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Experiência do colaborador é o novo território das startups

O engajamento dos funcionários nos Estados Unidos gira em torno de 34%, segundo o Gallup, apontando uma evolução em relação a pesquisas anteriores. O aparente sinal de progresso trouxe à tona um outro questionamento: há realmente motivos para celebrar quando dois terços da força de trabalho não está envolvida, comprometida e satisfeita?

Funcionários engajados são mais felizes e, consequentemente, mais produtivos. Para trazer os talentos para seu lado, o RH passou a direcionar muita energia e investimento sobre o EX (Employee Experience). Um conceito que pode ser visto como um paralelo do CX (Customer Experience). Ou seja: levar para o cliente interno a mesma atenção, cuidado e experiências oferecidas ao cliente externo.

Como manter o engajamento em alta tornou-se um terreno fértil para startups que conseguem gerar escala em soluções criativas, práticas e de custo atraente para as grandes empresas. Transformar o EX em oportunidade de negócio foi um dos temas debatidos por jovens empreendedores da tecnologia no Fórum RH Club, realizado em 10 e 11 de junho pelo Experience Club no Sofitel Guarujá Jequitimar.

“Nunca se investiu tanto na experiência do consumidor. As organizações não competem mais só em produtos e serviços, mas no Customer Experience. Da mesma forma, o Employee Experience ganha força nas organizações ao colocar o colaborador no centro e influencia todas as métricas como cultura e liderança, três vezes mais importantes que o salário”, alerta Fred Lacerda, CEO e cofundador da Pin People.

Essas medidas se fazem necessárias quando se percebe que, no próximo ano, cinco diferentes gerações conviverão dentro do mesmo escritório. Embora cada um tenha uma demanda, no final do dia o que todos querem é respeito, incentivo e um ambiente que ajude o trabalho a fluir, sem burocracias e nem estresse.

Essa soma de experiências positivas que o funcionário viverá desde seu primeiro dia de trabalho fez surgir uma série de ferramentas e startups que visam facilitar a vida dos gestores de RH e, ao mesmo tempo, assegurar que a mão de obra passe a vivenciar uma jornada agradável. E sim experiências desenvolvidas sob medida para ela.

Um exemplo de software de gestão que nasceu para ajudar a desenhar jornadas customizadas para os funcionários é o Pin People EX Management, que tem várias funções. Ele ajuda desde a obtenção de insights em tempo real sobre experiência e engajamento dos colaboradores, descobrindo exatamente onde focar para melhorar a sua experiência e performance, até monitorar o eNPS (employee Net Promoter Score) da empresa, identificando o que influencia promotores X detratores e como aumentar a lealdade dos colaboradores.

Canal do colaborador

Outro exemplo de negócio que ganhou corpo ao mirar o engajamento desse público é a Netshow.me, que fornece soluções completas de vídeos online incluindo plataformas de vídeo e serviços de transmissão ao vivo. “Nossa proposta é que o colaborador seja o agente de transformação”, afirma Rafael Belmonte, cofundador da Netshow.me.

Para Belmonte, não existe processo de transformação digital sem transformação cultural. As grandes mudanças, explica, acontecem de dentro para fora. “A Blockbuster tinha tudo para ser a Netflix. Só querer olhar para o mercado, muitas vezes te deixa cego.”

O mesmo equívoco pode voltar a se repetir em empresas cuja liderança não estiver preparada para propagar o amadurecimento do mindset. “A agenda de inovação tem que fazer parte da agenda de todas as áreas e lideranças”, alerta.

Belmonte também aconselha que os líderes revisitem as ferramentas tecnológicas em uso, muitas vezes boas para resolver problemas do passado, mas não necessariamente do futuro. “A gente vê um engessamento da operação em virtude da manutenção das ferramentas que a empresa ainda usa. Identificar quais delas são o gargalo dos processos é fundamental.”

Um tema em constante debate é o das empresas cujas estruturas ainda são completamente hierarquizadas. Um desafio na hora de engajar colaboradores e incentivá-los a atuar como agentes transformadores. Desta forma, é possível trabalhar em cima dos influenciadores reais das empresas ao invés de perder tempo com os detratores.

Para vender mais

As empresas também não podem se esquecer de cuidar da experiência da Força de Vendas, essencial para o futuro de qualquer negócio. De olho nesse público, a Squad, criada há três anos com Nick Moreira entre os fundadores, já atende clientes como o Grupo Hinode, com 300 mil consultores. “Com o aumento do engajamento, você monetiza o grupo”, conta.

A Squad ajuda as empresas desde a prevenção, ao identificar quando o vendedor não está feliz, até a tomada de decisão. Tudo baseado na coleta e análise de dados de diferentes bases, como ERP, CRM e até mesmo Facebook. A startup quer oferecer um olhar integrado de todo ecossistema para gerar disrupção.

O próximo passo do modelo de negócio da Squad é interconectar as empresas que usam a plataforma, potencializando o investimento de cada uma para uma base maior. Se uma série de vídeos direcionada a vendas no varejo for interessante para o público de uma indústria, por que não “cruzar” esse conhecimento?

“O custo mais alto de um negócio digital é a aquisição de usuários. Dessa forma as empresas podem obter retorno maior sobre o investimento em conteúdo e treinamento com empresas não concorrentes e todo mundo sai ganhando”, destaca Moreira.

Texto: Françoise Terzian

Imagens: Marcos Mesquita/Experience Club e Unsplash

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