O jeito “Lego” de construir rápido da Brasil ao Cubo
Um hospital com 100 leitos montado em 33 dias. Esse foi o tempo de entrega da obra do anexo do Hospital Municipal M’Boi Mirim, na zona sul da cidade de São Paulo, realizada no início deste ano pela Brasil ao Cubo.
A rapidez foi essencial para reforçar a rede pública de saúde da capital paulista no pior momento da crise da Covid-19 no país. E esse foi o sétimo hospital entregue pela empresa desde o início da pandemia, sendo que cinco deles foram finalizados no ano passado, em apenas 115 dias.
A agilidade na entrega deve-se ao modelo inovador de atuação da Brasil ao Cubo, que industrializou o canteiro de obras, com a fabricação off-site de módulos, e a montagem posterior dos módulos no local da edificação.
Fundada há apenas quatro anos pelo jovem engenheiro civil Ricardo Mateus, a construtec já entregou mais de 150 obras em todas as regiões do país, todas construídas a partir da fábrica em Tubarão, em Santa Catarina.
O sucesso levou a Gerdau a investir R$ 60 milhões na compra de 33% de participação na empresa. O aporte foi realizado em setembro de 2020, após Brasil ao Cubo participar de um programa de aceleração da siderúrgica, no ano anterior.
O dinheiro captado será destinado, principalmente, para a construção de uma nova fábrica na região Sudeste. A iniciativa, prevista para 2022, vai facilitar a logística na entrega das obras e ampliar o potencial da Brasil ao Cubo junto a novos públicos, afirma Mateus.
Com 400 funcionários diretos, a empresa faturou R$ 200 milhões em 2020, e projeta atingir R$ 350 milhões ao fim deste ano.
Além do modelo de atuação, o sucesso da Brasil ao Cubo deve-se à insistência de seu fundador, que foi soldador na empresa de estruturas metálicas do pai onde começou a trabalhar com apenas doze anos.
Nas primeiras tentativas de empreender, Mateus levou a empresa do pai à falência por conta dos investimentos para realizar seu sonho de ter uma construtora baseada na montagem de módulos.
“Há três verbos que são os pilares de atuação da empresa: aprender, ganhar e dividir. Isso sempre esteve muito claro dentro da Brasil ao Cubo e eu sabia desde o início que para multiplicar os ganhos, eu precisava dividir”, conta o fundador da construtech, ao comentar a divisão das participações ao longo dos anos até chegar aos atuais doze sócios.
Segundo Mateus, a estratégia foi necessária para reforçar a companhia com profissionais com expertise em áreas onde tinha dificuldades, como finanças e gestão, além de pessoas com entrada em novos mercados importantes para a Brasil ao Cubo, como São Paulo.
Confira abaixo sete insights da entrevista com o fundador da construtech:
1 – Aprendendo na prática
O sucesso que o empreendedor Ricardo Mateus tem alcançado hoje com a Brasil ao Cubo deve-se muito ao fato de ter trabalhado desde os doze anos na empresa de estrutura metálica de seu pai, onde foi soldador por cerca de dez anos. Ele conta que, nesse período, aprendeu todos os processos dentro da fabricação de estruturas metálicas. Isso o ajudou na mudança de mentalidade para que pudesse desenvolver um projeto voltado a obras mais industrializadas, como é o caso da construtech que fundou.
2 – Erros e acertos
Após falhar nas primeiras obras do novo projeto, Ricardo manteve o sonho de empreender mesmo após os investimentos iniciais que levaram a empresa do pai à falência, em 2015.
Optou por fazer um curso de engenharia de produção e foi onde entendeu que o modelo de negócio que imaginava, com a construção por módulos, só faria sentido se tudo fosse feito em uma única fábrica.
Isso gerou otimização de processos, controle de qualidade, redução de custos e pôs fim a imprevistos que atrapalhavam as atividades, como chuvas.
A primeira venda da empresa aconteceu em 2016. Para capitalizar a empresa, foi vendida também uma participação de 25% no negócio, por R$ 400 mil, para alguns sócios estratégicos que passaram a atuar em áreas como gestão e finanças.
3 – Consolidação dos negócios
Com a estruturação da empresa e a entrada de novos sócios, a Brasil ao Cubo passou a expandir rapidamente as vendas, com entregas rápidas garantidas pelo modelo de atuação inovador.
O método construtivo da empresa pode ser resumido da seguinte forma: a empresa prepara primeiro a fundação da obra. Depois, finaliza com a montagem dos módulos, construídos em paralelo nas linhas de produção do parque fabril, localizado em Tubarão, em Santa Catarina.
Essa característica fez a empresa sair de um faturamento de R$ 6 milhões, em 2018, e atingir R$ 200 milhões, em 2020. A expectativa para este ano é chegar a R$ 350 milhões em vendas.
4 – Rapidez na entrega
Chamado de modularização off-site, o modelo de atuação da Brasil ao Cubo dá agilidade a entrega da obra, sendo pelo menos seis vezes mais rápido do que uma obra tradicional.
Essa rapidez foi essencial para que a empresa participasse da construção de hospitais usados para atender à demanda por leitos de internação durante a pandemia.
No ano passado, foram cinco hospitais permanentes, construídos em apenas 115 dias, nos estados de São Paulo, Rio Grande do Sul e Rondônia, e no Distrito Federal. Neste ano, a empresa construiu mais dois, um deles erguido em apenas 34 dias.
5 – Preço competitivo
Além da agilidade na entrega, o modelo da Brasil ao Cubo é também mais sustentável. Por fabricar de forma centralizada os módulos e otimizar o uso de materiais, o impacto impacto ambiental no local da obra é menor.
Outro benefício essencial, principalmente na construção de prédios comerciais, é a possibilidade do cliente já faturar em poucos meses, o que gera um preço muito mais competitivo em relação a uma obra tradicional.
6 – Aporte da Gerdau
Em 2020, a Brasil ao Cubo recebeu um investimento de R$ 60 milhões da Gerdau, maior produtora de aço do país, pela compra de 33% na participação da companhia.
O aporte ocorreu após a Brasil ao Cubo participar, por meio da Endeavor, de um programa de aceleração chamado Gerdau Builders.
Segundo o sócio-fundador, Ricardo Mateus, o montante será importante para o fluxo de caixa, já que a empresa precisa antecipar recursos para bancar as obras. O valor também vai reforçar o plano de expansão da companhia no mercado brasileiro.
7 – Nova fábrica
O modelo de atuação em que fabrica módulos em único lugar e depois os transporta para montagem no local da obra ajudou a empresa a ampliar rápido o raio de atuação no país, com obras que vão de Porto Alegre (RS) a Porto Velho (RO), passando por São Paulo (SP), Aracaju (SE) e São Luís (MA).
O plano para 2022, entretanto, é ter uma nova fábrica na região Sudeste, para ganhar escala e facilitar a logística para outros mercados brasileiros.
Além disso, a nova unidade reduzirá os custos de matéria-prima e demais produtos utilizados na montagem dos módulos, o que impactará no preço final das obras, ampliando o potencial da empresa de atingir novos públicos consumidores.
Texto: Fabio Vieira
Imagens: reprodução
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