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Como Wynwood se tornou o epicentro tech em Miami

Bairro referência em arte urbana, galerias e restaurantes descolados atrai startups e eventos do ecossistema de tecnologia

Se Miami tem se destacado como um dos novos destinos de empresas de tecnologia nos Estados Unidos, um bairro da cidade emerge como o lugar mais descolado para abrigar a nova geração de empreendedores. E com um legado de arte. 

Assim como San Francisco, epicentro do Silicon Valley, se vale do histórico artístico e cosmopolita de seu passado hippie, a comunidade tech de Miami encontra em Wynwood sua conexão com a cultura e a arte urbana. 

Há 20 anos, a região – antes conhecida como Little San Juan – era um distrito industrial próximo a comunidades das classes trabalhadoras. Hoje, é um destino que atrai os turistas de todo o mundo que visitam a cidade com suas galerias de arte, antiquários, lojas e restaurantes descolados em meio a startups. 

São dezenas de obras espalhadas pelo bairro, assinadas por mais de 50 artistas de 16 países, dividindo os quarteirões com mais de 400 empresas, que também se abrem à comunidade a cada dois sábados por mês. Como no caso clássico do SoHo, em Nova Iorque, o que antes era uma área comercial decrépita agora se reinventa com uma alma moderna.

Com o crescimento do ecossistema de tecnologia, acelerado com a pandemia, era natural que um ambiente diferenciado atraísse empreendedores e profissionais que buscavam um trabalho remoto ao sol e com ambiente favorável aos empresários, com forte engajamento do governo local. O fácil acesso a regiões como o Design District, Downtown e South Beach, Wynwood se torna também um destino de happy hours regados a trabalho. 

Segundo a pesquisa Startup Genome 2021 Global Startup Ecosystem, que analisou dados de 3 milhões de empresas em todo o mundo, o ecossistema dos condados de Miami-Dade, Broward e Palm Beach está avaliado em US$ 17 bilhões, 61% acima da média global, que é de US$ 10,5 bilhões. Com relação aos investimentos seed capital, as startups locais receberam cerca de US$ 675 mil por deal, enquanto a média mundo afora é de US$ 494 mil. 

Em termos de remuneração, os engenheiros de software que trabalham na Flórida ganham um salário anual de US$ 78.000, bastante superior à média global, de US$42.000, mas bem abaixo do que é pago no Vale do Silício (US$119.000) e Nova York (US$106.000) – mais um motivo para que empresas destes grandes centros olhem com atenção para o emergente mercado de Miami. O estudo aponta também que seis empresas da Flórida já ultrapassaram o valor de mercado de US$ 1 bilhão ou mais na última década – entre elas, a Reef, a Kaseya e a Pipe.

Mas não são apenas as unicórnios que mantém o ecossistema mobilizado. Comunidades como Refresh Miami, fundada em 2006, vem organizando eventos e oferecendo serviços (como anúncios de emprego) e informações do setor em seu site – um papel crucial neste momento de ascensão da onda MiamiTech.

Em Wynwood, uma antiga casa de shows, La Rouge, sediou recentemente o Startup Showdown, uma competição organizada pela Panoramic Ventures, empresa de capital de risco sediada em Atlanta e liderada por investidores veteranos Paul Judge e Mark Buffington, que investe $ 120 mil na empresa vencedora. 

Nesta edição, participaram apenas startups com sede em Miami – mais de 100 empresas se candidataram e seis foram selecionados para o Showdown presencial. “O talento está em todos os lugares, mas a oportunidade não está”, argumenta Judge, sobre a necessidade de promover eventos em uma comunidade tech.

A vencedora foi a Defy Trends, startup fundada por quatro mulheres empreendedoras e que faz a análise de moedas criptográficas utilizando dados em tempo real para dar as melhores informações e insights aos investidores. 

Veterana do mercado tech de Miami, Alie Gonzalez, gerente de serviços da empresa de hardware SparkFun, comenta que a cena tecnológica local nunca se sentiu tão vibrante quanto agora. Em entrevista ao Inside Miami, ela disse: “não preciso mais viajar para São Francisco para conhecer pessoas brilhantes. A vinda de pessoas de fora criou um ambiente acolhedor onde todos estão felizes em se conectar e dispostos a construir o futuro em Miami”.

Texto: Fabricio Umpierres

Fotos: Unsplash

 

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