Digitalização das prefeituras é aposta da Aprova Digital
Govtech, que recebeu aporte seed da Astella Investimentos em 2021, atende mais de 50 municípios, já atingiu o equilíbrio financeiro e se prepara para novas rodadas de investimento
Fique ligado:
1. Diante da burocracia, demora e pilhas de papéis referentes aos processos relacionados a obras, startup que nasceu de negócio familiar investe em plataforma que digitaliza os processos das prefeituras, elimina a necessidade de atendimento presencial e reduz custos tanto da administração pública quanto do cidadão.
2. As prefeituras que utilizam a plataforma conseguem acessar de forma automática informações que podem ser estratégicas sobre a cidade para usá-las em políticas públicas de forma mais planejada e assertiva.
3. A velocidade de adoção da ferramenta para garantir que mudanças na gestão pública não afetem o resultado são desafios para a implementação de serviço da empresa.
4. Meta da startup é triplicar faturamento em 2022.
O arquiteto de edificações Marco Antonio Zanatta trabalhava nos negócios da família, no segmento de construção civil, e tinha de lidar com pedidos de alvará de construção, aprovação de projeto e consulta a pilhas de papéis referentes ao processo das obras que gerenciava. Ele não se conformava que o processo era todo feito de forma analógica, demorava até 90 dias para ser finalizado e precisava ser feito pessoalmente, no balcão das prefeituras.
A insatisfação gerou uma oportunidade e, assim, nascia em 2017 a startup Aprova Digital, plataforma que digitaliza os processos das prefeituras, elimina a necessidade de atendimento presencial e reduz custos tanto da administração pública quanto do cidadão. “Temos uma solução completa para a prefeitura, que pode fazer sua transformação digital como um todo ou por partes, de acordo com suas necessidades”, afirma Zanatta, fundador e CEO da empresa, em entrevista ao [EXP].
Confira a seguir trechos da conversa com o empreendedor que ambiciona tornar a Aprova Digital a maior govtech da América Latina.
Santo de casa faz milagre
A primeira prefeitura a adotar o sistema foi a de Cascavel, no Paraná, cidade onde Marco mora e local que tramitava a maior parte de suas demandas. Hoje, o sistema da Aprova Digital já está em mais de 50 cidades, entre elas São Paulo, Joinville, Barretos e Cascavel. Em Itajaí, Santa Catarina, a adesão ao processo digital da plataforma gerou uma economia de R$ 3 milhões nos primeiros meses de uso. Além disso, a autorização de obras na cidade, que levava de 90 a 120 dias, caiu para até 30 dias.
A plataforma, que começou digitalizando os processos relacionados a obras – alvarás de construção, certidão de viabilidade, Habite-se, entre outros – hoje oferece a digitalização de processos para várias secretarias, como trânsito, meio ambiente, recursos humanos, tributos e finanças, vigilância sanitária e abertura de empresas. “Na pandemia, por exemplo, ofertamos o módulo para agendamento digital da vacinação contra a Covid-19 para as cidades”, conta o empreendedor.
Segundo Zanatta, o modelo de negócio da startup, SaaS, permite gerar receita recorrente crescente. Em 2020, ano em que chegou ao break even, a Aprova Digital cresceu 3 vezes de tamanho, taxa que se repetiu em 2021. A meta para 2022 é triplicar a receita novamente.
No início de 2021, a startup recebeu um aporte de R$ 4 milhões da Astella Investimentos, fundo que também investiu na Gove, govtech que oferece uma plataforma de inteligência de dados para prefeituras.
Desafios do negócio
Segundo o CEO da Aprova Digital, são três os principais desafios do negócio. O primeiro é o tecnológico, já que o sistema tem um certo grau de complexidade, considerando que ele deve ser único, porém deve permitir a necessária flexibilidade para se adaptar às regras de negócio e fluxos de cada cidade. “Após a contratação, precisamos de até 40 dias para fazer toda a parametrização para a prefeitura contratante e colocar o sistema 100% em funcionamento”, conta Marco.
Esse timming tem relação com o segundo desafio do negócio: a troca de gestão a cada quatro ou oito anos. “Existe um alto grau de desconfiança, tanto dos cidadãos quanto da própria administração pública, de que projetos ambiciosos como o Aprova não vão dar certo ou não terão continuidade devido à troca de gestão e eventual priorização de outras demandas. Por isso a velocidade de adoção da ferramenta e o alto grau de responsabilidade para garantir um resultado de qualidade é essencial para que o modelo dê certo”, explica.
Segundo Marco, o último desafio está na capacidade do Aprova Digital inovar continuamente, entregando uma melhor experiência e resultados concretos para a gestão pública. “Até hoje nunca perdemos um cliente”, comemora.
Um dos fatores de sucesso é a boa receptividade do sistema pelos funcionários administrativos públicos, já que, com a digitalização dos processos, eles podem se dedicar a pensar de forma mais estratégica a gestão da cidade, sem se preocupar com o atendimento presencial ao cidadão para estas demandas operacionais.
Informação para gestão pública
Além de reduzir custos e acelerar processos, as prefeituras que utilizam a plataforma conseguem acessar de forma automática dados estruturados para a tomada de decisão. São informações como o potencial de arrecadação das secretarias nos próximos anos, o tipo de empresas que estão se estabelecendo na cidade ou que segmentos não estão se interessando pela região. De posse destas informações é possível trabalhar em políticas públicas de forma mais planejada e estratégica.
Entre os planos futuros da startup está o universo das 5.570 prefeituras brasileiras. A ambição do fundador é grande, ele almeja que a Aprova Digital se torne a maior govtech da América Latina. Apesar da promessa, a internacionalização não é prioridade nos próximos anos. “Hoje as prefeituras têm muita necessidade de digitalização, é um mercado que está em constante necessidade de tecnologia. Há muito mais demanda de soluções do que oferta. O mato é bem alto ainda no Brasil e devemos focar no país no futuro próximo”, revela.
Imagens: Divulgação, Stock.
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