Do mil ao milhão
Ideias centrais:
1- Nossa falta de traquejo para a acumulação de capital nos coloca atrás de países como Argentina, Índia, Chile, Colômbia e Rússia. Estamos longe de nações desenvolvidas, como os Estados Unidos com 45,1% de poupadores para a aposentadoria e Alemanha com 55,1%.
2- Como começar? Os gastos essenciais devem ocupar, no máximo, 50% de sua renda. Cerca de 10% devem ser distribuídos para outros gastos não essenciais e pelo menos 30% para investimentos. Os 10% restantes devem ser “torrados”, porque ninguém é de ferro.
3- Para refletir sobre o “custo de oportunidade”, o primeiro passo é criar um parâmetro de referência, sendo o melhor deles sempre o Tesouro Selic, considerado o investimento mais seguro do país. Como o ativo mais conservador, é referencial para as aplicações.
4- Para saber mais exatamente o valor e o risco na aquisição de ações, o investidor precisará manejar um dos cálculos mais importantes do mercado acionário, o do Preço sobre o Lucro, o famoso P/L. Importante, mas não o único.
5- Personal branding: se você não agrega valor percebido para a sua empresa, para os negócios ou para quem está a seu lado, menores serão suas chances de ter aliados dispostos a lhe darem oportunidades ou comprarem mais de seus serviços.
Sobre o autor:
Thiago Nigro é consagrado investidor. Depois de trabalhar na XP Investimentos, teve seu próprio escritório com mais de 5 mil clientes. Além disso, dedicou-se ao ensino de finanças pessoais, uma necessidade num país de poucos poupadores. Para esse objetivo, criou um canal na Internet, chamado O Primo Rico.
Introdução
Ganhos gerados de investimentos podem variar muito conforme o perfil do aplicador, que pode ser mais audacioso ou mais conservador. O grande problema é que, na maioria das vezes, a aversão ao risco, aliada à falta conhecimento, faz os que se consideram investidores – mas, na verdade, são apenas especuladores – caminharem na direção oposta à que deveriam. Eles entram no mercado no momento de alta e os deixam na baixa, acumulando prejuízos assustadores e reforçando a crença de que investir bem não é coisa para amadores ou deve ser feito apenas por profissionais.
Infelizmente, a imensa maioria das pessoas no Brasil cresceu sem ter recebido noções de educação financeira, seja informalmente, no núcleo familiar, ou formalmente, na escola ou faculdade. Geração após geração, o brasileiro se tornou pouco poupador e nada habituado a observar seus próprios gastos, deixando tudo para depois, inclusive a busca por conhecimentos básicos sobre finanças e investimentos. O brasileiro se acostumou a ser mal remunerado, seja recebendo salários baixos ou rendimentos desfavoráveis oferecidos pelos bancos, e a achar que isso é normal, que não pode ser diferente.
Esse mesmo sistema tem feito milhares de pessoas acreditarem que apenas algumas mentes brilhantes – de preferência que representem alguma instituição de grande porte – sabem lidar com dinheiro e somente elas podem indicar os melhores investimentos. O seu gerente de banco tem metas a cumprir e bônus a receber, mas você ainda acha que ele, atuando num país com um dos maiores spreads bancários do mundo, oferece a você bons produtos financeiros.
Diz Thiago Nigro: – Se eu disser que ser rico não é difícil, apenas trabalhoso?
É esse o grande mote que levou à criação do seu projeto O primo rico. Primeiro com um portal voltado para finanças e depois, em 2016, com o lançamento de um canal no YouTube, focado em quebrar paradigmas do mundo financeiro e falar de dinheiro de forma direta e descomplicada. Nascido no meio digital, o canal O primo Rico acumulou muito mais do que 20 milhões de visualizações em dois anos de experiência. Ele escutou demandas, interagiu, percebeu interpretações erradas sobre o mundo das finanças e pôde reagir conforme a necessidade de seu público. Não existe receita mágica para o sucesso ou criação de novos mitos. O que ele faz é depurar conteúdo de educação financeira, de forma a torná-lo mais acessível e coerente para a realidade brasileira.
PILAR 1 – GASTAR BEM
O perfil do poupador brasileiro demonstra que o exercício de pensar no longo prazo não é algo arraigado em nossa cultura. De acordo com pesquisa realizada pelo Banco Mundial em 2014, compilada por José Roberto Rodrigues Afonso, pesquisador da Fundação Getúlio Vargas, apenas 3,6% dos brasileiros acima dos quinze anos economizam pensando na velhice. Nossa falta de traquejo para a acumulação de capital nos coloca atrás de países, como Argentina, Índia, Chile, Colômbia e Rússia. Mais longe ainda estamos de nações desenvolvidas, como os Estados Unidos, em que 45,1% poupam pensando na aposentadoria, e a Alemanha, onde 55,1% da população age dessa forma.
Apesar de O primo Rico não pregar que existam receitas milagrosas e passo a passo que se apliquem a todos os tipos de pessoas e suas particularidades, a organização de algumas ideias favorece muito a iniciação do não poupador na cultura do investimento. O exercício de autoanálise pode ser feito a partir de uma série de ferramentas que serão apresentadas nas páginas seguintes, pois o conhecimento das próprias limitações facilita a mudança concreta de atitude.
Agora, pense nas perguntas a seguir:
1 – Você investe seu dinheiro em um título, seja em fundos, Tesouro, CDBs ou ações, pensando no longo prazo?
2 – Você faz um investimento em um título, pensando no resgate dele em uma década. No terceiro ano, o Brasil entra em crise e o valor do título começa a cair. Você o vende o mais rápido possível?
3 – Você tem 1 mil reais para investir em ações. Estudou diversas empresas e se decidiu por uma. Você olha o preço dessa ação antes de comprá-la e isso pode influenciar seus planos?
4 – Você acredita que, além de estudo, ganhar um rendimento adequado com investimentos em fundos, ações e renda fixa, entre outros produtos financeiros, depende de sorte?
O verdadeiro investidor não deveria sentir um frio na espinha quando faz um grande aporte. Tendo estudado e compreendido o potencial daquele negócio, e após ter incorporado o sentimento de ser sócio da empresa, a sensação deveria ser de conforto e sucesso, não o contrário. O investidor nunca compra ou vende ações baseado no preço delas no momento, mas sim nos fundamentos da companhia. Não faz day trade desnecessariamente ou pretende ganhar dinheiro com operações de curto prazo que geram custos excessivos com corretagem. Faz aportes pensando na velhice e aposentadoria. Entende o poder dos juros compostos.
Reconhecer a si mesmo e entender os desafios de cada uma das quatro fases financeiras a seguir são um bom ponto de partida e podem prover o suporte necessário na elaboração de suas primeiras metas rumo ao milhão.
Fases para a liberdade financeira: 1) Endividado; 2) Pequeno investidor; 2) Foco no longo prazo; 4) Liberdade financeira.
A primeira fase financeira, a do endividado, é autoexplicativa. Por razões óbvias, nesse momento a pessoa geralmente não consegue guardar nada do que recebe. Ou quando o faz, pensa que o acúmulo momentâneo serve apenas para cobrir aquela parcela a ser paga no mês.
A segunda fase é aquela em que a pessoa se torna o que se chama de “pequeno investidor”. Já ganha um pouco mais do que gasta, mas ainda não consegue se planejar para guardar uma parte da renda ou, se tem guardado, ainda é muito pouco. A pessoa que vive nesta fase pode estar dando os primeiros passos para formar algum tipo de patrimônio, mas, para evoluir, precisa aplicar sem riscos esse dinheiro que sobra.
Na terceira fase financeira, o indivíduo está olhando para além do curto prazo. Suas metas não são o celular novo ou a reforma da casa no fim do ano. Ele está com as contas em dia, tem seu fundo de emergência preparado e sendo constantemente reposto, e começa a refletir sobre o futuro de seu caixa. Passa a procurar investimentos que exigem comprometimento duradouro e, muitas vezes, potencializam-se ao longo do tempo.
Com o patrimônio formado para o futuro, o poupador entra numa quarta fase, na qual não precisa mais se preocupar com dinheiro que possui naquele momento. Ele sabe que vai se aposentar com certa tranquilidade e garantiu a renda para o resto de sua vida.
Precisamos trabalhar para ganhar na mecânica, na técnica dos juros compostos. É o que acontece, quando o dinheiro é guardado e bem investido. No longo prazo, acontece o que muitos economistas gostam de chamar de “mágica dos juros compostos”.
Se no primeiro ano você obteve um rendimento de onze reais acima do que investiu e ao longo do tempo continuou reaplicando todos os valores, no décimo ano aquele montante inicial de cem reais aplicado somaria 260 reais. Isso acontece porque os juros não estão sendo pagos em cima daqueles cem reais iniciais, mas sim em cima do total acumulado até o fim do nono ano, e assim consecutivamente.
Como começar? Algumas dicas são dadas. Propõe-se que, caso você não tenha muita ideia de como estruturar seu consumo mensal, parta do pressuposto de que os gastos essenciais devem ocupar, no máximo, 50% de sua renda. Separados os gastos mais importantes, cerca de 10% devem ser distribuídos para outros gastos não essenciais e pelo menos 30% para investimentos. Os últimos 10% devem ser sempre liberados para serem “torrados”, ou seja, podem ser gastos com o que você quiser com total liberdade, como compras ou lazer. Afinal, como foi dito anteriormente, viver apenas para trabalhar e guardar dinheiro é quase impossível, tornando-nos simples escravos do trabalho e do dinheiro.
Mais do que sair correndo para aplicar seu dinheiro em várias opções (Tesouro direto, CDBs, etc.), o importante, num primeiro momento, é entender que o fundo de emergência deve ser formado com dinheiro pronto para ser resgatado a qualquer momento. Ele deve ser algo simples, não focado na maior rentabilidade.
Se você acha que alcançar essa meta (30% da renda mensal) está muito mais longe do que imagina, refaça seu orçamento e estruture planos para aumentar receitas. Se você não é mais tão jovem e tempo não é uma opção, reflita se realmente vale a pena correr mais riscos para aumentar a rentabilidade de seus aportes, pois pode ser muito difícil depois recuperar o que foi perdido. Tempo e rentabilidade, juntos, serão seus grandes companheiros de agora em diante.
PILAR 2 – INVESTIR MELHOR
Quase nunca paramos para fazer conta, mas vamos entender, com uma analogia simples, o que acontece. Se você viajar com a família e tiver de chegar até uma praia a cem quilômetros de distância, após percorrer os cem quilômetros, chegará ao destino. Mas e se errar o caminho? Vamos supor que ande dez quilômetros na direção errada logo no começo da viagem. Você não vai ter de andar apenas dez quilômetros a mais para corrigir a rota, mas sim o dobro. Serão dez quilômetros de erro e mais dez quilômetros para votar ao ponto zero. Com o dinheiro é a mesma coisa.
Em uma simulação simples, se você investe 880 reais por mês de forma disciplinada, chegará a 1 milhão de reais em trinta anos, caso consiga uma taxa de 0,55% de rendimento ao mês. Mas o que acontece se você passar o primeiro ano (apenas um em trinta anos) sem aplicar os 880 reais mensais? Você vai ter deixado de aplicar 10.586,40 reais, mas chegará ao fim do período com 924 mil reais. Ou seja, por um ano de aplicação, você abriu mão de quase 80 mil reais no futuro. E o que isso significa? Que você deve começar desde já.
O CDI é o Certificado de Depósito Interbancário, uma taxa muito importante para estabelecer um parâmetro aos rendimentos das aplicações de renda fixa. Quanto maior o CDI, melhor para as aplicações de renda fixa pós-fixadas. Quanto mais alto ele for, maior a rentabilidade das aplicações conservadoras, aquelas que não exigem muito estudo.
Para ilustrar como era mais fácil dobrar o capital investido no passado, seja comparado o que acontecia com o CDI em duas ocasiões. Em 1997, a taxa anualizada era de 41,17% a.a., o que exigia 25 meses de aplicação para dobrarmos o capital. Já em 2017, a taxa foi de 6,99% a.a., exigindo que a aplicação ficasse ali por 124 meses para dobrar de valor.
Como tomar a melhor decisão?
Todas as vezes que você se deparar com uma situação em que é necessária uma decisão relacionada a investimentos, precisa entender um conceito muito importante, mas não tão simples, chamado “custo de oportunidade”. O Triângulo de Nigro [criação do autor] também se baseia nele, e suas três pontas – rentabilidade, liquidez e risco – sempre devem ser analisadas antes de um aporte.
Para refletir sobre o “custo de oportunidade”, o primeiro passo é criar um parâmetro de referência, sendo o melhor deles sempre o Tesouro Selic, considerado o investimento mais seguro do país. Por se tratar de um título público, seu risco advém da possibilidade de o governo brasileiro quebrar. Logo, por ser o ativo mais conservador que existe no mercado financeiro, pode ser utilizado como referencial para todas as aplicações que fazemos.
Vamos imaginar que temos a opção de investir entre o Tesouro Selic e o CDB de um banco. Sabemos que o Tesouro Selic é o investimento mais conservador, certo? Então, para colocar dinheiro no CDB, que tem um risco um pouco maior, o rendimento final terá que ser um pouco superior.
É aí que entram em cena outras duas características muito importantes para os investimentos: a liquidez – ou seja, a facilidade em que podemos ter o dinheiro do investimento em mãos – e a rentabilidade. São elas que irão compor o que nós chamamos de “prêmio de risco”. Para que faça sentido adquirir um risco maior nas aplicações, precisamos ser compensados – com maior rentabilidade ou maior liquidez, de preferência os dois. Como o Tesouro Selic possui uma alta liquidez e segue a taxa Selic, isso o torna um referencial perfeito.
Encontre os melhores investimentos
Com o aumento da procura por investimentos melhores que a poupança, a oferta de serviços financeiros cresceu bastante. Em seguida, serão listados os cinco métodos mais práticos:
Bancos. As instituições bancárias brasileiras por muitos anos reinaram como opção única e absoluta. Isso acabou criando organizações que não precisavam considerar o cliente, pois todo o ecossistema tinha sido arquitetado para tirar o maior dinheiro possível do pequeno poupador (que se individava). Para os que têm alguns milhões em conta, porém, existe uma categoria de atendimento conhecida como private, na qual o cliente consegue ter acesso a opções, algumas bem interessantes, que não são oferecidas ao cliente comum.
Corretora. A corretora é uma das melhores opções para os investimentos que não fazem parte do private, oferecendo maior poder de escolha aos clientes. Mesmo existindo uma curadoria que lhe indicará boas aplicações, isso não garantirá que você não terá algumas aplicações ruins em sua carteira. Entre as principais vantagens de se usar uma corretora é que com ela você consegue comparar muitas aplicações sem precisar abrir conta em diversos lugares. Algumas corretoras oferecem taxa zero para alguns produtos, mas é preciso entender que as corretoras também ganham dinheiro com o spread na venda de alguns produtos financeiros e com a taxa de corretagem pelo giro das aplicações. Os interesses são mais alinhados aos seus do que nos bancos.
Banco digital. São instituições financeiras sem agências, que funcionam de maneira 100% digital. Para o pequeno poupador, é uma opção com baixos custos e que apresenta títulos com rendimentos superiores aos dos bancos convencionais. Porém, pelo pouco tempo em que estão no mercado, a oferta é ainda bem limitada.
Gestora. Na maioria dos casos, não faz sentido investir diretamente pelas gestoras – empresas do setor financeiro que criam um fundo e decidem para onde vão os recursos -, pois com a corretora você tem acesso direto a vários fundos de uma só vez e pode compará-los de maneira muito mais fácil. Ponto positivo das gestoras: costumam prestar bom atendimento ao cliente.
Robôs. Investir por meio de robôs tem ganhado bastante popularidade. Um sistema avalia seu perfil de risco e faz os investimentos por você. É bom para leigos e não custa tão caro para o nível de serviço que prestam. Mas, para quem entende um pouco mais do assunto ou quem gosta de autonomia, o robô limita o poder de decisão, tendo um custo superior ao de outras instituições.
Ações: dimensão da valoração
Sem ter uma noção da valoração do mercado de ações, ou seja, sem saber se determinado ativo está caro ou barato, o investidor não saberá de forma mais exata sobre o risco que está assumindo no longo prazo. Para entender como isso pode funcionar na prática, um dos cálculos mais utilizados é o do Preço sobre o Lucro, o famoso P/L. Na prática, quanto menor ele for, mais barato está o ativo.
Imagine que você comprou uma empresa por 1 milhão de reais, e ela distribui anualmente um lucro de 100 mil reais. Se fôssemos utilizar o indicador P/L, teríamos um Preço ( 1 milhão de reais) sobre Lucro (100 mil reais) de dez, o que significa que dez anos serão necessários para obter o capital de volta por meio dos lucros distribuídos. Se essa mesma companhia distribuísse 200 mil reais de lucro, teríamos um P/L de cinco, ou seja, ela estaria mais barata para compra. É claro que olhar esse indicador de forma isolada pode ser prejudicial, mas ele é importante como um complemento de análise. O indicador aponta, mas não determina.
Apesar de ser um indicador muito importante, o P/L não diz tudo. Por exemplo, se a ação da empresa A apresenta um P/L de doze, enquanto a ação da empresa B apresenta um P/L de vinte, a primeira impressão é que a ação da empresa A está mais barata do que a da empresa B, e por isso vale mais a pena investir na empresa A.
Sem aprofundamento, essa informação pode nos induzir ao erro. Vamos supor que, apesar de a empresa B ter um P/L maior, ela dobra de tamanho todo ano, enquanto a empresa A apenas mantém seus lucros constantes. Essas novas informações fazem toda a diferença. Isso porque, se o preço das ações permanecer constante, e a empresa B dobrar seu lucro, o P/L irá para dez, fazendo com que ela se torne uma alternativa mais barata do que a da empresa A, sendo necessário apenas tempo para revelar isso.
Ações não são difíceis de serem compreendidas, são apenas um tipo de investimento que representa o capital social de uma companhia. Basicamente, o mercado acionário é uma alternativa que uma empresa tem para se financiar e expandir os seus negócios. É por meio delas que os investidores podem, efetivamente, se tornar sócios/acionistas de uma empresa de capital aberto, ou seja, listada n Bolsa. Alguns conceitos de capital aberto devem ser conhecidos para avaliarmos seu valor:
Initial Public Offering (IPO): basicamente, é a oferta primária de ações que é quando a empresa coloca pela primeira vez suas ações na Bolsa de Valores, visando ganhar capital para expandir seus negócios. É apenas no IPO que a empresa consegue de fato dinheiro para financiar suas atividades, já que depois disso as ações vão para o mercado secundário, que envolve apenas a compra e venda de ações entre investidores. É importante frisar que, mesmo que a empresa não ganhe dinheiro com o mercado acionário, ele é de extrema importância para dar liquidez ao mercado de ações como um todo. Um IPO é essencial para o crescimento saudável da economia. O mercado acionário serve como porta de entrada para capital em empresas que estão crescendo e acelerando seus planos de investimento.
Previdência Privada
Entre outros investimentos explicados ao leitor, como CDB, Tesouro, imóveis, fundos imobiliários, criptomoedas e outros, está a Previdência Privada, que tem conotação direta com a aposentadoria. Existem dois tipos de Previdência:
Plano Gerador de Benefícios (PGBL). O PGBL é um tipo de previdência mais indicado para aqueles que já fazem a declaração de Imposto de Renda Pessoa Física (IRPF) pelo modelo completo, pois com ele poderá ser feita a dedução de até 12% de sua base tributável. Assim, é só calcular o valor de sua renda bruta anual, aplicar 12% e você terá o valor ideal que deve ser aplicado para que, além de contribuir com sua aposentadoria, possa pagar menos imposto no curto prazo.
Plano de Vida Garantidor de Benefício Livre (VGBL). Este não permite que seja feito tal abatimento, porém, é mais indicado para quem pensa no longo prazo, já que ao final do plano existe a necessidade de pagamento do IRPF somente sobre os valores auferidos, diferentemente do PGBL, que paga o imposto sobre o montante total investido.
Atenção com a taxa de carregamento. Em teoria, é um percentual que incide sobre todas as contribuições pagas em uma Previdência e tem como objetivo atender despesas administrativas e a colocação do plano. No fundo, ela é uma besteira, afinal de contas, a taxa de administração remunera todas as partes necessárias. Sendo assim, todos os planos bons têm taxa de 0% ou índices muito baixos. Se você paga taxa alta de carregamento, saiba que é por falta de informação.
PILAR 3 – GANHAR MAIS
Um trabalhador que corre o dia inteiro para colocar sacos pesados de lixo dentro de um caminhão, faça chuva ou faça sol, com certeza se esforça muito mais que a maioria das pessoas. Mas ele é premiado por isso? Não. Um funcionário de empresa que sempre chega no horário, cumpre o que lhe pedem, é amistoso com os colegas e não reclama, além de ser reconhecidamente “esforçado”, será reconhecido? Se ele estiver trazendo mais dinheiro para a empresa, sim, caso contrário, na visão do chefe, ele não fez nada além do que estava previsto em seu contrato de trabalho.
Não, isso não é desmerecer trabalhos de natureza mais simples e que também são necessários. Mas em prol da riqueza, temos de ser realistas e não suavizar o entendimento sobre produtividade, geração de valor, lucratividade e performance. O que se propõe é a mudança de mindset, o entendimento real da engrenagem que nos faz ganhar mais dinheiro. E nesse trajeto, não podemos cair na falácia de que todo esforço é premiado.
O esforço pelo esforço não gera riqueza. O que gera riqueza é o mérito. Com base nessa sabedoria, entendemos por que muita gente, mesmo repleta das melhores intenções, afirma que a meritocracia é um mecanismo injusto, pois ela não avalia as condições sociais preexistentes e o esforço de cada indivíduo para atingir determinado resultado, seja bom ou fraco. Mas não somos nós quem determina quem será o maior merecedor das coisas. Quem faz isso é o mercado, e ele só olha para resultados, não para o caminho trilhado.
Entendendo essa engrenagem que rege os negócios, você começará a deixar a ingenuidade de lado e entender que seu foco, para ganhar mais deve ser sempre o resultado. Se você agrega valor e dá mais resultado que outros, empresas vão disputá-lo e, consequentemente, poderão lhe pagar mais.
Sua vida, sua marca
Somos influenciados por marcas a todo momento. Do refrigerante que escolhemos no mercado ao tênis de corrida, da escolha da pasta dental ao pão de forma. As marcas, em curtíssimo tempo, denotam atributos e convencem consumidores de que são melhores que seus concorrentes. No ativo da cada marca, em inglês branding equity, estão depositados itens como o conhecimento de seu nome, a lealdade de seus consumidores, a qualidade percebida e as associações positivas que clientes fazem àquele produto ou serviço.
A estratégia de construção de marca sempre gerou sólidos resultados para as empresas de bens de consumo. Valendo-se disso, teóricos do mundo corporativo começaram a detectar que quem construía uma boa marca pessoal em torno de atitudes e resultados tinha acesso às melhores oportunidades de trabalho e ganhos maiores. O que essas pessoas fazem, mesmo inconscientemente, é a chamada criação do personal branding, uma espécie de marca pessoal que as distancia do padrão médio encontrado em seu ambiente de trabalho e as faz serem mais requisitadas. Como consequência, quem trabalha bem seu personal branding sempre consegue ganhar mais.
Para entender como anda sua marca pessoal, alguns exercícios simples podem trazer respostas. Como proposto por Tom Peters em um dos primeiros artigos do mundo sobre o tema, publicado pela revista Fast Company em 1997, um bom começo é pensar como se fosse o gerente de uma das suas marcas favoritas. Pergunte a si mesmo, refletindo sobre seus talentos e habilidades, as mesmas perguntas que gerentes de marcas como Nike, Coca-Cola ou Nature fazem: o que meu produto tem que o torna diferente?
Depois de refletir, escreva sua resposta em até quinze palavras. Leia o resultado, pense mais e, outra vez, olhe de novo para ele e faça os ajustes finais. Se o que estiver escrito ali não saltar aos seus olhos, não demonstrar nenhum diferencial competitivo ou, no pior cenário, não o fisgar logo de cara, existe coisa a ser melhorada, se você quer ganhar mais dinheiro.
Peters prossegue e ensina que primeiro devemos identificar o que nos diferencia de colegas. O que você fez ultimamente, nesta semana, que o torna melhor do que os outros? O que seus chefes e colegas de trabalho falam de você reflete a sua maior força? Outra estratégia simples é pedir que familiares e colegas de trabalho o descrevam com apenas uma palavra. Peça sinceridade e não leve para o lado pessoal. Ao se dar conta de como sua imagem, sua marca pessoal, é projetada, seus problemas de conhecimento técnico, gestão e até mesmo de personalidade ficam mais claros. O valor que você emite e propaga para quem está à sua volta será sempre determinante na possibilidade de que você ganhe mais dinheiro. Se você não agrega valor percebido para sua empresa, para os negócios ou para quem está ao seu lado, menores serão suas chances de ter aliados dispostos a lhe darem mais oportunidades ou comprarem mais de seus serviços.
Resenha: Rogério H. Jönck
Imagens: Reprodução e Ubnsplash
Ficha técnica:
Título: Do mil ao milhão, sem cortar o cafezinho
Autor: Thiago Nigro Primeira edição: Editora Harper Collins
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