Inovação

Inteligência humana dá o tom do SXSW 2025

Ricardo Natale_Direto do SXSW 2025

Ricardo Natale

Todo ano, o futuro invade os palcos do SXSW: são centenas de palestras sobre tendências emergentes e o impacto das novas tecnologias na sociedade e como elas vão transformar os negócios e o relacionamento com o consumidor. Mas, em 2025, o tom está diferente. Apesar de toda a conversa sobre inovação continuar acontecendo, o grande recado dos principais keynote speakers deste ano gira em torno de algo muito mais intrínseco a todos nós: a inteligência humana.

Da palestra de abertura da cientista social Kasley Kilam, sobre saúde social, às discussões sobre desenvolvimento mental e bem-estar pessoal e coletivo que permeiam quase todas as apresentações, ficou claro que, em meio à revolução da IA, nossa maior urgência é entender a nós mesmos. Para Kilam, a conexão social é tão importante quanto a saúde física e mental. Ela apresentou um estudo, realizado com 7 mil pessoas, que revelou que pessoas que se sentem desconectadas de outras têm até três vezes mais chances de morrer.

A crise das conexões humanas também marcou a gravação ao vivo do podcast Pivot, onde Scott Galloway, professor de marketing da NYU Stern, e a jornalista Kara Swisher debateram como estamos nos isolando e entregando poder às grandes empresas, deixando que os algoritmos comandem nossas vidas. Essa reflexão foi reforçada por Frank McCourt, fundador do Project Liberty, que disparou: “Nossos dados são coletados e usados de forma exploratória, prejudicando até crianças. A internet se tornou algo que seus próprios criadores nunca quiseram: uma máquina de controle.”

O avanço descontrolado da tecnologia levou Galloway a criticar – e ao mesmo tempo cobrar – ética e responsabilidade dos líderes das big techs. O alerta serve especialmente para as novas gerações: “Os jovens estão sendo convencidos de que podem viver uma vida digital perfeita… o problema é que isso não passa de uma ilusão vendida por algoritmos.”

Retorno à “vida real”

Longe de ser uma condenação à tecnologia, essas reflexões trazem um convite claro, precisamos nos reconectar com a nossa humanidade e usar a tecnologia como ferramenta, potencializando soluções que nos ajudem a resolver os problemas globais.

Um passo já foi dado nessa direção: depois que 24% dos jovens se tornaram clinicamente viciados em redes sociais, governos ao redor do mundo começaram a proibir celulares em escolas, como já acontece no Brasil, na Nova Zelândia e em diversos estados dos EUA. O impacto imediato? O retorno à velha e boa conexão olho no olho no ambiente escolar, aquela que constrói laços e torna as relações mais genuínas e duradouras.

Essa conexão humana sempre foi o que me moveu nesses quase 20 anos à frente do Experience Club, criando experiências e ambientes onde CEOs e lideranças possam se encontrar, construir relações e histórias duradouras. E foi esse mesmo espírito que potencializamos na Missão [EXP + PROS], que, em sua terceira edição, trouxe 110 participantes para vivenciarem juntos o mais relevante e sofisticado festival de inovação do mundo. Porque, no fim das contas, a inovação que realmente importa é aquela que fortalece a nossa humanidade.

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