Hub português de inovação aberta desembarca em SP
O cena portuguesa de tecnologia e inovação – que vem conquistando papel de grande destaque na Europa nos últimos anos – quer explorar os laços com o Brasil para estender sua influência no país e abrir uma janela de oportunidade no mercado latino-americano. A Beta-i, companhia com sede em Lisboa que impulsiona empreendedores, acelera startups e cria programas de inovação aberta aplicados em dezenas de países, planeja abrir nos próximos três meses um braço de atuação na capital paulista, a primeira operação independente fora de Portugal.
Para a Beta-i, o Brasil é um ecossistema emergente na área de inovação aberta. Programas globais já testados em outros países, que buscam solucionar problemas de grandes corporações por meio da agilidade e expertises de startups de qualquer lugar do mundo, têm grande potencial no mercado nacional.
A proposta de serviços corporativos da Beta-i segue dois modelos principais. O primeiro envolve a inovação interna, revendo processos da empresa e apresentando um guia detalhado de implementação de novos projetos ou negócios. O segundo permite que o cliente se conecte com startups de todo mundo e encerre a imersão com um piloto testado e pronto para rodar.
De acordo com dados da empresa, São Paulo ocupa o 9º lugar no ranking de cidades que mais investem em inovação – é a maior da América Latina. Porém, a cidade não figura na lista de 30 hubs globais na área. “São Paulo tem investimento, talentos, grandes empresas e movimento econômico gigante. Pode ser um hub importante neste setor”, conta Pedro Rocha Vieira, cofundador e CEO da Beta-i.
Vieira apresentou em primeira mão o lançamento do escritório brasileiro durante o Innovation Lab, realizado pelo Experience Club no dia 26 de setembro, no Villaggio JK, em São Paulo.
A proximidade cultural, a língua e a ligação natural entre Brasil e Portugal também foram fatores importantes para a abertura da operação no país. Sem contar o interesse dos brasileiros pelos programas de aceleração de startups desenvolvidos pela Beta-i na Europa – os brasileiros chegam a responder por 10% das candidaturas em programas de investimento da empresa – como o Lisbon Challenge, que capacita empreendedores a reconstruir e repensar seus produtos em até 10 semanas. Mais de 210 startups, de diversos países, já receberem investimentos do programa.
As corporações brasileiras também poderão se beneficiar da experiência da Beta-i em buscar soluções inovadoras em startups de todo mundo. Principalmente para os segmentos de finanças, seguros, energia, mobilidade, varejo, turismo, indústria 4.0, agricultura, logística e economia circular, áreas de maior experiência da organização portuguesa. A Beta-i já desenvolveu programas de inovação para empresas como EDP, Microsoft, L’oreal, Nestlé, Samsung Next, Google, Fosun, Sibs, Deloitte, entre outras.
“O foco dos programas de inovação corporativa é tornar o Brasil e suas startups mais globais, e também trazer o mundo para o Brasil, através de inovação aberta”. [autor]Renata Ramalhosa, cofundadora e CEO da Beta-i Brasil.[/autor]
Não é a primeira vez que a empresa se instala no Brasil. Entre 2011 e 2012, a organização chegou a desembarcar no país, mas era “cedo demais”, de acordo com Vieira. “O Brasil está em um momento de abertura ao mundo, com reformas, e sentimos que há apetite e interesse por inovação. O mercado está em um momento de maturidade, que permite produtos e experiências mais sofisticados”, destaca o CEO.
ORIGEM
Criada em 2009, em um momento de crise em Portugal, a Beta-i surgiu como uma associação de um grupo de empreendedores que queriam criar um movimento de cultura de inovação naquele país. O modelo evoluiu para uma plataforma de apoio a empreendedores, com programas de aceleração e financiamento de startups, promoção de eventos na área e educação – a plataforma é um dos representantes da Singularity University em Portugal, a universidade do Vale do Silício, e referência na área de inovação; o outro é a Universidade Nova, de Lisboa. A assinatura da empresa é “Building the Innovation Ecosystem”.
Os quatro sócios do início viraram sete (dois são brasileiros, Alisson Ávila e André Rabanea), a partir da incorporação da boutique de inovação Couture, em 2018. Com uma equipe de 60 funcionários, em dez anos a Beta-i já acelerou mais de 1000 startups, implementou mais de 200 pilotos entre grandes empresas e startups, realizou cerca de 60 programas de inovação aberta e atendeu mais de 200 clientes corporativos em multinacionais.
No processo de internacionalização, além da operação brasileira que será lançada ainda este ano, conta com joint ventures em Angola, China e na França (onde fará o lançamento de um programa global de economia circular). “Portugal por ser pequeno tem que pensar global”, calcula Vieira.
Texto: Andrea Martins
Imagens: Marcos Mesquita e Reprodução
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