“Seremos líderes de mercado no Brasil até 2028”, afirma Alexandre Baldy, Head da BYD Auto Brasil

Monica Miglio Pedrosa
Ele iniciou sua carreira como empreendedor, depois se tornou político, passando pela Secretaria de Indústria, Comércio e Serviços de Goiás, pela Câmara dos Deputados, onde se elegeu deputado federal, foi ministro de Estado das Cidades no governo Temer e assumiu a Secretaria de Transportes Metropolitanos do Estado de São Paulo no governo Doria. Mas é no comando da BYD Auto Brasil que Alexandre Baldy tem a chance de liderar o processo de transformação da mobilidade elétrica no país, acelerando a transição sustentável do setor.
Sob sua gestão, a BYD vem crescendo em escala no Brasil. Ele assumiu o cargo em dezembro de 2022 e, desde então, a operação local passou de um faturamento de R$ 88 milhões para a expectativa de faturar R$ 15 bilhões em 2025. Foi justamente graças à experiência adquirida no setor público que Baldy conseguiu destravar uma das negociações mais emblemáticas da BYD no país. Ele articulou a passagem do complexo industrial da antiga Ford, em Camaçari (BA), para a BYD, trocando o investimento previsto de R$ 200 milhões por uma concessão de R$ 650 mil mensais, por 30 anos, vencendo ainda a resistência da montadora norte-americana em repassar a unidade para a fabricante chinesa.
A fábrica, que emprega hoje cerca de dois mil brasileiros, é um dos pilares da estratégia de nacionalização da BYD. A empresa levou 500 profissionais para capacitação na matriz chinesa e o plano de expansão prevê a ampliação da produção de veículos elétricos e híbridos para atender também o hub regional da marca na América do Sul.
O grande destaque é o desenvolvimento do primeiro modelo híbrido plug-in flex-full do Brasil, que combina recarga elétrica e uso de etanol, uma inovação criada especificamente para o mercado nacional. “Investimos R$ 82 milhões no nosso carro flex-full e, mesmo com etanol, ele terá a mesma autonomia de 1.200 Km do híbrido a gasolina”, afirmou Baldy.

A estratégia de crescimento da BYD no país passou também por um trabalho intenso de construção de marca e fortalecimento da rede de distribuição. Ao contrário do mercado chinês, onde a competitividade se apoia principalmente na velocidade de renovação de produtos, o consumidor brasileiro valoriza a marca e encara o automóvel como patrimônio, com o valor de revenda como fator que influencia diretamente a decisão de compra.
Por isso, Baldy convenceu a matriz a investir fortemente em marketing e presença local. Após o lançamento do BYD Dolphin, em julho de 2023, as vendas saltaram de 500 unidades por mês para 6 mil veículos em dezembro, impulsionadas por campanhas online e offline.
Dream Tech
O sucesso das vendas trouxe confiança aos grupos empresariais parceiros e estimulou novos investimentos na rede de concessionárias. Cada loja, projetada para oferecer uma experiência de tecnologia e inovação, exige investimento médio de R$ 6 a R$ 7 milhões. “Nós não fazemos carros, nós vendemos tecnologia. A concessionária BYD tem que ser um ambiente completamente diferente das demais marcas”, afirmou Baldy. “Somos uma Dream Tech”.
Globalmente, a BYD movimenta cerca de US$ 180 bilhões por ano em seus diversos segmentos, fabricando desde 80% dos iPads do mundo até baterias e semicondutores. “A BYD é uma empresa de tecnologia que está se tornando conhecida também pelos carros a passeio e 73% dos componentes do BYD Silk, nosso sedã esportivo, são fabricados internamente”, contou.
Na China, 53% das vendas de carros novos já são de veículos 100% elétricos, devido ao menor custo de manutenção e ao preço mais acessível da energia. Com uma matriz energética majoritariamente limpa, o Brasil reúne condições ideais, na visão de Baldy, para acelerar a transição para a eletrificação.
Desafios na infraestrutura
Hoje, a BYD já figura entre as cinco marcas mais vendidas no varejo nacional e detém cerca de 80% de participação no segmento de elétricos, enquanto expande operações em mercados como Reino Unido, Alemanha, Uruguai e Colômbia. “Acredito fielmente que seremos líderes de mercado no Brasil até 2028”, afirma Baldy, apostando que o avanço da infraestrutura, a produção local e o desenvolvimento de tecnologias híbridas serão os impulsionadores dessa virada.
Mesmo com a expansão acelerada, Baldy reconhece que os gargalos na distribuição e na infraestrutura de recarga ainda são desafios críticos, embora a geração de energia limpa avance rapidamente. “Entre meio-dia e 16h, cerca de 80% da eletricidade consumida no país vem de fontes eólicas e solares”, explicou. Baldy destaca a entrada da Teld, fabricante chinesa que está investindo na instalação de centenas de eletropostos no Brasil, como um dos fatores que devem acelerar o crescimento do mercado. “Nos próximos três anos o carro elétrico deve representar de 20% a 25% do mercado automotivo brasileiro”, afirmou.
Na visão de Baldy, a BYD está muitos passos à frente dos concorrentes. A companhia domina toda a cadeia de tecnologia dos veículos elétricos, da fabricação das baterias e semicondutores aos carregadores super-rápidos, que permitem carga total em até cinco minutos, o que garante maior eficiência e independência de fornecedores externos. “Enquanto outras montadoras estão começando a desenvolver seus carros elétricos, a BYD já está neste mercado desde 2008. A montadora teve a coragem de dar um passo atrás para apostar nos elétricos e é esse protagonismo que vai levar a BYD à liderança global do setor”, finalizou.
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