson começou a trabalhar na casa de saúde São José, que estava praticamente falida e com dificuldades de pagar os encargos de seus funcionários. Após o sexto mês sem receber seu salário, Edson achou uma maneira de se tornar sócio. Faltavam três meses para ele receber o diploma da universidade e ele estava assumindo a maior dívida de sua vida.
Venda com participação. Edson revolucionou o falido hospital, e este primeiro empreendimento foi o embrião do Grupo Amil, que viria a ser a maior operadora de planos da saúde do Brasil. No fim das longas negociações com a United Health Care Group (UHG), como é costume em transações desse porte, ele negociou diretamente com o manda-chuva da UHG. No fim das contas, a UHG comprou 30% da Amil de acionistas públicos e 60% de Edson Bueno e sua ex-mulher Dulce. Com parte do acordo, identificado na imprensa internacional como “projeto samba”, Edson reteve uma participação na capital da Amil, permaneceu como CEO da empresa que fundou, e ainda comprou 0,8% da UHG, tornando-se o primeiro estrangeiro a sentar no board (mesa de diretores) dessa empresa top de saúde.
Capítulo 2 – Bilionário é empregador e não empregado
Como resumiu o fenômeno das palestras motivacionais Jim Rohn: “Os lucros são melhores do que os salários. Os salários lhe trarão sustento; os lucros lhe trarão fortuna”. Nitidamente, o único caminho para os bilhões, se você não for um esperma sortudo ou casar com a pessoa “certa” é ser empreendedor. É simples: ou você empreende ou vai acabar trabalhando para alguém que seguiu seu próprio sonho.
Fundar empresa, um sufoco. Num bate-papo, Armínio Fraga, ex-presidente do Banco Central do Brasil, contou a Geromel que é muito difícil empreender no Brasil, principalmente por causa de Brasília. O Banco Mundial classifica o Brasil como o país 116 (de 189) mais difícil de começara uma nova empresa. No Brasil, são necessários 123 dias para começar um negócio (versus 2 dias no Canadá, 4 dias na Austrália, 6 dias na Armênia, 9 dias em Ruanda, 17 dias na China).
Os empreendedores que, apesar de tudo, conseguem ter sucesso no Brasil, recebem recompensas empolgantes. O Brasil apresenta uma das maiores taxas de crescimento no número de bilionários do mundo.
Em 2011, havia 30 bilionários brasileiros. No ano seguinte, o número cresceu 20%, atingindo 36 bilionários. Em 2013, havia 45 bilionários brasileiros, crescimento de 25%. Em 2014, chegamos a 65, crescimento de mais de 44%, enquanto o crescimento no número de bilionários no mundo inteiro foi de 15%.
Planejar, eis o foco. Steve Forbes, o chairman e chefão-mor da Forbes estima que os empreendedores brasileiros atuais e futuros se beneficiariam se tivessem mais facilidade em se planejar para o que vem pela frente. Steve contou a Peter Diamandis, seu amigo e fundador da Singular University, faculdade localizada no câmpus de Pesquisa e Desenvolvimento da NASA:
“Eu acho que as características entre os empreendedores de todo o mundo são praticamente as mesmas. [O empreendedor] tem a visão, o apetite, o desejo e a [propensão de] esquece[r] do relógio, trabalhando até terminar sua tarefa. Isso não muda. O que mudou é que, graças à queda do muro de Berlim, graças ao sucesso dos EUA em sair do mal-estar da década de 1980, de repente, o que você poderia chamar de classe empreendedora explodiu em todo o mundo – Índia, China, Europa Central e do Leste, e os países bálticos.”
Capítulo 3 – Tubarão nada com tubarão, sardinha nada com sardinha
O que é um tubarão? Antes de responder a esta pergunta vale recorrer ao famoso caso do juiz americano Potter Stewart, que afirmou “Talzez eu nunca seja capaz de descrever o que é pornografia de maneira inteligível. Mas eu sei o que é [pornografia] quando vejo”. Talvez nem mesmo Jorge Paulo Lemann, o homem mais rico da América do Sul, saiba definir exatamente o que é um tubarão, mas ele entende a importância de ser e estar entre tubarões. Lemann não faz nenhum empreendimento sem seus dois sócios-tubarões-bilionários, Carlos Alberto Sicupira e Marcel Herman Telles.
Os verdadeiros tubarões respeitam o segundo mandamento dos bilionários: Bilionário não é empregado. Para atrair os melhores, muitas das empresas de maior sucesso no mundo transformam os melhores empregados, os tubarões, em sócios. No Banco Garantia, Lemann instaurou uma estratégia: quem atingisse metas agressivas tornava-se dono do negócio, mesmo que fosse como sócio minoritário. A empresa que faz o aplicativo de fotos Instagram também usava este tipo de recompensa para motivar seus tubarões.
Quando o Facebook comprou o Instagram numa transação bilionária, todos os 13 empregados da empresa eram acionistas dela, ou seja, eram donos. E todos eles se tornaram milionários (em dólares). Geromel investigou essa transação para saber se o brasileiro Mike Krieger, que havia fundado o Instagram dois anos antes da venda para o Facebook, seria mais um bilionário brasileiro. Krieger ganhou uma considerável fortuna, mas ele não é um dos 1.645 bilionários espalhados pelo planeta.
Bilionário líder. Jorge Paulo Lemann, nascido em 26 de agosto de 1939, é o homem mais rico da América do Sul. O pai de seis filhos, com duas mulheres diferentes, teve sua fortuna estimada em 19,7 bilhões de dólares na lista da Forbes de 2014.
Filho de um empreendedor suíço com uma brasileira, Jorge Paulo Lemann estudou na Escola Americana do Rio de Janeiro, na qual passava a maior parte do tempo surfando e jogando tênis. Aos 17 anos, mudou-se para Boston para estudar na prestigiosa Harvard University.
Lemann era aficionado pelo tênis e antes de fazer carreira no setor financeiro e empresarial, defendeu torneios importantes no Brasil e na Suíça. Como cidadão suíço, além de brasileiro, defendeu as cores da Suíça pela Taça Davis. Compreendendo, porém, que nunca seria dos primeiros do tênis em nível mundial, partiu para outra motivação, a financeira, e aí ficou campeão.
Banco Garantia, a base. Lemann passou 8 anos trabalhando em diversas instituições financeiras no Brasil, até montar, em 1971, o lendário Banco de Investimentos Garantia, comprando a corretora com o mesmo nome onde ele trabalhava. Segundo ele, uma das suas principais fontes de inspiração sempre foi o seu esporte predileto: “O tênis exige muita disciplina, treino e análise de como posso ser melhor. Minha atitude nos negócios sempre foi de fazer força, treinar e ter foco, porque, de vez em quando, as oportunidades passam e você tem que agarrar”.
O modelo de negócio implementado por Lemann no Banco Garantia era fortemente inspirado no agressivo banco de investimentos Goldman Sachs: Lemann nunca teve vergonha de afirmar que não só copiou muito do Goldman Sachs, mas também que gostaria que o Garantia fosse o Goldman Sachs brasileiro: foco na meritocracia, altos bônus e participação societária para os melhores tubarões.
Sócios-tubarões. Em todos os empreendimentos, Lemann conta com seus dois sócios-tubarões. Os três estão juntos em todos os empreendimentos e até em ações filantrópicas, como a fundação Educar. No tempo livre, os três praticam pesca submarina. Para se destacar neste esporte é necessário não só ter a força para encontrar o peixe em seu ambiente natural, mas também saber o momento exato de arremessar o arpão na sua presa. Preparo meticuloso, paciência e foco na execução – o trio usa esta receita dentro e fora do mar e foi assim que enriqueceu.
Capítulo 4 – Bilionário entende o poder da educação
No capítulo anterior, enfatizamos a importância de ser e estar com tubarões, foram citados diversos exemplos de como vale a pena se envolver nas melhores universidades do mundo. Contudo, ter um diploma não é sinônimo de ter educação. Ser aluno nas universidades de renome não significa, necessariamente, que você receberá a melhor formação. Mais importante do que ter diploma é ter conhecimento. De fato, há mais bilionários sem diploma universitário do que bilionários com PhD (doutorado). George Lucas, o cineasta que ganhou bilhões e escreveu o nome na história com sucessos como Indiana Jones e Star Wars (Guerra nas Estrelas), disse: “É assustador pensar em nosso sistema de ensino como algo um pouco melhor do que uma linha de montagem, onde o único objetivo é a produção de diplomas”.
Arcaico sistema. Peter Thiel, bilionário nascido na Alemanha e cofundador do sistema de pagamentos Paypal, é outro bilionário que é contra o arcaico sistema de educação tradicional, que há mais de um século tem sido praticamente omesmo. Thiel acredita que o custo/benefício de ser aluno nas mais conceituadas universidades do mundo não vale a pena. Harvard custa aproximadamente 50 mil dólares por ano, sem contar os custos de moradia, alimentação, viagens etc.
Deusa sabedoria, em primeiro lugar. Dinheiro pode vir e ir, mas o que fica para sempre é educação e cultura. Enquanto alguém pode roubar seu dinheiro, nada e ninguém – a não ser algumas raras doenças – conseguem tirar o que está dentro da sua cabeça. Vale a pena repetir que os gregos diziam que se você perseguir a deusa da riqueza ela vai te esnobar e fugir. Porém, se cortejar a deusa da sabedoria e correr atrás dela com vigor com que um faminto vai atrás de um prato de comida, ela irá , pouco a pouco, se aproximar de ti. Quanto mais você se aproximar da deusa da sabedoria, mais atrativo você será para a deusa da riqueza, que começará a vir atrás de você.
Capítulo 5 – Bilionário permite-se fracassar, sempre faz novos erros, fracassa até acertar, fracassa rumo ao sucesso
Paul Tough, que escreve para a New York Times Magazine e é autor do livro How Children Succeed (em tradução livre, Como as crianças atingem o sucesso), reforça a tese da suprema importância do fracasso na jornada para o sucesso. Há uma forte crença em vigor de que o sucesso hoje depende principalmente das habilidades cognitivas: o tipo de inteligência que é medida nos vestibulares e testes de QI, incluindo a capacidade de fazer cálculos complexos rapidamente, detectar padrões e reconhecer letras e palavras. Também acredita-se que a melhor maneira de desenvolver essas habilidades é praticá-las exaustivamente e quanto mais cedo começar, melhor. Paul Tough rema contra a maré e defende que ter caráter é mais crucial do que ter pura inteligência para alcançar o sucesso. Tough sugere que a melhor maneira de desenvolver o caráter é: “Encontrando e superando fracassos que ajudarão a desenvolver habilidades não cognitivas, como persistência, coragem e autoconfiança”.
Erro é lição. No jogo da vida, ninguém tem uma partida perfeita, nem mesmo os bilionários! Se você acha que alguém tem uma vida sem nenhum erro, sua percepção está certamente equivocada. Quanto mais rápido você aprender a lidar com seus erros, mais cedo você estará pronto para o sucesso. Erros são bem-vindos, desde que você não continue a repeti-los. Lembre-se da célebre frase de Albert Einstein, que certa vez definiu estupidez como “fazer as mesmas coisas e esperar resultados diferentes”.
Claramente, a fórmula para chegar ao topo inclui, no mínimo, três ingredientes essenciais:
- Falhar, falhar, falhar.
- Aprender com seus erros o mais rapidamente possível.
- Continuar acelerando e fazendo novo erros.
“A jornada de ninguém é perfeita ou suave. Todos nós tropeçamos. Todos nós temos contratempos. É a maneira da vida te dizer que é hora de mudar de rumo.”
Essa é uma declaração de Oprah Winfrey, a mais rica afroamericana e fundadora do canal de TV a cabo Oprah Winfrey Networks. Seu sonho era ser âncora de um programa de notícias, mas foi recusada por se envolver emocionalmente com as histórias. Acabou recebendo um convite para ser âncora de um programa durante o dia. O resto é história.
Segue parte de ode ao fracasso de Romero Rodrigues, um príncipe da internet:
Meus parabéns, você fracassou. Sem ironias, é exatamente isso que eu que quero dizer. Se a sua ideia não vingou, mesmo com criatividade, originalidade, ineditismo e várias outras características positivas, parabéns. Essa experiência mostra que você experimentou e resolveu testar um caminho novo. Você saiu do modo de segurança que travava suas ideias para mergulhar no mundo da inovação. Resumindo: você aprendeu. Como não te dar os parabéns?
Capítulo 6 – Bilionário é sensível à filantropia
Nada ilustra melhor o compromisso de bilionários com filantropia do que a “promessa de doação” (do inglês, giving pledge) que é um pacto entre bilionários para doar mais de 50% das suas fortunas para ações filantrópicas de sua própria escolha antes de sua morte ou após morrerem, deixando essa “promessa de doação” clara nos seus testamentos. O homem mais rico do mundo, Bill Gates, junto com sua esposa, Melinda Gates, e o segundo mais rico, Warren Buffett, criaram essa brilhante iniciativa em junho de 2010 e, quatro anos depois, 127 bilionários de 12 países já haviam assinado. O mais jovem bilionário a assinar tem 29 anos e o mais velho, 98 anos.
Doação à educação. Amador Aguiar, fundador do Banco Bradesco e um dos mais importantes empresários do Brasil no século XX, também foi um grande filantropo. Ele deixou a maior parte de sua fortuna com a Fundação Bradesco, que ele mesmo criou em 1956 e que, apenas nos últimos 10 anos, já aplicou mais de 4 bilhões de reais em educação – suas escolas beneficiaram mais de 101 mil alunos apenas em 2013.
Filantropia não é o mesmo que caridade. Embora alguns usem, erroneamente, os dois termos como sinônimos, caridade seria como “dar o peixe” e filantropia “ensinar a pescar”.
Em 2012, a Forbes organizou uma conferência sobre filantropia, que reuniu 161 bilionários na biblioteca pública de Nova York. Além de óbvios interesses relacionados a incentivos fiscais e boa imagem pública, os bilionários parecem também ter um imperativo moral que os move a ajudar o próximo.
Lições de um artista. Bono é um dos artistas mais politicamente ativos da história e atua em várias frentes filantrópicas, geralmente focando em ajudar aqueles que estão em situação de miséria absoluta. Bono explicou sua metodologia para engajar em filantropia: “Eu aprendi a ser um ativista baseado em evidências. Descubra o que funciona. Repita o que funciona. Pare o que não funciona”. Quando você doa tempo e/ou dinheiro para causas não lucrativas, você mensura e decide qual causa ajudar baseado em evidências? Ou você decide qual causa apoiar baseado em algum carinho especial pelas pessoas que tocam o projeto ou pelo problema que estão tentando solucionar?
Aliás, Bono encontrou-se com o ex-presidente Lula em Londres, em 2013, e lhe sugeriu “liderar uma cruzada internacional para transformar o Bolsa Família num projeto planetário, que atenda a todos os pobres do mundo”. Lula gostou da ideia e respondeu ser possível realizar o Bolsa Família global, se houver interesse dos países mais ricos.
Microcrédito. Mohammed Yunus, ganhador do Prêmio Nobel da Paz, afirmou que: “Ganhar dinheiro é uma felicidade. Mas fazer outras pessoas felizes é uma superfelicidade”. Yunus, filho de camponeses de Bangladesh, quer ajudar necessitados a se ajudarem. Ele fundou o Grameen Bank, que começou dando empréstimos a mulheres pobres que não tinham crédito em nenhum outro lugar em Bangladesh e hoje é uma prática reproduzida nos quatro cantos do mundo.
Capítulo 7 – Bilionário fica no presente e sabe que não é a pessoa mais importante da sala
“Viva o presente intensamente e totalmente, não deixe o passado ser um fardo, e deixe o futuro ser um incentivo. Cada pessoa forja o seu próprio destino.”
Assim se expressou Carlos Slim, mexicano que foi o homem mais rico do mundo nas listas de bilionários da Forbes durante quatro anos seguidos, entre 2010 e 2013.
Ricardo Geromel, ao entrevistar Abílio Diniz sentiu que o entrevistado procurava criar uma empatia com o jornalista que o entrevistava: “Entrevistei o bilionário Abílio Diniz em Boston. Achei que minha conversa com o bilionário que criou o império varejista do Grupo Pão de Açúcar seria breve, mas acabamos batendo papo por mais de uma hora. O superlativo Abílio, que tem mais de 70 anos, estava tão presente que o nosso papo foi rejuvenescedor. Saí da conversa com mais energia do que entrei.”
Empatia, item importante. No livro Sete Hábitos das Pessoas Altamente Eficazes (1989), best-seller que já vendeu mais de 15 milhões de cópias ao redor do mundo e que a Forbes elegeu em 2002 como um dos 10 livros mais influentes de gestão da história, o autor Stephen Covey sugere cativar a “escuta empática para ser genuinamente influenciado por uma pessoa, o que obriga a retribuir, a te ouvir e ter uma mente aberta para ser influenciado por você; criando uma atmosfera de carinho…”. Esta prática de “escuta empática” é definitivamente exercida pela maior parte dos bilionários, segundo experiência de Geromel, como caçador de unicórnios e bilionários.
Desfrutar o presente, eis a receita. Em Nova York, onde todos têm tanta oferta de fazer coisas o tempo todo e a grande maioria está sempre com a agenda cheia, também se vê que as pessoas se esquecem de desfrutar o presente. Pesquisas de neurocientistas da Unidade de Neuroimagem Cognitiva do Instituto Nacional da Saúde e da Pesquisa Médica da França (na sigla em francês, Inserm), agência de pesquisa médica francesa, concluem que só podemos ser eficientes fazendo no máximo duas atividades ao mesmo tempo.
Estudiosos afirmam que fazer mais ao mesmo tempo aumenta nossas probabilidades de errar. Um estudo da Clifford Nass, pesquisador da Stanford, concluiu que quem está muito acostumado a fazer diversas atividades ao mesmo tempo (em inglês, multitasking) usa seu cérebro de maneira muito menos efetiva.
Não pular de galho em galho. Nass sugere o que ele chama de “regra dos 20 minutos”. Em vez de pular de tarefa em tarefa a cada minuto, dedique 20 minutos contínuos a uma só atividade e só depois mude para a próxima.
Talvez antes de acumularem o primeiro bilhão, os bilionários já tivessem o hábito de estar sempre no presente e este hábito continuou quando se tornaram bilionários. Lembre-se da máxima de Aristóteles: “Nós somos o que fazemos repetidamente. Portanto, excelência não é um ato, mas sim um hábito”. Sem dúvidas, vale a pena criar o bilionário hábito de focar no presente.
Diniz em foco. Geromel entrevistou o bilionário brasileiro Abílio Diniz em maio de 2012, em Boston, durante uma conferência sobre Capitalismo Consciente, movimento encabeçado pelo ex-hippie e agora bilionário John Mackey, fundador de uma rede de varejo de alto padrão (e preços) chamada Whole Foods. Durante a conferência de Boston, Abílio e seu entourage já estavam vivendo um período extremamente turbulento, que culminaria com os franceses do Grupo Casino assumindo o controle da empresa Pão de Açúcar. Apesar de tudo, a alegria, descontração e até mesmo o barulho da mesa dos brasileiros do grupo destoava da seriedade do resto dos conferencistas. Nenhum gringo ali presente poderia desconfiar que Abílio e seu grupo estavam passando por uma crise tão profunda.
De armazém a hipermercado. Abílio Diniz fez a palestra de encerramento, passando o que aprendeu na sua trajetória pessoal e profissional desde 1959, ano em que seu pai abriu o primeiro pequeno supermercado – então ainda uma novidade no Brasil dos armazéns, empórios e secos e molhados – até o grupo Pão de Açúcar transformar-se num império multibilionário e ter se tornado um dos maiores empreendedores privados do país, com mais de 150 mil colaboradores.
Qualidade é essencial. Abílio afirmou que o que distingue o Pão de Açúcar de todos seus competidores é o foco absoluto na qualidade. Pessoalmente qual seria seu diferencial? Revelou que sempre seguiu quatro fundamentos básicos para o sucesso: humildade, determinação e garra, disciplina e equilíbrio emocional. Certamente, a empatia que ele exibe se junta a esses fundamentos na sua trajetória vitoriosa.
Capítulo 8 – Bilionário tempera tudo com tenacidade e tesão! Modo de preparo: com brilho nos olhos!
Paixão pode ser definida como aquela intensa emoção que te preenche de desejo e entusiasmo. Ralph Waldo Emerson, um dos mais importantes escritores do século XIX, disse: “Nada jamais foi conquistado sem entusiasmo”. Ele é o tempero necessário para ter uma vida extraordinária.
Conhece-te a ti mesmo. Há mais de 2 mil anos, os mais sábios aconselham a, antes de mais nada, ter clareza sobre seus pontos fracos e fortes e saber quem você é, e quem você não é. Desde os gregos, o pré-requisito básico para o sucesso já era o autoconhecimento. Tales de Mileto, considerado por muitos o primeiro filósofo da história, já aconselhava: “Conhece-te a ti mesmo”. E, você? Você se conhece, sabe qual é a sua paixão?
Trabalhar 10 mil horas com paixão. Dedicando-se à sua paixão, você irá, essencialmente, aperfeiçoar suas habilidades e dons para se tornar um especialista na sua área. Trabalhando com sua paixão, vai ser mais fácil acumular as 10 mil horas que Malcolm Gladwell defende serem essenciais para atingir a excelência. Pode até parecer obvio, mas quantas pessoas que você conhece passam realmente a maior parte do seu tempo ocupadas com o que fazem de melhor?
Paixão e tenacidade. Steve Ballmer, sócio de Bill Gates na Microsoft, sugeriu aos estudantes da Universidade do Sul da Califórnia: “Não tenham paixão, tenham tenacidade. Paixão é a capacidade de ficar com esta coisa… Você encontra algumas paredes. Você tenta uma fórmula para uma nova ideia, uma inovação, mas não funciona. E é o quão tenaz, o quão otimista e persistente você é, que vai determinar o seu sucesso”.
Sucesso tem coração. Vejamos o que a bilionária Oprah Winfrey tem a dizer no quesito: “Esquece o detalhe. Se você realmente quer voar, aproveite o poder da sua paixão. Honre o seu chamado. Todo mundo tem um. Confie no seu coração, e o sucesso virá para você”.
Conclusão
Você pode seguir à risca todos os mandamentos; ter mais prazer em construir do que em ter, ser empregador, andar com tubarões, entender o poder da educação, fazer novos erros, ser sensível à filantropia, viver 100% no presente, mas se você não tiver aquela chama nos olhos, não chegará ao topo. Obrigado, um bilhão de abraços!
Ficha técnica:
Título: Bilionários – o que eles têm em comum além dos nove zeros antes da vírgula
Autor: Ricardo Geromel
Primeira edição: Leya
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