Startups de Miami captam mais de US$ 1 bi em capital de risco no primeiro trimestre
Impulsionado pela megarodada de US$ 450 milhões, recebida pela criadora do hit NFT Bored Apes Yacht Club, mercado do Sul da Flórida segue no caminho para repetir 2021, um ano de recordes em investimentos
O início de 2022 não está sendo muito impressionante em termos de investimento em startups nos Estados Unidos, de acordo com relatórios de venture capital divulgados recentemente, como o CB Insights e o PitchBook-NVCA Venture Monitor, que apontam um “ajuste” ao longo deste primeiro trimestre, após um 2021 de recordes. Ao todo, o período registrou US$ 70,7 bilhões em rodadas de investimento – no trimestre anterior, o volume foi de US$ 95,4 bilhões.
Contudo, as startups da região de Miami e Fort Lauderdale seguem neste 2022 em um ritmo de atração de capital semelhante ao do ano passado, quando o total de investimentos bateu recorde: US$ 4,6 bilhões. Isso representa mais do que o dobro do registrado em 2020, que foi de US$ 1,92 bilhões. Os dados são do State of Venture, da consultoria CB Insights.
“O começo deste ano mostrou sinais de um esperado ajuste para a indústria de venture capital, no calcanhar de um período de dois anos em que as startups apoiadas por estes recursos serviram como a espinha dorsal da economia dos EUA durante a pandemia global”, disse o presidente e CEO da NVCA, Bobby Franklin, ao Refresh Miami.
Em todo o estado da Flórida, as empresas atraíram US$ 1,54 bilhão em capital de risco, em 139 negócios, de acordo com o Pitchbook. A fatia do sul da Flórida – US$ 1 bilhão, até o momento, em 2022 – representa 74% do valor em dólares e 58% do total de deals.
De todos estes aportes, o mais significativo foi a megarodada de US$ 450 milhões da Yuga Labs, startup que detém algumas das maiores marcas NFT (tokens não fungíveis, na sigla em inglês) do mercado, como o Bored Ape Yacht Club. Desenvolvida na rede Ethereum, a coleção de 10 mil NFTs com imagens de macacos já movimentou mais de US$ 1,4 bilhão em transações entre seus compradores desde abril de 2021, de acordo com o DappRadar.
A Yuga Labs é um fenômeno tão recente quando o próprio NFT. Em pouco mais de um ano de atividade, atraiu uma das maiores rodadas de capital entre as startups do Sul da Flórida nos últimos anos. Em post no Twitter, o investidor Joe Pompliano disse que a Yuga Labs gerou uma receita de US$ 138 milhões, em 2021, com um lucro líquido de US$ 127 milhões. Até janeiro, segundo ele, a empresa contava com apenas 11 funcionários.
“A startup se tornou rapidamente um império de cultura de jogos e entretenimento. Com a adoção da web3 acelerando à velocidade da luz, Yuga está na vanguarda da fusão da cultura e inovação para que todos entrem no metaverso. Vamos ajudar a forjar a próxima fronteira do entretenimento comunitário”, afirmou em comunicado Chris Lyons, sócio a16z Crypto, fundo da Andreessen Horowitz focado em criptonegócios que liderou o aporte.
O novo unicórnio de Miami – agora avaliado em mais de US$ 4 bilhões – planeja usar os fundos para construir um império de mídia em torno das NFTs, começando com jogos e um projeto próprio para o metaverso, que deverá se chamar Otherside. “As possibilidades de impacto do blockchain na cultura são infinitas, e por isso estamos construindo um mundo bonito e interoperável para as pessoas explorarem e brincarem. Há muita coisa por vir”, disse a CEO da Yuga Labs, Nicole Muniz, ao site The Verge.
Fintechs se destacam entre as maiores rodadas
Em segundo lugar na lista de startups que mais captaram recursos no primeiro trimestre está a Finally, uma fintech que desenvolveu um software de backoffice para pequenas e médias empresas (o backoffice é formado pelos departamento administrativos da empresa). Em março passado, a empresa anunciou um investimento de US$ 95 milhões em rodada liderada pela PeakSpan e participação de fundos especializados como Active Capital, 500 FinTech e GTMfund.
Fundada em 2018 por três dominicanos – Felix Rodriguez (CEO), Glennys Rodrigues (COO) e Edwin Mejia (desenvolvimento de negócios) – a startup de Miami vai utilizar os recursos para contratação de funcionários e lançamento de uma plataforma de empréstimo para pequenos negócios via cartão de crédito corporativo.
“Queríamos construir uma plataforma onde um pequeno empresário pudesse, finalmente, encontrar tudo de que precisa em um só lugar – eles não precisam lidar com todas essas ferramentas, aprender todos esses diferentes softwares ou se cadastrar em todos esses fornecedores”, afirmou Rodriguez ao Refresh Miami. Mais de 1.000 empresas utilizam os sistemas da Finally, que administra quase US$ 2 bilhões em transações.
Outra fintech voltada para pequenos negócios, o banco digital Novo, captou um significativo investimento nas primeiras semanas de 2022. Plataforma bancária que oferece serviços digitais e facilitados (abertura de conta em minutos, transações, empréstimos), a startup tem como foco a comunidade de freelancers e microempreendedores – e recebeu uma rodada Série B, de de US$ 90 milhões, para um agressivo plano de crescimento de clientes e serviços. O aporte é liderado pela Stripes e conta com a participação de outros quatro fundos que já haviam investido na rodada anterior, há apenas seis meses. “Estamos competindo com os grandes bancos, que possuem 99% do mercado”, definiu o CEO Michael Rangel.
Outros investimentos em startups do Sul da Flórida em 2022:
- MoonPay (Miami), plataforma de criptomoedas: US$ 87 milhões
- ThriveDX (Coral Gables), edtech: US$ 80 milhões
- Metaversal (Miami), estúdio NFT: US$ 50 milhões
- Torticity (Boca Raton), serviços para indústria jurídica: US$ 37 milhões
- Lendai (Miami), proptech para investidores estrangeiros: US$ 35 milhões
- SmartHop (Miami), app para motoristas de caminhão: US$ 30 milhões
- Digibee (Miami): plataforma de integração low-code: US$ 25 milhões
Fotos: Alejandro Luengo (Unsplash), Shutterstock
Texto: Fabricio Umpierres
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