O novo normal: como conseguir 9 mil notebooks em uma semana?
A adaptação relâmpago à realidade do coronavírus aconteceu relativamente com poucos traumas para a Simpress, empresa líder de mercado na oferta de soluções de outsourcing de impressão. “No fim de semana, viramos o escritório todo e na segunda-feira, 16, mais de 600 colaboradores estavam no home office”, conta o presidente Vittorio Danesi, com a ressalva dos times que trabalham em campo.
O mesmo, porém, não pode ser dito de muitos clientes que se viram com sérios problemas para transformar a empresa em uma operação virtual. Foi no lockdown brasileiro que a Simpress comprovou o valor da virada estratégica que fez em 2018, quando passou a oferecer outsourcing também de hardware e smartphones.
“Tivemos em uma semana a demanda de 9 mil notebooks, mas só conseguimos entregar 3 mil”
Danesi lamentou não conseguir corresponder à expectativa do mercado. “Nós raspamos o estoque e ainda assim deixamos em aberto uma quantidade gigantesca de pedidos”. Com 1200 clientes na carteira, a Simpress fechou contrato com 70 novos na maratona dos últimos dias. Performance que Danesi tem ciência que acontece em uma situação extraordinária.
Os bons resultados não escondem, contudo, a preocupação da companhia com seu negócio principal, que ainda reside no coração das empresas, o escritório. O volume de impressões, que havia caído 33% no início da pandemia, recuou até 60% na semana. Como a Simpress é remunerada por impressão, o tombo tem impacto proporcional no faturamento.
O empreendedor, que há mais de 15 anos desenvolve um modelo pioneiro de serviço dentro do mercado, sabe que a queda também é uma contingência da pandemia e está mais preocupado – para não dizer indignado – com a falta de maturidade que o isolamento da população vem sendo tratado no Brasil, incluindo empresários.
“A questão econômica precisa ser vista a partir de um cenário maior. Não vejo essa preocupação, nem do governo, nem da classe empresarial. Não estamos olhando assunto com a devida seriedade o assunto e estamos nos deixando contaminar pela discussão política e ideológica”, critica.
Sua preocupação está em manter e os colaboradores no campo atendendo os clientes com proteção adequada. No cenário econômico, espera uma ação mais coordenada do governo e mercado para preservar empregos e evitar o colapso das pequenas e médias empresas.
Olhando para o negócio, o desafio da Simpress agora é acertar o modelo de serviço para aproveitar o “novo normal” do mercado, que inevitavelmente migrará para o trabalho em casa. A oportunidade é grande.
“É difícil traçar um cenário muito claro no meio disso tudo, mas soluções para implementação de home office e mais serviços de suporte remoto para os clientes sem dúvida são um caminho”, acredita.
Até lá, o jeito é esperar que a HP, sua fornecedora de notebooks, consiga repor parte dos estoques ainda nos primeiros dias de abril. Porque a demanda ainda não tem data para acabar.
Texto: Arnaldo Comin
Imagens: Reprodução
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