Estacionamento abraça a economia compartilhada
Desde o fim de janeiro, quem circula pelas ruas de Vitória (ES) pode contar com mais uma opção de transporte: o tuk-tuk, uma espécie de triciclo elétrico. Trata-se de uma nova parceria entre Uber e Movida em resposta a uma mudança no comportamento dos brasileiros que passaram a utilizar opções variadas para se locomover, além do carro próprio. Considerando as líderes 99 e Uber, são mais de 40 milhões de brasileiros que utilizam esses serviços.
Na semana passada, a Kantar divulgou um estudo sobre o futuro da mobilidade envolvendo as grandes cidades ao redor do planeta. De acordo com a empresa, 2030 será o ponto de mudança global da mobilidade sustentável nas maiores cidades do mundo. O estudo Mobility Futures prevê que somente a cidade de São Paulo deverá registrar uma queda de 28% no uso de carros nos próximos 10 anos.
Uma das consequências do cenário que se desenha se dá nos estacionamentos. Levantamento da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas, a Fipe, feito a pedido da 99, aponta que só as viagens realizadas pela companhia liberaram 78 mil vagas de estacionamento em São Paulo por dia. É um movimento que não dá para ignorar.
Entre os três maiores players deste mercado, com um faturamento de R$ 400 milhões de reais, responsável pela administração de 100 mil vagas, 180 estacionamentos em 36 cidades do país, a PareBem já entendeu o recado.
“Estamos ampliando o número de parcerias e customizando os serviços de acordo com o público e a sua demanda. Por isso também estamos muito focados em dados, para entender melhor o nosso consumidor. É um caminho sem volta”, diz Marcelo Nunes, CEO do grupo.
VOLVO ELÉTRICO
De olho no aumento de vendas de carros elétricos (até outubro de 2019, mais de seis mil carros híbridos e elétricos foram vendidos no mercado nacional por 14 montadoras), a PareBem fechou uma parceria com a Volvo Car Brasil, no final de 2019, para instalar 200 eletropostos destinados a carros híbridos e elétricos plug-in. O projeto será concluído em 2020 e os carregadores estarão presentes em mais de 100 operações da PareBem.
Já em 2018, a empresa ensaiava este movimento ao instalar no Aeroporto de Curitiba dois eletropostos. A energia usada para carregar os veículos é gerada de maneira sustentável através de placas solares instaladas na cobertura do estacionamento. São 1200 placas que geram energia limpa para todo o local e contribuem para redução de energia e emissão de CO2.
Há outras parcerias que estão em fase inicial de implementação ou negociação. Uma delas é com a startup Loggi, que aluga espaço em um dos estacionamentos do grupo para seus contêineres, em São Paulo.
Uma segunda operação já está sendo negociada com a last mile da startup, área que cuida de toda a estrutura da última etapa de uma entrega.
Na PUC-RS, outras novidades estão em andamento. Parte do estacionamento deve abrigar pop-up stores de bebidas, comidas e gadgets, além de lounges para facilitar o embarque e desembarque de serviços de aplicativo.
Já no Rio de Janeiro, a PareBem está viabilizando a instalação das chamadas dark kitchens, um modelo de negócios baseado em cozinhas dedicadas apenas a produção e entrega de refeições. Segundo dados de pesquisa da Abrasel (Associação Brasileira de Bares e Restaurantes), esse negócio movimenta R$ 11 bilhões por ano, sendo que 12% dos business de comida são dedicados exclusivamente às entregas.
JORNADA DO CONSUMIDOR
Toda a plataforma da PareBem é tageada. Isso quer dizer que é possível compreender, a partir da análise dos dados capturados, a jornada do usuário. A partir daí, é possível fazer campanhas de fidelização, por exemplo. Ao usar os dados do consumidor, o check-in deixa de ser apenas um acesso para se tornar uma porta de entrada, como explica Marcelo. “Quanto mais eu souber, melhor poderei impactar meu cliente com outros serviços. Já na cancela, eu posso oferecer um voucher de desconto em seu restaurante preferido”.
Sobre a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), que cria um marco legal para a proteção de informações pessoais, Marcelo explica que há um time formado por profissionais das áreas de TI, Legal e Operações que está debruçado sobre o assunto, de forma a garantir que os dados capturados sejam usado em concordância com a lei. “Estamos preocupados que o consumidor tenha seus dados preservados, mas que o acesso aos dados seja usado para reverter em benefícios aos usuários dos nossos serviços”, diz.
Texto: Luana Dalmolin
Imagens: Divulgação | Reprodução
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