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Locais de trabalho tóxicos afetam a saúde física e mental dos funcionários e custam caro para as empresas. A alta rotatividade e a baixa produtividade fazem parte da rotina de um ambiente “contaminado”, assim como a conversa ao lado do café ou a fofoca sobre os novatos.
“As consequências de um local de trabalho tóxico podem ser desconfortáveis na melhor das hipóteses e devastadoras na pior, para todos os envolvidos. Este tipo de ambiente custa à organização muito mais dinheiro do que poderia ganhar nas mãos de uma equipe saudável”, comenta a consultora de gestão e estrategista de marca Meghan E. Butler, cofundadora da consultoria norte-americana Frame + Function.
Apesar de tão danoso, este tipo de ambiente é mais comum do que se imagina. De acordo com pesquisa feita pelo Workplace Bullying Institute, em 2017, 1 em cada 5 trabalhadores americano é vítima de bullying e 61% dos funcionários estão cientes da conduta abusiva no local de trabalho.
Nem as empresas mais modernas escapam desta percepção: 52% dos funcionários da área de tecnologia acreditam que seu ambiente de trabalho seja tóxico, de acordo com pesquisa da plataforma Blind, uma comunidade que discute questões de trabalho anonimamente. O levantamento recebeu 9 mil respostas nos Estados Unidos e a Intel liderou o ranking de ambiente insalubre para 48,57% dos funcionários. Amazon teve 46,56% de avaliação negativa e-Bay, 44,55%.
Mas o que é um ambiente tóxico, afinal? Para Raphael Falcão, diretor da Hays Experts RJ & Campinas, empresa global especializada em recrutamento de executivos, existem três indicadores: falta de identificação com um propósito; falta de flexibilidade em relação a horários; e falta de benefício relacionado à qualidade de vida do profissional.
“Ambientes muito hierarquizados, pouca interação entre os profissionais, frequentes atritos são sinais de que algo está errado e a empresa precisa ficar atenta”, destaca Falcão.
Para descontaminar o ambiente corporativo, seguem algumas dicas dos especialistas:
– Reconhecer o problema – É possível curar um ambiente tóxico, mas primeiro é preciso um ato muito corajoso da liderança para reconhecer que ele é, de fato, tóxico. “Os líderes devem assumir sua parte na criação de um local de trabalho negativo e comprometer-se com a organização para mudar”, destaca Meghan Butler. Segundo ela, isso geralmente ocorre após a percepção de que eles estão “sangrando” dinheiro e pessoas e que não terão melhora financeira até conseguirem a mudança organizacional.
– Ter escuta ativa – Após reconhecer o ambiente tóxico e decidir mudar, a liderança deve fazer um tour profundo de escuta de todos os interessados internos e externos, que contribuem ou são impactados pela toxicidade. “Isso geralmente inclui a contratação de uma consultoria externa que não esteja envolvida e seja imparcial. Você não pode mudar o desconhecido”, comenta Meghan.
– Abrir as portas – É essencial diminuir as hierarquias dentro das empresas e criar um ambiente de portas abertas, que propicie a interatividade e a transparência entre os profissionais. “Os líderes comprometidos com a reabilitação de um local de trabalho tóxico mantêm suas equipes informadas sobre o que está acontecendo, quando está acontecendo e o que se espera da força de trabalho. Ninguém gosta de uma surpresa, a menos que seja positiva”, conta a especialista em gestão.
– Tirar o “gesso” – Na Análise de Tendências & Salários do Brasil 2019, a Hays identificou que entre os cinco benefícios mais reconhecidos pelos profissionais estão flexibilidade de horário (72%) e o home office ou trabalho à distância (53%). “Hoje existe uma ligação muito grande entre a vida profissional e pessoal e é essencial que as empresas não sejam tão engessadas em relação a horários, vestuário, já que profissionais querem ser vistos como um indivíduo, não uma marca”, reforça Raphael Falcão.
– Oferecer propósito – É fundamental definir qual o propósito e a cultura da empresa, começando de cima para baixo. “Fazer com que os profissionais realmente entendam o porquê aquele serviço ou produto é feito e comecem a criar conexão e consciência da parte que ocupam e de como isso se reflete para o mundo”, diz Falcão.
Texto: Andrea Martins
Imagem: Reprodução
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