O líder do futuro será moldado por Inteligência Artificial
Rafael Albuquerque
O termo “boom da inteligência artificial” é curioso. Vira e mexe, o assunto volta a ganhar relevância na sociedade. Não apenas este passa a ser tema recorrente de reportagens e de estudos, como se transforma num assunto debatido até mesmo no happy hour. Não poderia ser diferente no Gartner IT Symposium, evento que acompanhei durante a última semana em Orlando, nos Estados Unidos.
De um lado, vejo os otimistas que enxergam a tecnologia como uma ferramenta revolucionária para o trabalho. De outro, entendo os pessimistas que parecem cada vez mais aflitos com a concorrência da máquina.
Tanto quem enxerga o copo meio cheio como quem o vê meio vazio têm seus motivos. A chegada da inteligência artificial no ambiente corporativo é inevitável. Uma pesquisa recente, apresentada durante a palestra CEO Concerns – The Year of Dynamic Capacity, realizada no summit do Gartner, por exemplo, apontou que mais de 56% dos CEOs pretendem usar IA para reduzir camadas de gestão para aumentar a eficiência e produtividade.
Esse desmantelamento da gestão intermediária vai obrigar a criação de novos trabalhadores. Fica claro para mim que quem não utiliza pouco de sua cabeça nas atividades diárias está mais próximo de ser trocado por um algoritmo. Uma tarefa de baixa complexidade e que exige pouco raciocínio é um prato cheio para uma ferramenta de inteligência artificial.
Mais do que novos trabalhadores, surge aqui também a necessidade da criação de novos líderes. Vale destacar o que disse Jensen Huang, CEO da Nvidia, durante o evento: um líder eficaz é aquele que busca o aprendizado e a adaptação sem se prender a métodos antigos. É cada vez mais necessário ter um olhar sem preconceitos para a inovação.
Liderar envolve antecipar mudanças, entender como as tendências tecnológicas podem impactar o mercado no longo prazo e tomar decisões estratégicas com base no impacto dessas inovações na indústria.
O líder do futuro deverá não apenas superar a máquina, mas saber utilizá-la ao seu favor. Capacidade dinâmica é a chave. A colaboração entre humanos e robôs vai permitir que as empresas cresçam mais rapidamente. Quem não fizer isso, vai ficar para trás.
Vale lembrar que mais de 68% dos CEOs já estão desenvolvendo estratégias para integrar inteligência artificial no local de trabalho, segundo os dados apresentados na CEO Concerns.
Neste sentido, o conselho geral parece ser: experimentar. Tente. Arrisque. Adote uma cultura onde os erros não são vistos como pecados capitais. Abrace as oportunidades de aprendizado e desenvolva líderes que permitam que suas equipes, eventualmente, cometam esses erros. É errando que se aprende, já diria um velho ditado.
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