Brasil entra no radar do Venture Capital israelense
Com participação ainda tímida de investimentos em startups em comparação ao resto do mundo, o mercado latino-americano começa a despertar o interesse de grandes hubs de inovação globais. Uma prova deste movimento foi a realização nesta semana, em São Paulo, do evento israelense OurCrowd Sync São Paulo 2019, o primeiro já realizado fora de Jerusalém.
Um dos mais importantes Venture Capitals de Israel, o OurCrowd mobilizou 700 pessoas, entre startups, empreendedores e investidores. A missão do VC, segundo Jon Medved, CEO do OurCrowd, é “fornecer acesso às melhores oportunidades de investimento de risco e permitir que seu ecossistema global suporte o crescimento dessas empresas”. A companhia levantou US$ 1,2 bilhão de um pool de 19 fundos de investimento de 183 países, que apostaram em mais de 170 startups.
O ecossistema de Israel é fértil. Segundo o World Economic Forum é o país mais inovador da atualidade.
O total de capital levantado por companhias de alta tecnologia de Israel em 2017 foi de US$ 5,2 bi. Já em 2018, o montante foi de US$ 6,4 bi. Para 2019, a meta é bater a marca de US$ 8 bi.
A lista de companhias israelenses de tecnologia com valor de mercado a partir de US$ 1 bi é diversificada e representa setores como agtech, biotech, cyber security, fintech, healthtech. No top 10 dos unicórnios está o WeWork, empresa imobiliária que fornece espaços de trabalho compartilhados, avaliada em US$ 47 bi.
O interesse por startups de AI chama a atenção. Israel é top 3 no ranking em número de companhias que atuam neste segmento, com 362, atrás apenas de China e os Estados Unidos. O OurCrowd é um dos investidores mais ativos em Israel, com 26 investimentos iniciais. Se olharmos para o cenário global, o apetite por AI é grande. As empresas de VC investiram US$ 7,6 bilhões na primeira metade deste ano. Somente o Softbank investiu US$ 28 bilhões em 2018 em AI e levantou mais US$ 108 bilhões dedicados à tecnologia.
LATAM E ISRAEL
Os investimentos em Venture Capital na América Latina dobraram pelo segundo ano consecutivo, chegando a pouco menos de US$ 2 bi em 2018, ante US$ 1,1 bi em 2017 e US$ 500 milhões em 2016. A região tem despertado a atenção de novos investidores de peso, como é o caso do fundo japonês SoftBank, que destinou um fundo de VC específico para a região no valor de US$ 5 bilhões. Somente o Brasil movimenta mais da metade do total de investimento realizado em inovação na região, com 55,9% dos deals fechados em 2018, num total de US$1,3 bilhão.
“Nós temos uma aposta de longo prazo na América Latina”, disse André Maciel, managing partner do SoftBank, em apresentação no OurCrowd em São Paulo. O fundo já investiu em alguns dos unicórnios brasileiros e latino–americanos, como é o caso da Creditas, Loggi e Rappi.
Como sublinhou Itzhak Reich, Cônsul para Assuntos Econômicos do Israel Trade & Investment em São Paulo, foi firmado um acordo comercial bilateral entre Israel e o Mercosul. “Estamos criando a infraestrutura para promover comércio e investimentos entre os países”.
Texto: Luana Dalmolin
Imagens: Marcos Mesquita e Unsplash
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