O que aprendi com o ecossistema mais inovador do mundo
Por Ricardo Natale, CEO do Experience Club.
Participar do OurCrowd Summit, evento de inovação realizado em Israel, organizado pelo maior venture capital do país, em plena Terra Santa, foi transformador. Os números do evento em si já impressionam. Foram mais de 23 mil pessoas, de 186 países, incluindo investidores, empresários, executivos e representantes de governos. Decididamente era o lugar para se estar.
O ecossistema de startups do VC é ao mesmo tempo vasto e relevante. Em seu portfólio startups globais que atuam em áreas-chave como cybersecurity, healthtech e agritech, sendo três decacórnios (Check Point, Nice e Mobileye). E os investimentos não param de crescer. Em 2010 foram US$ 2,1 bilhões investidos em startups; já em 2019 foram US$ 8,3 bilhões. Em 2010 foram US$ 2,6 bilhões em exit value ante US$ 21,7 bilhões em 2019. Se em 2013 o VC contava com quase 2,5 mil investidores, em 2019 este número saltou para mais de 42 mil.
Quando olhamos para Israel, vemos um mercado doméstico pequeno e por isso mesmo toda startup já nasce para ser global. Os israelenses pensam em seu país como algo maior que suas startups. E isso serve como um grande exemplo ao Brasil. ⠀
Estamos falando de um país, onde as políticas de incentivo ao empreendedorismo são muito favoráveis aos founders e empreendedores. E isso faz toda a diferença. O que também torna Israel um lugar favorável à inovação é o fato de que as maiores companhias do mundo investem ali, principalmente na área de R&D e cybersecurity.
Mas, sobretudo, trata-se de um país que recebe de braços abertos pessoas de todos os lugares do planeta. Como diz o escritor Saul Singer, autor do bestseller Startup Nation, livro que colocou o país no mapa mundial da economia digital, “nós não queremos que as pessoas façam como Israel, queremos que façam com Israel”.
Separei em cinco frentes o que trouxe desta experiência. Espero que seja proveitoso e que desperte novos insights. ⠀
• Pense além. Pense em uma década. Não adianta criar ou investir em uma startup se não for por muitos e muitos anos. Não é benéfico para o ecossistema ter um investidor com perfil de curto-prazo.
• O mundo precisa de mais incubadoras. É fundamental fomentar o empreendedorismo no early stage. Se uma ideia é barrada em seu início por falta de recursos, perde-se a oportunidade de testar modelos e, deste forma, de vermos negócios disruptivos florescerem. Se investirmos apenas na certeza, quem perde é a Nova Economia.
• Lute contra os grandes desafios. Lute na linha de frente. Ataque os problemas com soluções inovadoras e disruptivas. Como criar mais oportunidades; empreendedores olharem para criar soluções para tornar o mundo melhor e mais inclusivo. Um bom exemplo disso é a OrCam, que criou o My Eye, um dispositivo que usa a visão artificial que permite a pessoas cegas o reconhecimento de pessoas.
• Aumente as suas conexões e conquiste oportunidades com o “network effect”. Com as conexões certas tudo pode ser resolvido mais rápido e de forma inovadora.. A efetividade de tecer redes é o negócio da The Builders, que atua no modelo de Corporate Venture Capital e conta com sponsors de peso como Coca-Cola, Walmart, Mercedes, Boston Consulting Group e Turner. Foi por meio dela que a Turner desenvolveu uma plataforma de engajamento, a Fans League, que no Brasil ganhou a sua versão, o Fanáticos. Mídias como NBA TV e Esporte Interativo adquiriram o produto.
• Salve vidas. Lute contra as doenças ainda sem cura. Invista em medtechs, as empresas de medicina da nova economia. Ne plenária de abertura pudermos ser apresentados a três pacientes que tiveram suas vidas salvas graças à tecnologias desenvolvidas por startups.
• Um menino de três anos de idade, cuja cirurgia para remover um tumor cerebral só foi possível através do treinamento de médicos em uma plataforma de realidade virtual da startup Surgical Theatre.
•Um homem cujos tremores estavam em um estágio tão avançado que o impediam de escrever ou até mesmo de brincar com seus netos viu seu problema erradicado quase literalmente durante apenas uma noite pela terapia de ultrassom direcionada da Insightec.
•Uma mulher de 78 anos de idade cujo carcinoma foi curado usando a revolucionária tecnologia de radiação pontual da Alpha Tau, evitando terapias tradicionais e debilitantes com baixas taxas de sucesso.
O grande desafio no Brasil é que ainda estamos longe de pensar nessas cinco frentes. Mas voltei com uma vontade imensa de estimular as pessoas que estão ao nosso redor para que liderem essas missões. ⠀
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