“Estamos saindo da gestão da doença e indo para a gestão da saúde”
Fomentar, investir e implementar soluções inovadoras já não são mais prerrogativas apenas de startups. Inteligência Artificial (IA) e digitalização se fazem importantes também na medicina. Recentemente, a Siemens Healthineers e o Instituto de Radiologia (InRad) do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HCFMUSP) inauguraram o In.Lab, espaço pensado para criação de projetos de IA voltados ao setor da saúde, e destinado a parceiros, startups e desenvolvedores.
“Tem tanta coisa para ser feita e não vai sair de uma pessoa ou de um grupo, é uma construção. Eventualmente serão várias empresas construindo soluções e compondo toda essa experiência do paciente”, diz Armando Lopes, Diretor Geral da Siemens Healthineers no Brasil, em entrevista ao Experience Club.
Apesar de ter sido inaugurado recentemente, em setembro de 2020, o In.Lab já tem projetos em estágio avançado. Segundo Lopes, as pesquisas e soluções desenvolvidas no espaço vão focar em três pilares: Gestão de Saúde Populacional, Melhor Experiência do Paciente e Medicina de Precisão.
Um desses projetos em andamento é o AI-Rad Companion, primeiro assistente de software baseado em IA voltado para a radiologia. O software é capaz de identificar órgãos e alterações relevantes para doenças e tem sido uma importante ferramenta para ajudar no diagnóstico de Covid-19. Além do Hospital das Clínicas da FMUSP, o projeto teve a participação de um consórcio formado por mais de 30 instituições espalhadas pelo Brasil. “Nós já analisamos mais de 18 mil imagens e 70% com confirmação de altíssima acurácia para Covid-19”, conta Lopes.
A possibilidade de interpretar e cruzar dados de pacientes dá mais suporte à decisão clínica. Através de inteligência artificial é possível prover insights para tornar a decisão do médico mais rápida e mais segura.
“Os dados, com ferramentas de IA, trazem insights das possíveis alternativas de tratamento. Cada vez mais falamos em cidadão e não em paciente, saindo da gestão da doença e indo para a gestão da saúde.”
Medicina 4.0
Além de beber na fonte da nova economia, a medicina tem buscado novos modelos e soluções também na economia tradicional. Para Lopes, o conceito de Gêmeo Digital – ou Digital Twin, em inglês – não é mais só uma suposição quando se fala do paciente. “Imagina ter um gêmeo digital com todos os dados, desde o dia que nasce, e, conforme a gente vai crescendo, esse gêmeo vai acompanhando. Isso vai permitir uma certa predição de doenças e definir que tratamento é melhor para cada pessoa”.
Esse tipo de revolução na medicina pretende não só aumentar a longevidade, mas também a qualidade de vida. “Quem viver 150 anos, com a velocidade como as coisas estão mudando, provavelmente vai viver vários ciclos ao longo da sua vida e isso vai se refletir na saúde. A gente quer viver mais e bem, não prorrogando a vida com tratamentos que possam trazer mais sofrimento”, opina Lopes.
Para que essa transformação seja possível, é preciso encarar a tecnologia como investimento e esperar que seus retornos sejam muito além do financeiro. “Pessoas vivendo melhor, também trabalham melhor, se ausentam menos do trabalho, são mais felizes, ou seja, toda essa conta do impacto que a tecnologia tem nesse espectro mais amplo é importante”, pondera Lopes.
Por isso, a Siemens Healthineers investiu cerca de R$ 2 milhões no In.Lab. “O projeto é a concretização local de uma visão que a Siemens Healthineers vem desenvolvendo e que enxerga na Inteligência Artificial e na digitalização uma forma de ampliar o acesso à saúde, além de conectar especialistas do mundo todo e compartilhar conhecimento em toda a cadeia”, finaliza Lopes.
Texto: Juliana Destro
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