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A psicologia financeira

Lições atemporais sobre fortuna, ganância e felicidade 

Ideias centrais: 

1 – O truque para lidar com o fracasso é organizar a vida financeira de forma que um mau investimento aqui e uma meta financeira não alcançada ali não tirem você do campo, podendo continuar jogando até a maré estar a seu favor. 

2 – Sob a mentalidade de sobrevivência, é preciso dar atenção à matemática da composição. A composição só funciona se você puder dar anos a um ativo para que ele cresça. É como plantar um carvalho: com um ano cresce pouco, mas com dez ou cinquenta, tem potente copa. 

3 – A margem para imprevistos permite que você sobreviva a uma série de resultados possíveis, e a sobrevivência permite que você continue no jogo por tempo suficiente até tirar proveito de um resultado de baixa probabilidade.

4 – As bolhas, como a bolha imobiliária de meados dos anos 2000, se formam quando o embalo dos retornos atrai dinheiro suficiente para que o perfil dos investidores mude, deixando de ser uma maioria de longo prazo para ser uma maioria de curto prazo.

5 – Menos ego, mais fortuna. Guardar dinheiro tem a ver com a lacuna entre seu ego e a sua renda, e fortuna é aquilo que não se vê. Uma fortuna se cria suprimindo o que poderia comprar hoje para ter mais coisas, mais opções no futuro. 

Sobre o autor: 

Morgan Housel é sócio do The Collaborative Fund e ex-colunista da The Motley Fool Stock Advisor e do Wall Street Journal. Ele é vencedor de dois Best Business Award da Society of American Business Editors and Writers and Financial Journalism. 

Ronald Read passou 25 anos consertando carros em um posto de gasolina e 17 anos varrendo o chão em uma filial da JCPenny, uma rede de lojas de departamentos. Tinha apenas o curso médio. Aos 38 anos, comprou uma casa de dois quartos por US$ 12 mil, e viveu nela pelo resto da vida. Ficou viúvo aos 50 e não voltou a se casar. Um amigo contou que o principal hobby de Read era cortar lenha. Read morreu em 2014, aos 92 anos. Foi quando o humilde faxineiro da zona rural ganhou as manchetes do mundo inteiro. 

Ao todo, 2.813.503 americanos morreram em 2014. Menos de 4 mil tinham um patrimônio líquido de mais de US$ 8 milhões quando faleceram. Ronald Read era um deles. 

No testamento, o ex-faxineiro deixou US$ 2 milhões para os enteados e mais de US$ 6 milhões para o hospital e para a biblioteca da cidade. Como conseguira tanto dinheiro? Nada de bilhetes de loteria ou herança. Read guardou o pouco que podia e investiu em ações “blue chips”, ou seja, ações de primeira linha. Em seguida, passou décadas esperando aquele pequeno investimento inicial render e alcançar US$ 8 milhões. 

Poucos meses antes da morte de Ronald Read, um homem de nome Richard Fuscone também chamara a atenção dos jornais. Fuscone era tudo que Ronald Read não era. Fuscone, um executivo do banco Merrill Lynch formado em Harvard e com pós-graduação, teve uma carreira tão bem-sucedida no mercado financeiro que se aposentou aos 40 anos e se tornou filantropo. 

Mas eis que tudo veio abaixo. 

Em meados dos anos 2000, Fuscone fez um grande empréstimo para expandir uma mansão de mais de 1,5 mil metros quadrados em Greenwich, Connecticut. Os custos de manutenção eram superiores a US$ 90 mil por mês. Então veio a crise financeira de 2008. O dinheiro de Fuscone virou pó. Dívidas altas e ativos sem liquidez o levaram à falência. A mansão foi para o espaço. 

O fato de que Ronald Read e Richard Fuscone possam coexistir tem duas explicações possíveis. Uma diz que os resultados financeiros são orientados pela sorte, independentemente de inteligência e esforço. Isso é verdade até certo ponto. A outra (que acredito ser mais comum) diz que que o sucesso financeiro não é uma habilidade técnica. É uma habilidade pessoal, na qual o seu comportamento é mais importante do que o conhecimento.

Eu chamo essa habilidade pessoal de psicologia financeira. O objetivo deste livro é contar pequenos casos para convencer você de que as habilidades pessoais são mais importantes que o lado técnico do capital. 

Nada é tão bom nem tão ruim quanto parece 

Benjamin Graham é tido como um dos maiores investidores de todos os tempos, pai do conceito de investimento em valor e mentor de Warren Buffett. No entanto, a maior parte do sucesso de Benjamin Graham nos investimentos se deveu à posse de uma enorme fatia das ações da seguradora americana GEICO, o que, como o próprio Graham admitiu, quebrava todas as regras de diversificação que ele havia estabelecido nos seus escritos. Nesse caso, onde ficava a linha tênue que separa ousadia de imprudência? Não sei responder. Graham escreveu sobre sua bonança com as ações da GEICO. “Um golpe de sorte ou uma decisão extremamente perspicaz – é possível diferenciar uma coisa da outra?” Não é nada fácil. 

Ao procurar por padrões gerais de sucesso e fracasso, você vai se aproximar mais de ações que podem ser postas em prática. Quanto mais difundido este padrão, mais aplicável ele pode ser à sua vida. Tentar imitar o êxito dos investimentos de Warren Buffett é difícil, porque os resultados são tão extremos que o papel da sorte no desempenho da vida dele é provavelmente muito alto, e sorte não é uma coisa que pode ser reproduzida de forma confiável. Mas perceber, como veremos mais à frente, que as pessoas que têm controle sobre o próprio tempo tendem a ser mais felizes é uma observação ampla e comum com a qual você pode fazer algo de útil. 

O truque para lidar com o fracasso é organizar a vida financeira de forma que um mau investimento aqui e uma meta financeira não alcançada ali não tirem você de campo, de modo a poder continuar jogando até que os números voltem a estar a seu favor. 

Porém, o mais importante é que, para além de reconhecer o papel que a sorte desempenha em relação ao sucesso o papel representado pelo risco significa que devemos nos perdoar e deixar um espaço para a compreensão ao julgar os fracassos. 

Lições de um determinado campo de estudo muitas vezes podem nos ensinar algo importante sobre campos não relacionados. Vejamos a história das eras glaciais, que compreende bilhões de anos, para entender o que as eras nos ensinam sobre como fazer o seu dinheiro se multiplicar. 

O incrível é que algo tome tamanha proporção a partir de uma mudança relativamente pequena nas condições climáticas. Você começa com uma fina camada de neve que sobrou de um verão mais fresco com o qual ninguém se importaria, e então, em um pisar de olhos em termos geológicos, a Terra inteira está coberta por uma camada de gelo de quilômetros de espessura. 

A grande lição da era do gelo é que você não precisa de uma força fora do comum para criar resultados fora do comum. Se algo começa a se compor – se um pequeno crescimento serve como combustível para o crescimento futuro –, uma base inicial pode levar a resultados tão extraordinários que parecem desafiar lógica. Esse desafio à lógica pode ser tão forte que você passa a subestimar o que é possível no fim das contas, de onde vem o crescimento e até onde ele pode levar. 

Buffett começou a investir com seriedade aos 10 anos de idade. Aos 30, tinha um patrimônio líquido de US$ 1 milhão, ou US$ 9,3 milhões em valores de hoje, corrigidos pela inflação. Mas se se ele fosse uma pessoa mais comum, passando a adolescência e seus 20 anos explorando o mundo em busca de suas paixões, e aos 30 seu patrimônio líquido fosse de, digamos, US$ 25 mil? 

E digamos que, mesmo assim, ele tivesse tido os retornos extraordinários que consegue gerar (22% ao ano) nos seus investimentos, mas tivesse parado de investir e se aposentado aos 60, para jogar golfe e passar mais tempo com os netos. 

Qual seria uma estimativa aproximada de seu patrimônio líquido hoje? Não, não seria de US$ 84,5 bilhões. 

Seria de US$ 11,9 milhões. Ou seja, 99,9% menos do que o patrimônio líquido real dele. Em termos práticos, todo o sucesso monetário de Warren Buffett pode ser vinculado à base financeira que ele construiu na adolescência e à longevidade que ele manteve durante a terceira idade. Sua habilidade é saber investir, mas seu segredo é o tempo. É assim que a composição funciona. 

Um bom investimento não tem a ver necessariamente com tomar boas decisões, mas, sim, com ser consistente em não errar. 

O capitalismo é selvagem. Mas isso acontece, em parte, porque saber ganhar dinheiro e saber mantê-lo são duas competências distintas. 

Ganhar dinheiro requer correr riscos, ser otimista, se expor. 

Mas manter o dinheiro requer o oposto de correr riscos. Requer humildade e o medo de que o que você conquistou possa ser tirado de você com a mesma rapidez. Requer frugalidade e a aceitação do fato de que pelo menos parte do que você conquistou pode ser atribuído à sorte; logo, não se pode confiar que os sucessos passados vão se repetir para sempre. 

Existem duas razões pelas quais a mentalidade de sobrevivência é tão importante na relação com as finanças. A primeira é óbvia: poucos ganhos são tão grandes a ponto de valer a pena se desgastar com eles. A outra, como vimos, é a matemática contraintuitiva da composição. A composição só funciona se você puder dar anos a um ativo para que ele cresça. É como plantar um carvalho: um ano não trará muito progresso, dez podem fazer uma diferença significativa e cinquenta são capazes de criar algo extraordinário. 

Sabemos que Buffett usou várias estratégias. Mas é importante se debruçar sobre o que ele não faz. 

Ele não se atolou em dívidas. 

Ele não entrou em pânico e vendeu tudo em nenhuma das catorze recessões que atravessou. 

Ele não dependia de dinheiro de terceiros (administrar investimentos por meio de uma empresa de capital aberto significa que os investidores não podem retirar seu capital). 

Ele não manchou sua reputação empresarial. 

No entanto, se esse dinheiro impedir que você tenha que vender suas ações durante uma baixa, o verdadeiro retorno que você teve com ele não é de 1% ao ano – pode ser bem maior porque evitar a venda desesperada e inoportuna de ações pode fazer mais pelos seus retornos ao longo do tempo do que comprar uma dezena de ações de momento. 

Ter o controle do próprio tempo é o maior dividendo que o dinheiro pode pagar. 

O psicólogo Angus Campbell trabalhou na Universidade de Michigan. Ele queria saber o que deixava as pessoas felizes. Seu livro, The Sense of Wellbeing in America, publicado em 1981, começa afirmando que as pessoas, em geral, eram mais felizes do que a maioria dos psicólogos presumia. No entanto, algumas estavam se saindo melhor do que outras nisso. E o que as diferenciava não era obrigatoriamente o nível de renda, o local em que moravam ou o grau de instrução, porque muita gente em cada uma dessas categorias era cronicamente infeliz. 

O grande valor intrínseco do dinheiro – e nunca é demais repetir isso – é a capacidade que ele nos dá de termos controle sobre o nosso tempo. A capacidade de obter, pouco a pouco, um nível de independência e de autonomia que vem de ativos não gastos e que nos proporcionam maior controle sobre o que e quando podemos fazer. 

Um pouco de riqueza a mais significa poder esperar por uma boa vaga de emprego após uma demissão, em vez de ter que aceitar a primeira que aparecer. Isso pode mudar uma vida. 

Em seu livro 30 Lessons for Living, o gerontologista Karl Pillemer entrevistou mil idosos nos EUA em busca das lições mais importantes de suas experiências de décadas. O que eles valorizavam eram coisas como boas amizades, fazer parte de algo maior e passar tempo com os filhos. “Seus filhos não querem o seu dinheiro (ou o que o seu dinheiro compra), eles querem você. Mais especificamente, eles querem que você esteja om eles”, escreveu Pillemer. 

Gastar dinheiro para mostrar às pessoas quanto dinheiro você tem é a forma mais rápida de ter menos dinheiro. 

Eu me lembro de um sujeito que vou chamar de Roger. Ele tinha mais ou menos a minha idade. Eu não fazia ideia de qual era o seu trabalho. Mas ele dirigia um Porsche, o que era suficiente para que as pessoas tirassem as próprias conclusões. Então, um dia, Roger chegou dirigindo um Honda velho. O mesmo se deu na semana seguinte, e na outra. “O que aconteceu com o Porsche?”, perguntei. Ele respondeu que o veículo fora tomado por falta de pagamentos das prestações. Ele respondeu como se estivesse passando para a próxima jogada do jogo. Los Angeles tem um monte de Rogers. 

Riqueza tem a ver com um rendimento atual. Provavelmente alguém que dirige um carro de R$ 100 mil é rico, porque mesmo que a pessoa tenha financiado o veículo, é preciso um certo nível de rendimentos para pagar as prestações. A mesma coisa vale para quem mora em casas enormes. 

Já a fortuna é algo escondido. É receita não gasta. É a opção, ainda não posta em prática, de comprar alguma coisa. O valor dela reside em proporcionar opção, flexibilidade e crescimento para que, um dia, você possa comprar mais coisas do que é capaz hoje.

 

Buscar ser mais razoável funciona melhor do que tentar ser friamente racional. 

O objetivo de um médico não é apenas curar doenças. É curar doenças dentro dos limites do que é razoável para o paciente. A febre pode ter benefícios secundários no combate às infecções, mas provoca dor. E eu vou ao médico para parar de sentir dor. Não me importo com estudos duplos-cegos quando estou com calafrios mesmo debaixo do cobertor. Se existe um comprimido capaz de fazer a febre parar, eu quero tomá-lo naquele instante.  

Pode ser racional querer ter febre se você está com uma infecção. Mas não é razoável. Essa filosofia – almejar ser razoável, em vez de racional – deveria ser cogitada por mais pessoas que precisa tomar decisões relacionadas ao dinheiro. 

As pesquisas acadêmicas na área financeira se dedicam à busca pelas estratégias de investimento ideais em termos matemáticos. A minha tese é de que, no mundo real, as pessoas não querem estratégias matematicamente ideais. Elas querem estratégias que melhorem a sensação de bem-estar à noite, quando botam a cabeça no travesseiro. Harry Markowitz ganhou o Prêmio Nobel de Economia por explorar a relação matemática entre risco e retorno. Ele minimizava seu arrependimento no futuro, dividindo seus investimentos meio a meio “entre títulos e ações”. 

A arte mais importante de um plano é ter um plano para quando o plano não estiver saindo de acordo com o plano. 

O sistema de contagem de cartas do blackjack funciona porque faz com que as probabilidades pendam um pouco mais a favor do jogador do que da casa. Contudo, mesmo quando os números parecem estar a seu favor, se você apostar demais e errar pode acabar perdendo tanto dinheiro que não haverá mais o suficiente para continuar na mesa. 

Benjamin Graham ficou famoso por seu conceito de margem de segurança. Ele escreveu sobre isso de modo amplo, e em detalhes matemáticos. Mas meu resumo preferido da teoria dele, que ele mesmo citou em uma entrevista, é o seguinte: “O objetivo da margem de segurança é fazer com que a previsão não seja necessária.”  

A margem de segurança – um outro nome para a margem para imprevistos – é a única forma eficaz de navegar com segurança num universo governado pela probabilidade e não pela certeza. E quase tudo relacionado ao dinheiro está dentro desse universo. 

A margem para imprevistos permite que você sobreviva a uma série de resultados possíveis, e a sobrevivência permite que você continue no jogo por tempo suficiente até tirar proveito de um resultado de baixa probabilidade. Os maiores ganhos ocorrem com pouca frequência, seja porque não acontecem sempre, seja porque precisam de tempo para crescer. 

Cuidado com as dicas financeiras de pessoas que jogam um jogo diferente do seu. 

O estouro da bolha das pontocom no início dos anos 2000 reduziu a riqueza das famílias em US$ 6,2 trilhões. O estouro da bolha imobiliária tirou mais de US$ 8 trilhões. 

É difícil descrever o quanto as bolhas financeiras podem ser devastadoras em termos sociais. Eles acabam com vidas inteiras. Por que estas coisas acontecem? E por que continua acontecendo? Por que não aprendemos a lição? 

Parte da razão pela qual é difícil aprender com as bolhas é que elas não são como um tumor, em que basta uma biópsia para termos um diagnóstico preciso. Elas são mais próximas da ascensão e da queda de um partido político, em que o resultado só é visto em retrospectiva, mas não há consenso no que diz respeito à causas e à culpa.

Acredito que jamais seremos capazes de explicar integralmente por que as bolhas ocorrem. É como perguntar por que as guerras ocorrem – quase sempre existem inúmeros motivos, muitos conflitantes, todos controversos. 

Mas gostaria de propor uma explicação para elas que passa despercebida e se aplica a você: ingenuamente, investidores, muitas vezes, aceitam sugestões de outros investidores que estão jogando um jogo diferente. 

Você é um day trader? Então, o preço inteligente a pagar é “qualquer um”, porque está apenas tentando ganhar algum dinheiro com aquilo que acontece entre agora e a hora do almoço, o que pode ser feito a qualquer preço. 

Uma regra de ouro das finanças é que o dinheiro persegue ao máximo os lucros. Se um ativo pega embalo – vem subindo de forma consistente há algum tempo –, não é loucura que um grupo de traders de curto prazo presuma que ele continuará a subir. Não indefinidamente, apenas pelo curto período que eles precisam. Esse embalo atrai um volume razoável de investidores de curto prazo. 

E é aí que a coisa dispara. As bolhas se formam quando o embalo dos retornos atrai dinheiro suficiente para que o perfil dos investidores mude, deixando de ser uma maioria de longo prazo e passando para uma maioria de curto prazo.

A mesma coisa aconteceu durante a bolha imobiliária de meados dos anos 2000. É difícil ver sentido em pagar US$ 700 mil por uma casa de dois quartos na Flórida para formar a sua família pelos próximos dez anos. Mas faz todo o sentido se você planeja revender a casa dali a alguns meses, num mercado com preços em alta, para ganhar um lucro rápido. Era exatamente isso que muitas estavam fazendo durante a bolha. 

Talvez você não tivesse percebido que os traders que definiam o custo marginal da ação estavam jogando um jogo diferente do seu. Sessenta dólares por ação [da Cisco] era um preço razoável para os traders, porque eles planejavam revendê-la antes do fim do dia, quando o preço, provavelmente, estaria maior. Mas sessenta dólares era um desastre para você, porque você planejava manter aquelas ações no longo prazo. 

Eis algumas lições curtas e práticas que podem ajudar você a tomar decisões financeiras melhores: 

1 – Faça um esforço para ser humilde quando as coisas estiverem indo bem e para se perdoar quando estiverem indo mal. Porque nada é tão bom nem tão ruim quanto parece. O mundo é grande e complexo. Sorte e risco são coisas reais e difíceis de identificar. Lembre-se disso ao julgar a si mesmo e aos outros. Respeite o poder da sorte e do risco e você terá maiores chances de se concentrar em coisas que realmente estão sob o teu controle. Você também terá maiores chances de encontrar os exemplos certos a seguir. 

2 – Menos ego, mais fortuna. Guardar dinheiro tem a ver com a lacuna entre o seu ego e a sua renda, e fortuna é aquilo que você não vê. Portanto, uma fortuna se cria suprimindo o que você poderia comprar hoje para ter mais coisas ou mais opções no futuro. Não importa o quanto você ganha, jamais conseguirá construir uma fortuna se não for capaz de limitar seus gastos hoje, agora. 

3 – Se você deseja se tornar um investidor melhor, a coisa mais poderosa que pode fazer é aumentar seu horizonte de tempo. O tempo é a força mais poderosa nos investimentos. Faz os capitais pequenos crescerem e os erros maiores desaparecerem. Ele não tem como neutralizar a sorte e o risco, mas encaminha os resultados para mais próximo daquilo que as pessoas merecem. 

4 – Use o dinheiro para ter controle sobre o seu tempo, porque não ter controle sobre seu tempo é um empecilho universal, e muito forte, para a felicidade. A capacidade de fazer o que quiser, quando quiser, com quem quiser, por quanto tempo quiser, paga o maior dividendo que existe em finanças. 

5 – Seja legal e ostente menos. Ninguém fica tão impressionado com as suas posses quanto você. Você pode achar que quer um carro de luxo ou um relógio caro. Mas o que você provavelmente deseja é respeito e admiração. E é mais provável que conquiste essas coisas por meio da bondade e da humildade do que com motores potentes e metais preciosos. 

6 – Faça da margem para imprevistos algo sagrado. A distância entre o que pode ser que aconteça no futuro e o que você precisa que aconteça no futuro para tudo dar certo é o que lhe dá perseverança, e a perseverança é o que faz com que a mágica da composição opere ao longo do tempo. Muitas vezes a margem para imprevistos parece uma atitude conservadora, porém, se ela mantém você no jogo, ela pode se pagar repetidas vezes. 

7 – Defina qual jogo você está jogando, e certifique-se de que as suas atitudes não sejam influenciadas por pessoas que jogam um jogo diferente.  

Após esses conceitos ou modos gerais que, na minha opinião, devem ser observados no manejo do dinheiro, também falo da psicologia das minhas finanças pessoais. 

Charlie Munger, disse uma vez: “Não queria ficar rico. Queria apenas ser independente. Podemos deixar a riqueza de lado, mas a independência sempre foi o meu objetivo financeiro pessoal. Correr atrás dos maiores retornos ou alavancar meus ativos para viver uma vida mais luxuosa não me desperta interesse. As duas coisas parecem jogos que as pessoas fazem para impressionar seus amigos, e ambas têm riscos ocultos. Na maioria das vezes, só quero acordar todos os dias sabendo que eu e a minha família podemos fazer o que quisermos em nossos próprios termos. 

Estamos tão comprometidos com o plano de independência que fizemos coisas que fazem pouco sentido na teoria. Somos proprietários de uma casa que não está hipotecada, o que é a pior decisão financeira que já tomamos, mas a melhor decisão relacionada a dinheiro que já tomamos. As taxas de juros das hipotecas eram absurdamente baixas quando compramos a nossa casa. Qualquer consultor racional recomendaria aproveitar o dinheiro barato e investir a economia extra em ativos de maior retorno, como ações. Mas nosso objetivo não é ser friamente racionais, apenas psicologicamente razoáveis. 

Ao longo dos anos, cheguei à conclusão de que teríamos grandes chances de atingir todas as metas financeiras de nossa família se investíssemos de forma consistente em um índice de baixo custo por décadas a fio, deixando o dinheiro em paz para que a composição continuasse. Muito dessa visão vem do nosso estilo de vida frugal. Se você tem como atingir todas as suas metas sem precisar correr o risco extra de tentar superar o mercado, então por que tentar superá-lo. Posso me dar ao luxo de não ser o maior investidor do mundo, mas não posso me dar ao luxo de ser o pior. Quando vejo as coisas dessa forma, a opção por comprar o índice e mantê-lo se torna óbvia para nós. 

Resenha: Rogério H. Jönck 

Fotos: Damir Spanic, Mathieu Stern, Towfiqu barbhuiya / Unsplash

Lembrete 

Não importa o quanto economizemos ou invistamos, tenho certeza de que a independência será sempre um objetivo e de que vamos fazer sempre o que nos ajuda a dormir em paz à noite. 

Ficha técnica

Título: A psicologia financeira – Lições atemporais sobre fortuna, ganância e felicidade 

Título original: The Psychologie of Money 

Autor: Morgan Housel 

Primeira edição: Harper Collins 

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