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As 8 lições que tirei do Fórum RH Club

Por Ricardo Natale, CEO do Experience Club

Por muito tempo, nós, empresários e executivos, acreditamos que recrutar bons talentos e ter uma gestão de pessoas eficiente se resumiam a tarefas necessárias para o cumprimento dos resultados da empresa. O problema é que os modelos sobre os quais estruturamos nossos negócios já não estão dando conta da complexidade da concorrência, em uma economia cada vez mais digital e de mudanças aceleradas.

A imensa quantidade de ideias e insights que tivemos a oportunidade de apresentar durante o Fórum RH Club me deu a certeza de que, por mais que se fale da importância da tecnologia, não serão as máquinas a desvendar os modelos do futuro. São as pessoas que irão ocupar o centro do negócio e cabe ao líder de RH fazer parte da tomada de decisões.

Nosso fórum realizado em 10 e 11 de junho proporcionou, sem dúvida, um banho de inspiração aos quase 150 gestores e diretores de recursos humanos de grandes empresas reunidos no Sofitel Guarujá Jequitimar.

Uma jornada muito forte de conteúdo com 15 speakers de alto nível, entre atrações internacionais, estudiosos do futuro, grandes nomes do mercado brasileiro e jovens que estão produzindo alto impacto com startups plugadas no universo do RH.

Todos nós aprendemos muita coisa que não caberia neste espaço, por isso divido aqui uma síntese com minhas 8 lições do Fórum RH Club 2019:

1-Tudo é data e digital, mas continua sendo humano. Em um caso quase único de VP de RH que se tornou Chief Digital Officer do GPA, Antonio Salvador apontou em sua apresentação que a expressão “pra mim” havia aumentado em 40% nas buscas do Google nos últimos anos. Por isso todo o seu aprendizado na gestão dos colaboradores era agora útil para transformar o modelo do varejo, que já entrou com os dois pés na era da personalização. Dominar os dados será default, enquanto o verdadeiro talento estará em como encantar o cliente nas lojas físicas em simbiose com o digital.

2-Temos que continuar falando sobre propósito. Um dos profissionais mais experientes do mercado, Mario Kaphan, fundador da Vagas.com, destacou como as pessoas continuam perseguindo, sim, um objetivo maior no trabalho. Os profissionais capazes de mudar o rumo do seu negócio não vão comprar o seu sonho se ele não tiver um valor intangível potente e verdadeiro.

3-A liderança é reflexo das experiências pessoais. O mundo corporativo ainda peca por avaliar competências como elemento essencial à liderança. Em uma palestra em defesa da pluralidade para a formação de líderes globais, Christhoper McCormick, vice-presidente executivo da EF Education First, destacou como capacidade de adaptação e flexibilidade vem da vivência de cada um: origem, viagens, relacionamentos, entre tantos valores que, segundo ele “carimbam o passaporte das nossas vidas”. É por isso que os programas de formação das empresas devem valorizar a inteligência emocional sobre o treinamento tradicional.

4-A gente também aprende (e muito) no trabalho. Conrado Schlochauer, fundador da Teya e uma das maiores referências em educação corporativa no país, aponta que ainda persiste uma visão antiga sobre os programas de treinamento.

Para a maioria das empresas, seus colaboradores só “aprendem” fora do horário de trabalho, em uma sala de aula ou em um programa de ensino à distância.

Formação técnica continua sendo importante, mas o ensino continuado deve ser feito no próprio ambiente do trabalho, provocando curiosidade e espírito colaborativo para a solução de problemas.

5-O líder de RH precisa fazer parte da decisão estratégica. Como bem destacou Luís Gustavo Lima, sócio da Ace Startups, uma das mais bem-sucedidas aceleradoras do mercado brasileiro, os colaboradores se tornaram a chave para identificar e implementar novos modelos de negócio. É por isso que o lugar do gestor de recursos humanos é ao lado do CEO com participação decisiva nas decisões críticas de investimentos. Dar suporte operacional, reter e atrair talentos não é mais suficiente.

6- Menos “junk food”, menos “junk job”. Com base nos resultados provocadores de uma pesquisa exclusiva, Soraya Bahde, diretora de Gente e Inovação da Alelo, enfatizou que o consumidor está cada vez mais crítico e essa tendência não tem volta. O consumo consciente, que valoriza questões éticas e ambientais, está se tornando uma barreira de contenção ao consumismo desenfreado das últimas décadas. Só que o mesmo vale para dentro de casa. Assim como não querem comprar, os jovens que entram no mercado serão cada vez mais criteriosos com o perfil das empresas onde irão trabalhar.

7-Não existe empresa “não tecnológica”. Nem colaborador. Sempre levando o debate para um nível mais alto, o futurista Tiago Mattos, da Aerolito, insistiu em sua palestra que a tecnologia deixou de ser um segmento de mercado, com impacto direto na expectativa dos colaboradores.

Ninguém mais quer trabalhar em uma empresa que pratica os mesmos modelos lineares da era industrial.

Menos hierarquia, mais colaboração e visão interdisciplinar, com espaço para criação e inovação, é o que os melhores profissionais esperam do trabalho. 

8-Chegou a Era da Hiperinteligência. Falando sobre o impacto da inteligência artificial sobre o mundo do trabalho e a economia, o renomado estudioso do futuro Gil Giardelli destacou que os países mais desenvolvidos estão perto do pleno emprego. Não é a tecnologia que ameaça as pessoas, mas a falta de educação. Mais que isso, estamos vivendo a fusão de humanas, exatas e biológicas e um fluxo de hiperinteligência, no qual a emoção e a ética humanas serão o propulsor da nossa evolução como espécie.

Como Tiago Mattos gosta de destacar: chegou a hora de aprender, reaprender, desaprender e aprender de novo. Você está preparado?

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