Como vai ser a sua filial em marte?
Neste início de 2019, a missão espacial chinesa conseguiu com sucesso dar vida a brotos de algodão e cana-de-açúcar no lado escuro da Lua. Estudos da Nasa apontam que a primeira fase de exploração de mineração no espaço tem potencial econômico de US$ 125 bilhões e algumas empresas nos Estados Unidos estão trabalhando em cima de licenças para desenvolver projetos privados em solo Lunar. Enquanto isso, o reality show de maior sucesso na China usa seu imenso deserto central de cenário para uma corrida de terraformação de Marte.
Notícias como essas só poderiam ser vistas em revistas de quadrinhos até pouco tempo atrás, mas começam a se aproximar cada vez mais da realidade. Qual é o ritmo que essas transformações vão tomar daqui por diante? Difícil prever. “Nós já entramos na economia da inteligência artificial”, enfatizou o estudioso do futuro e acadêmico Gil Giardelli, no Fórum RH Club realizado pelo Experience Club em 10 e 11 de junho no Sofitel Guarujá Jequitimar.
Para quem vive com os pés firmes na economia real, o impacto da tecnologia mostra que os modelos de negócios atuais vão derreter cada vez mais rápido e muitas crenças do senso comum começam a ser derrubadas com facilidade. A primeira dela é o impacto da inteligência artificial e da robótica na velocidade do desenvolvimento econômico. “Já pensou como será a filial da sua empresa em Marte?”, provoca Gil.
“Dos 32 países da OCDE, 26 têm a mais baixa taxa de desemprego das últimas décadas e os 13 mais industrializados estão vivendo pleno emprego”. [autor]Gil Giardelli, estudioso sobre o futuro.[/autor]
Em outras palavras, a automação está oferecendo mais oportunidades para seres humanos, que exigem menos esforço repetitivo e mais criatividade. É o princípio da “Economia do Intangível”, em que ideias passam a valer mais que produtos e serviços.
Para Gil, o desafio do Brasil – com seus 13 milhões de desempregados, estagnação econômica e queda de competitividade – está em criar uma matriz de desenvolvimento baseado em inovação e centralizar esforços em educação, o que foi decisivo para o sucesso das economias mais ricas.
“Na Coreia do Sul, já estão introduzindo ao sistema de ensino conceitos como deep learning e data science. O Brasil é o único país entre as grandes economias mundiais que não criou nenhum tipo de disciplina sobre o futuro na universidade”, aponta o especialista.
Mais do que estudar ciências exatas ou tecnologia, Gil acredita que estamos vivendo a era de fusão de todas as disciplinas. Citando o polêmico cientista e ambientalista britânico James Lovelock, formulador da hipótese Gaia (a terra é um organismo vivo e o homem é sua rede neural), o planeta estaria mudando do antropoceno (a era geológica condicionada ao impacto humano na natureza) para uma nova “Era da Hiperinteligência”.
Inteligência artificial, edição genômica, proliferação de humanoides, reconhecimento facial em massa, tudo leva a novos desafios éticas e comportamentais que exigem uma visão mais complexa da sociedade. “Cada vez mais vamos precisar de conhecimentos em ciências humanas, exatas e biológicas”.
Texto: Arnaldo Comin
Imagens: Marcos Mesquita/Experience Club e Steve Burg (ilustração para “The Martian” –Ridley Scott Productions)
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