“Queremos que trocar de imóvel seja quase como trocar de celular”
Ariel Frankel, CEO da Vitacon, afirma que a companhia está usando novas tecnologias, como criptomoedas, blockchain e chashbak token, para acelerar a digitalização e simplificar os processos de aluguel e compra e venda de imóveis
Num mercado tão competitivo e repleto de oferta, como o imobiliário, uma das formas de conquistar clientes passa por conhecer suas dores e criar maneiras de resolvê-las.
A lógica se aplica a outros segmentos, mas como alugar ou comprar um imóvel para morar sempre envolve alguma dose de burocracia e tempo, a Vitacon acredita que esse ponto é ainda mais sensível para seu negócio.
Conhecida por seus prédios compactos e, mais recentemente, por entrar no filão de arenas esportivas, a incorporadora vem, ao longo dos últimos anos, redesenhando, por completo, a jornada de sua clientela.
“Uns três anos antes da pandemia começamos um processo de digitalização bastante forte. Paramos de trabalhar com papel e percebemos que, no nosso modelo de negócio, os clientes aderiram à proposta. Eles já buscavam serviços digitais”, afirma Ariel Frankel, CEO da companhia, em entrevista ao Experience Club.
“A forma de conduzir um negócio, com fechamento de contratos por Zoom, Whatsapp, Teams, por exemplo, se consolidou porque estávamos preparados”, completa.
Entre as principais apostas, no que diz respeito à digitalização, estão a utilização de criptomoedas na aquisição de empreendimentos e um cashback token, um token atrelado ao aluguél de uma loja no condomínio que garante aos donos dos demais imóveis créditos para abatimento no valor do condomínio.
Veja, a seguir, os principais trechos da entrevista:
1 – Blockchain, Cripto e Token – Inovar olhando as dores dos clientes
“Existe um mercado representativo de criptomoedas. Já fizemos vendas aceitando esse tipo de moeda para comercializar os imóveis.”
“Agora, a grande transformação na qual acreditamos é usar o blockchain nas matrículas dos imóveis. Ganha-se tempo, agilidade e segurança, além de baratear o processo, pois não vai precisar passar tudo pelo cartório. Em breve, o mercado terá regulação adequada para esse tipo de operação.”
“Fomos pioneiros em trazer, para um empreendimento no Jardim América, que começa a ser comercializado nos próximos quinze dias, o uso do token. O que fizemos foi destacar um pedaço minoritário do empreendimento, uma loja, e tokenizá-la.”
“Com isso, os moradores do empreendimento passam a receber uma fração desse token, que tem essa loja como lastro imobiliário, cujos aluguéis serão repassados proporcionalmente aos clientes que compraram unidades. É um cashback token para abater o valor do condomínio.”
2 – Projetos flexíveis
“A pandemia nos fez repensar muita coisa. Começamos a fazer apartamentos mais flexíveis e complementares, de diferentes tamanhos. Isso já estava no nosso DNA, mas tivemos necessidade e ousadia para testar.”
“Somos comedidos. Nunca acreditamos que escritórios acabariam de vez e todos trabalhariam de casa. Mas, sem dúvida, algumas barreiras caíram e haverá mais flexibilidade e liberdade nesse sentido, com as pessoas fazendo as coisas de formas diferentes, em horários e padrões distintos.”
“Estamos com um projeto Flex home office. Ele permite a junção de unidades. É adequado àquele cliente que tem dúvidas sobre se compra 40, 60 ou 80 metros. Criamos uma forma que permite que ele possa comprar duas unidades de 40, três de 25, por exemplo. A estrutura, parte elétrica e hidráulica, é pensada levando em consideração isso. Essa é a nossa grande novidade. Lançaremos num projeto na Vila Mariana.”
“Temos parcerias de serviços com Omo Lavanderia, Rappi, iFood, Life Fitness. Estamos a toda hora nos desafiando para ter essa conveniência, dentro dos prédios ou plugada nos empreendimentos. Damos muito foco a isso.”
3 – ESG e transformação do capitalismo
“Com novas formas de consumo e relações sociais, como o Metaverso, devemos ter um capitalismo mais solto e leve. Isso é muito bom e não tem volta.”
“As companhias estão cada vez mais conscientes de que é preciso usar esse caminho para ter coragem e audácia de inovar.”
“A primeira grande virada é que o ESG cravou seu nome nos últimos anos. E, quando isso acontece, conseguimos levar o negócio para outro patamar. Seja porque o cliente começa e exigir ou porque a cultura e a consciência vêm à tona. E pelo próprio mercado de capitais, que estimula e reconhece o valor disso em termos financeiros.”
“Há empresas que saem falando que estão fazendo coisas porque ficaram para trás, e aí surge greenwashing de monte. Ficamos muito felizes, pois nosso modelo está pautado na mobilidade urbana, na simplificação da moradia e em não ter carro, utilizar bike. Essa é nossa essência.”
4 – Novas tecnologias e métodos construtivos
“Do ponto de vista de tecnologias e materiais, existe um padrão, que vem desde lâmpadas LED, banheiros com economia de água, uso de água de chuva, aquecimento solar, carro e bicicleta compartilhada e coworking. Fomos pioneiros nisso e hoje isso ganhou uma relevância muito grande.”
“Há métodos construtivos cada vez mais limpos, que ainda não conseguem entregar barateamento de obra, porém acredito que em pouco tempo isso será possível.”
“O objetivo é ser capaz de praticamente construir um prédio fora do canteiro, de forma limpa, com economia de resíduos, emissão reduzida de gás carbônico. Em breve, devemos ter isso em larga escala na construção.”
5 – Construção de arenas
“Já há algum tempo decidimos fazer menos stand de vendas e mais lojas-conceito. Elas são mais econômicas. Já vínhamos com essa inovação, montado praças, gentilezas urbanas em tapumes para abraçar o bairro das construções. A arena foi uma consequência dessa evolução.”
“Temos uma pegada muito forte de incentivo ao esporte dentro da empresa. Temos parceiros em comum com a Centauro e foi um sonho criar a arena, que é multiuso, com tênis, vôlei, futevôlei, pista de corrida, basquete, yoga, música, lançamento de livro. É uma nova forma de interagir com bairros, clientes e não clientes e tem sido um sucesso.”
“Devemos inaugurar outra arena, com outros esportes e formato, em breve, daqui 30 dias, na Vila Madalena.”
6 – Recompra de imóveis
“Muitas vezes as companhias não enfrentam de frente as dores dos clientes ou porque não querem ou não vislumbram retorno de curto ou médio prazo. Estamos trabalhando há mais de dois anos nessa frente.”
“Isso faz com que o cliente tenha mobilidade e flexibilidade. Trocar de carro é muito fácil. Queremos fazer com que troca de imóvel, seja na compra ou locação, seja simples também. Quase como trocar de celular.”
“Queremos resolver essa dor do cliente nessa pista, cujo retorno, sabemos, é de longo prazo.”
7 – De olho nas construtechs
“Olhamos muito de perto esse mercado. Já temos aquisições, investimentos e desinvestimentos. Além de compras e joint ventures (associações), também temos parcerias estratégicas. Faz parte do negócio ver complementariedade.”
“Em real state, construtechs e proptechs formam um ambiente muito fértil de inovação.”
Fotos: divulgação
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