Do ovo de soja ao hambúrguer com células-tronco
Imagine-se comendo um delicioso bife de Kobe, só que sem a necessidade de abater o preciosíssimo gado japonês, que produz as carnes mais caras do mundo. Esse paradigma digno de ficção científica começa agora a ser quebrado: a grande novidade no mundo da proteína animal é o surgimento de empresas que estão desenvolvendo alimentos por meio de células-tronco.
Um dos destaques desse movimento “Lab to table” é a americana Just, que se especializou em colocar no mercado inovações voltadas à alimentação sustentável. Com um portfólio de produtos fabricados à base de planta – como ovo de soja – a companhia tem como foco de atuação a sustentabilidade na produção de alimentos visando reduzir os males à camada de ozônio causados pelo modelo tradicional envolvendo o abate do animal. Segundo estudo da Universidade de Oxford, o desenvolvimento de carne sintética por meio de células-tronco emite 96% menos gases de efeito estufa do que a carne tradicional, e usa de 82% a 96% menos água do que o sistema tradicional.
O conceito revolucionário da companhia fez com que seu valor de mercado, que nasceu com um aporte de capital-semente de US$ 500 mil em 2011, superasse a marca de US$ 1 bilhão. “Nossa missão é ajudar todos a comer bem e não há como fazer isso sem ignorar o problema da sustentabilidade na produção de carne e frutos do mar. É por isso que no ano passado começamos a trabalhar na criação de carne sustentável a partir de células”, explica Josh Tetrick, co-fundador e CEO da Just, que diz apenas que o início de sua comercialização será “em breve”. A base do projeto utiliza o conteúdo genético das vacas produzidas pela família Taoryiama, um lenda no Japão.
Produzir carne sintética emite 96% menos gases de efeito estufa, diz a Universidade de Oxford
Enquanto essa inovação não chega ao mercado, a empresa expande seus produtos fabricados à base de plantas ao redor do mundo. Atualmente, o portfólio da Just já é comercializado na América do Norte, Cingapura, Macau e Hong Kong, e em breve estará na China. “Estamos começando a assinar acordos com parceiros em outras partes do mundo para levar nossos produtos a consumidores na Ásia, Europa e América do Sul”, diz Tetrick.
LAB TO TABLE
Quem: Just.
Onde: San Francisco (EUA).
O que: Startup de alimentos à base de plantas e células-tronco.
Funcionários: 120 (52 em P&D).
Investimento: US$ 220 milhões.
Valor de mercado: US$ 1 bilhão.
Texto: Fábio Vieira
Foto: Divulgação
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