Mercado

Agricultura Regenerativa como motor para mudanças positivas no meio ambiente

Alexandre Carreteiro

Assim como o consumidor, a indústria também está cada vez mais atenta à origem dos alimentos, se envolvendo com produtores e impulsionando a agricultura regenerativa em busca de produtividade e resiliência naquele que é o marco zero da sua cadeia de valor. Costumo dizer que o nosso negócio começa no campo e que precisamos ter um olhar especial para este elo, já que somos uma companhia essencialmente agrícola.

Temos visto que as mudanças climáticas estão gerando fenômenos que afetam a produção agrícola e o dia a dia de milhares de pessoas no país e no mundo. Com o clima cada vez mais instável, os produtores precisam se preparar e se reinventar, tendo a tecnologia e a inovação como aliados preciosos e fundamentais. E é justamente nesse ponto que a indústria pode atuar como um aliado estratégico, em parceria com agricultores, para fomentar uma relação ganha-ganha.

O Brasil é um celeiro para o mundo, temos inúmeras vantagens que nos colocam numa condição bastante competitiva quando falamos de produção agrícola. Soma-se a isso a evolução tecnológica que possibilita monitorar as safras e gerar dados valiosos em tempo real. A partir deste cenário, temos um enorme potencial para avançar no tema da agricultura regenerativa, transformando as práticas de cultivo para além de ampliar a produtividade e rentabilidade, mas também beneficiando o meio ambiente. Sim, a rentabilidade e a preservação podem, e devem, andar juntas, pois somente deste modo conseguiremos produzir mitigando as intempéries climáticas!

Mas, para isso, precisamos trabalhar pela integração entre os setores da economia: produtores rurais, indústrias, varejistas e a sociedade – incluindo, ainda, as instâncias governamentais, de modo que seja possível incentivar projetos de agricultura regenerativa e de melhores práticas socioambientais.

Impactos positivos do campo até o pacote

À frente da PepsiCo Brasil Alimentos pude conhecer alguns produtores rurais parceiros, tendo em vista que compramos anualmente, cerca de 450 mil toneladas de matérias-primas agrícolas ao ano, como batata, coco verde, aveia, milho, amendoim, entre outras. Na cadeia produtiva da batata, por exemplo, conseguimos impulsionar o desenvolvimento de projetos regenerativos no campo, tendo em vista, que somos o maior comprador de batata para chips do país. Assim, temos a possibilidade de impulsionar e escalar melhores práticas. Dentre elas, podemos destacar a redução do uso de água nas lavouras e no beneficiamento da batata; o uso de novas tecnologias, como sensores de solo, mapeamento climático e monitoramento das áreas de cultivo com uso de drones e imagens satelitais. Por meio desse monitoramento, é possível aplicar insumos agrícolas e água na medida certa que os cultivos necessitam, reduzindo custos e preservando o solo e a água. Além disso, temos desenvolvido, ao lado de institutos de pesquisas, como a Embrapa e universidades, projetos voltados à saúde do solo, como o uso de determinadas variedades de plantas de cobertura nas entressafras da batata, que sejam mais eficientes para a recuperação da terra, fazendo um rodízio de cultivo.

Também desenvolvemos novas variedades exclusivas e patenteadas de batata que são mais produtivas no clima brasileiro – o que resulta num cultivo mais eficiente e sustentável. Isto porque desenvolvemos plantas mais resistentes às pragas, que consomem menos insumos agrícolas e água para crescer e que são mais adaptadas ao clima de cada região onde serão plantadas no Brasil. A diferença poderá ser percebida na ponta da cadeia, quando consumimos uma batata chips mais fresca, bonita e crocante.

Também vale reforçar outro, e não menos importante, pilar incentivado pela indústria: o social. Além das práticas no campo, também olhamos para as pessoas que vivem este dia a dia, buscando difundir conhecimento por meio de treinamentos, troca de experiência, segurança e saúde no trabalho e renda justa. Desse modo, a indústria funciona como um hub, reunindo as partes da cadeia produtiva, do campo, passando pelo varejo e pelo consumidor final, até o descarte correto das embalagens no pós-consumo, utilizando sua escala para fomentar e divulgar as melhores práticas.

No Brasil temos diversos bons exemplos sendo implementados e amadurecidos. Mas é necessário alavancar estas iniciativas reforçando a importância da agricultura regenerativa, para que seja valorizada também na gôndola do supermercado, quando cada um de nós escolhe seus alimentos.

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