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Como reumanizar o ambiente corporativo

Um levantamento realizado pela Universidade de Groningen, na Holanda, revelou que o brasileiro trabalha, em média, 1.711 horas por ano. O número se aproxima da média de 1.748 horas trabalhadas em países integrantes da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), que reúne as nações com maiores economias e melhores IDHs do planeta. 

Em São Paulo, a maior metrópole do país, trabalha-se ainda mais: uma média de 1.818 horas anuais, segundo o estudo “Preços e Rendimentos”, do banco suíço UBS, feito em 2015. E no Rio de Janeiro, ainda com base na pesquisa do banco UBS, a média é praticamente a mesma que a de países da OCDE: 1.745 horas.

A tecnologia e, sobretudo os aplicativos de mensagens, tornaram mais fácil que, em muitas ocasiões, o expediente se estenda para casa, em conversas no celular. Por isso, tornou-se ainda mais importante para profissionais em cargos de chefia reumanizar o ambiente de trabalho.

A coach norte-americana Melody Wilding – nacionalmente reconhecida nos Estados Unidos por seus projetos relacionados à psicologia do trabalho e inteligência emocional – ressalta que líderes devem utilizar a psicologia positiva para motivar a equipe para criar um clima corporativo mais inspirador e menos cansativo e individualista.

“O comportamento de ‘workaholic’ e a infelicidade andam de mãos dadas. Quando você age com base no medo, é impossível desfrutar do que está fazendo, quanto mais ser um colega de trabalho despreocupado. Por outro lado, pesquisas mostram que ambientes de trabalho felizes são marcados por: missões motivadoras, metas claras, cooperação e colaboração em torno de objetivos comuns, comunicação aberta, respeito e compreensão, e espaço para experimentação” explica Melody em artigo no site Medium.

Confira as recomendações da coach e de especialistas na área para líderes de equipes, sobre como reumanizar o ambiente no trabalho.

Aceite possibilidades de fracasso

De acordo com Melody, a filosofia pragmática de trabalhar tendo apenas o êxito como a única possibilidade aceitável, num ambiente sem qualquer descontração, traz cada vez mais frustrações. No portal Bussiness Insider, Sara Blakely, fundadora da marca de lingerie Spanx e nomeada pela Revista Forbes a mais jovem bilionária empreendedora, revelou que passou a ver com naturalidade a possibilidade de fracassar, pela educação que recebeu de seu pai. “O real fracasso, para mim, virou sinônimo de não tentar, em vez do resultado de uma investida.”

Não se sobrecarregue, nem a sua equipe

Caso o chefe seja workaholic, a tendência é que sua equipe siga seu estilo, trabalhando cada vez mais, resultando em fadiga, ansiedade, pouca produtividade e insatisfação. A empresária Amy Rees Anderson, em artigo no portal da Revista Forbes, citou um estudo de 2014 da plataforma Keas.com, que mostra que 77% dos colaboradores apresentaram sintomas físicos de estresse decorrentes da relação com chefes ruins, e 60% dos funcionários que convivem com líderes que não se preocupam em comunicar-se de forma eficiente têm mais chances de sofrerem problemas cardíacos. Desta forma, quem está nos cargos de comando deve ficar atento em relação ao próprio descanso e ao tempo para lazer, e fazer o mesmo em relação ao seu time.

Use o reconhecimento como forma de motivação

“Humanos anseiam pelo reconhecimento e validação de seu trabalho. E a falta de elogios e reconhecimento deixa as pessoas com medo”, destaca a coach Melody Wilding. A consultoria Gallup afirma que reconhecer o trabalho de um funcionário em um ambiente corporativo estimulante e motivador não só aumenta o engajamento individual dos colaboradores, mas também melhora a e produtividade de todo o time. Isso porque, ao ver um colega de trabalho sendo reconhecido, a tendência é que seus pares adotem o mesmo comportamento em busca da sensação semelhante de realização.

Organize-se com planejamento, elencando prioridades

Planejar-se, manter a calma e elencar prioridades faz parte dos atributos de um líder para enfrentar fases adversas. Tanto em dias de longas horas-extras, quanto em épocas de crises econômicas e incertezas, cabe ao chefe estabelecer um planejamento estratégico para enfrentar a situação e acalmar seus subordinados. A coach recomenda os seguintes passos, baseados em uma metodologia científica denominada Woop desenvolvida por professores de psicologia da Universidade de Nova York: defina seus objetivos, imagine o melhor resultado possível, identifique quais são os obstáculos, e estabeleça um plano e a melhor forma de realizá-lo. Por fim, o método ressalta que é importante não concentrar toda a carga emocional apenas no trabalho, separando o tempo para o corpo e para a mente em outras áreas. Essa medida trará maior foco para que o plano seja executado.

Divida tarefas

Por fim, cabe ao executivo que se encontra na chefia, realizar uma divisão racional de tarefas, de modo que, em casos de jornada estendida, somente os membros da equipe que participem ativamente de determinada tarefa estejam presentes para realizá-la. Assim, os demais colaboradores podem ser liberados e ter mais tempo livre para aproveitar da melhor maneira que desejarem.

Texto: Andrea Martins

Imagem: Reprodução

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