As novas rotas do dinheiro no Vale do Silício
Nos últimos anos, a inovação se espalhou pelo mundo. Surgiram pólos de tecnologia na China, em Israel, em países europeus e na América Latina. O Brasil, sozinho, já conta com mais de uma dezena de unicórnios. Ainda assim, o Vale do Silício, na Califórnia, berço do movimento, continua a ser uma das principais referências do que está por vir por aí quando os assuntos são tecnologias revolucionárias, novos modelos de negócios e comportamento.
Um dos temas mais quentes por lá, em tempos recentes, tem sido a diversidade. Apesar dos escândalos de assédio sexual e do predomínio masculino na região, existe a percepção crescente, suportada por números, de que negócios com mulheres em cargos de liderança são mais sustentáveis e lucrativos. É o que tem levado grandes fundos de investimento, como BlackRock e Goldman Sachs, a assinar compromissos com a inclusão e a diversidade.
Para além das mudanças culturais, há também outros movimentos, como a migração de aportes de corporate venture para startups em fase embrionária; a consolidação de modelos de negócio de sucesso, e o crescimento de soluções relacionadas ao futuro do trabalho, da educação e da saúde, diz a brasileira Bedy Yang. “Tendências que a gente vinha observando aceleraram no contexto da pandemia”, afirma a executiva, que há quase dez anos é sócia-gestora da 500 Startups, um fundo de capital semente do Vale do Silício, com mais de 2 mil empresas investidas, 19 delas hoje avaliadas acima de US$ 1 bilhão. “O que estamos passando acelera essa macrotendência de transformação digital das grandes empresas”.
Experience Club conversou com Bedy para saber mais sobre as tendências no Vale. Confira:
[Assista à entrevista e mergulhe no assunto]
Dez Insights do Venture Capital no Vale do Silício
1. Saúde movida a dados
O atendimento remoto na área de saúde, impulsionado pela pandemia, vem gerando um volume muito grande de dados e levantando questões relacionadas à privacidade na área de medicina. A preocupação das pessoas com seus dados tende a ter implicações sobre o uso da inteligência artificial por empresas do setor.
2. Educação do futuro
A pandemia vem provocando uma forte mudança na forma de distribuição de conteúdo e na forma como as pessoas aprenderem usando a internet. Muitas startups têm apresentado propostas de formatos interessantes para as áreas de educação e trabalho remoto que vão além do Zoom. Usam, em geral, conteúdos mais curtos, com ferramentas que facilitam o engajamento da comunidade. O movimento embalou com a pandemia, mas não deve parar com ela.
3. O novo Supply Chain
Com as pessoas em casa durante a pandemia, e a necessidade de entregas aumentando exponencialmente, ineficiências na cadeias de suprimento voltaram a pauta das grandes empresas, que têm buscado formas inovadoras de lidar com o problema. Startups com soluções interessantes estão atraindo mais recursos dos investidores.
4. Big data e AI:
Big data e AI são tecnologias que continuam em alta e tendem a ganhar novo impulso com o sentido de urgência dado pela pandemia à transformação digital. Com a migração de grandes empresas do analógico para o digital, aumenta o volume de dados disponíveis para análise e ganham importância ferramentas para lidar com eles, bem como a discussão sobre privacidade e segurança das informações.
5. Seed Capital em alta
Grandes empresas têm procurado investir em startups cada vez mais jovens, com tíquetes menores, para poder diversificar mais e não perder boas oportunidades de negócio. A regra é pulverizar cada vez mais o capital e explorar novos nichos de mercado.
6. SaaS é a bola da vez
Com o sucesso de diversas empresas adeptas na bolsa de valores, o software as a service é a grande referência de modelo de negócio para as empresas do Vale do Silício atualmente. Principalmente para plataformas que atendem o mercado corporativo.
7. Pipeline de Fintechs
O segmento de serviços financeiros é um dos destaques em número de novas startups e de casos de sucesso. A lista inclui empresas brasileiras, como PagSeguro, Stone, que abriram capital recentemente na bolsa americana de tecnologia, a Nasdaq. O sucesso das grandes tende a atrair empreendedores jovens para o nicho.
8. Investimento descentralizado:
Há oito anos, 70% das empresas bilionárias eram americanas. Hoje, são menos de 50%. Com isso, cresce entre os investidores a percepção de que as oportunidades nem sempre estão no Vale de Silício. China e Índia são alvos óbvios. Mas o Brasil também está na mira dos investidores.
9. O Brasil no Vale do Silício:
A percepção no Vale do Silício é a de que o mercado de venture capital e os empreendedores brasileiros amadureceram muito. O país, de fato, tem várias empresas de sucesso. A abertura de capital nos EUA ajuda a reforçar a percepção de que investir no país vale a pena. Outros fatores que ajudam são o volume de aportes anuais, que se aproxima dos US$ 4 bilhões, e a densidade de startups.
10. Diversidade e ESGs no primeiro plano
O tema está em quente, e por questões bastante pragmáticas. Existe a percepção crescente, baseada em estudos, de que empresas como mulheres entre os fundadores ou em cargos de alta liderança são mais rentáveis e sustentáveis. Com isso, os grandes investidores estão cobrando dos fundos de investimento que gerenciam seu dinheiro uma postura mais ativa. Grandes fundos, como Black Rock e Goldman Sachs, já assinaram documentos se comprometendo a investir mais na questão ambiental e social.
Texto: Dubes Sônego
Imagens: Reprodução
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